Capitulo 43 Penultimo.

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  Lola

Entravámos no restaurante, bem aconchegante e nada muito caro, eu queria que o Benjamin se sentisse em um ambiente confortável. Viemos em um onde havia outras crianças, até um pequeno espaço para elas.

Nos sentamos e fizemos o pedido, o meu filho estava o tempo todo animado, e tinha muita afinidade com o pai.

— Tio, olha aquele moço, ele está engraçado — mostrou um homem fantasiado que brincava com algumas crianças e riu, Lincoln fez o mesmo. Vi o olhar dele entristecer e quando segui seu olhar, vi uma família entrando pela porta, a mãe se sentou na mesa e o menino estava agarrado ao pai.

— Vamos comer e depois temos uma surpresa pra você — Falei para que ele tirasse o foco daquela família. Ele logo se animou

— Surpresa ?! — Sorriu e juntou as mãozinhas olhando para nós dois.

— Isso mesmo, uma que eu acho que você vai gostar muito — Lincoln sorriu para ele e nosso pedido chegou.

Comemos em silêncio, Lincoln estava sempre trocando olhares comigo. É bem melhor falar a verdade, do que depois se arrepender, Benjamin merece ser feliz e não é o meu orgulho que vai impedir isso, até porque, está estampado na minha testa que eu ainda amo o Lincoln, e aqui, vendo os dois juntinhos, faltando poucos minutos para serem oficialmente pai e filho, eu estou admitindo para mim mesma, que meu coração, o meu corpo e a minha alma, sempre pertencerá a eles.

Isso mesmo, eles. Benjamin é parte da minha carne, e Lincoln, bom, ele é o meu primeiro amor, nunca soube o que é o amor com outra pessoa, se não com ele. Ele me mostrou as melhores e piores partes da vida, me proporcionou sensações que eu nunca imaginei que sentiria na minha vida, eu nunca me senti tão mulher, mesmo sendo tão nova.

Eu estou aqui, eu estou vivendo, eu cresci muito, tive atitude e dei um rumo para a minha vida, e se ele não fosse o amor da minha vida, por que ainda estaria aqui depois de quatro longos anos  ? Por que eu teria concebido dentro do meu ventre, o sangue do sangue dele ? Eu nunca fui do tipo que acreditou em destino, mas tudo isso, seria coincidência demais para uma vida só.

Por que em meio a tantas vítimas daquele grupinho horrendo da escola, meu coração foi amolecer e ajudar logo Amber Knigth ? Sendo que eu nunca liguei para essas coisas, nunca me titulei uma pessoa boa, mas naquele dia eu fui, naquele dia...naquele dia o meu corpo gritava para mim mesma.

"Ajuda ela !"

E eu ajudei. E olha só onde eu estou agora, quem imaginou que Loisleine Carter, a festeira, péssima em matemática, estaria aqui ? Se formaria, teria um filho lindo e maravilhoso, uma carreira, uma independência, e mesmo com tudo isso, mesmo depois de tantos anos, tanto tempo, tantos dias, ele nunca foi embora.

O bendito tio Knigth esteve aqui o tempo todo, mesmo quando não estava. Como eu posso mentir para mim mesma, e dizer que a vida não havia escrito cada detalhe, como se fosse um livro ? Cada página, cada lágrima, sorriso, conflito, sentimento, tudo foi necessário para chegar até esse exato momento.

E querem saber ? Eu cansei de mentir. Minha mente está cansada de funcionar em torno de me convencer de que eu não preciso dele.

Eu sou completamente dele.

— Então, o que queriam me contar ? — Ben nos olhava depois de saborear a sobremesa, olhando para um de cada vez.

— Benjamin filho, lembra quando a mamãe disse que você era especial, porque eu era sua mamãe e papai tudo na mesma pessoa ? — Ele balançou a cabeça afirmando — Sente falta de um pai como o dos outros, não é ?

Ele abaixou a cabeça, como se estivesse escondendo a chateação, eu sempre dizia para ele não tocar nesse assunto.

— Sim mamãe — Me olhou com um biquinho — Eu amo você, mas todos os meus colegas tem um pai

— Você também tem — Nunca vi os olhos dele brilharem como naquele momento

— Eu tenho ? — Me olhou suplicante e esperançoso

— Eu sou o seu pai Benjamin — Lincoln que até então estava calado, acabou com todo o suspense. Benjamin olhou para ele e abriu um sorrisão

— É verdade mamãe ? — Ele me olhou e eu acenei em afirmação, ele sorriu mais ainda e se jogou nos braços de Lincoln — Você tem os olhos iguais os meus — Disse sem se soltar dele, apenas o observando, então o abraçou mais forte, com muita força encostando a cabeça no ombro do pai, Lincoln tinha lágrimas nos olhos e recebia o abraço com todo o amor e carinho do mundo — Eu te amo papai.

— Eu te amo filho — Eles se olharam e sorriram, eu fiz o mesmo.

14 dias depois

— Papai eu não quero dormir — Fez biquinho

— Amanhã você tem escola amigão — Disse passando os dedos pelo cabelo dele

— Você promete que vai me buscar ?

— Prometo — Deu um beijo na testa do menor, desligou o abajur e veio na minha direção.

Saímos e eu encostei a porta do quarto, nos sentamos no sofá. Não dizemos nada um para o outro, ele apenas ficou me observando, por um bom tempo.

— Você cresceu tanto...— Sorriu me observando — Não é mais aquela menina, é uma mulher, a mulher que sempre esteve dentro de você, sabe no fundo eu sabia que você seria extraordinária, com ou sem mim — Suspirou — Como eu queria que as coisas tivessem sido diferentes, eu gostaria de ter te visto com um barrigão, cuidar das suas chatices e realizar seus desejos de grávida — rimos

— Espera aí — Eu corri na gaveta e peguei algumas fotografias, logo voltei me sentando novamente — Essa sou eu com cinco meses — Entreguei para ele que observou — Aqui sou eu com sete — Entreguei a outra e ele sorria — E bom, essa foi dois dias antes do parto — Lhe dei a última

— Uau, ficou enorme — Riu — Queria ter cuidado de vocês, queria ter sido melhor

— Você sempre cuidou — Sorri — Sempre esteve no meu coração, sempre, e sempre vai estar.

— Eu te amo Lola — Ele largou as fotos na mesinha e eu só o encarei.

Fomos nos aproximando, aos poucos, sua mão passeou pelo meu rosto e me puxou para um beijo, no começo era lento, mas depois ganhou intensidade. Ali havia saudade, ali havia paixão, havia amor, e ali, naquele momento, uma chama, não, uma chama não, um incêndio, apagado há muito tempo, estava se reacendendo.

Ele me puxou para o colo dele, enquanto dava leves puxões no meu cabelo, sem parar o beijo. Só nos soltamos quando o ar faltou.

— Como eu senti sua falta — Disse com os lábios vermelhos encarando os meus

— Eu te amo — Então ele me olhou nos olhos

— Eu vou te amar pra sempre — Me ergueu ainda no colo dele, e me levou para o meu quarto — Vem morar comigo, vocês dois, vamos ser uma família, a família que nós sempre quisemos, vem ser a minha mulher, eu quero você pra sempre, pra sempre — Dizia enquanto retirava os meus sapatos, eu já estava só de calcinha.

— Eu vou — Ele me encarou

— Vai mesmo ? — Sorriu

— Com você eu vou pra qualquer lugar — Ele sorriu vindo até mim e me dando um beijo forte.

Aquela foi a melhor noite de amor da minha vida.

O Pai da Minha Melhor Amiga [ CONCLUÍDA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora