Capitulo 38

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Lola Carter

Estava na cozinha, pensativa. Na verdade, sempre era assim, todas as noites, eu imaginava como tudo poderia ter sido diferente se Katherine não tivesse atrapalhado nossos planos.

Eu me relacionei com outras pessoas, mas nenhum despertou em mim, o que Lincoln um dia fora capaz de despertar. Seja lá o que ele fez se acender em mim, se apagou no exato momento em que eu e ele tivemos o nosso drástico fim.

— Vem mamãe, vai começar !! — A pequena voz que sempre me acalentava nas minhas péssimas noites me chamou, peguei os sanduíches, meu copo de refrigerante e o copinho dele com leite, e segui para a sala.

Ele estava no colchão, coberto, enquanto prestava atenção no desenho do Capitão América, me sentei ao lado dele, e passei a acaraciar os cabelos ruivos sedosos, enquanto comia e assistia junto.

Ser mãe nunca foi algo que eu pensei que seria, ainda mais depois de ter perdido o Lincoln. Mas aqui estava eu, foi um baque no começo e eu não sabia como reagir, mas eu aprendi a ser mãe com o tempo, e acredito que Benjamin veio para me dar o apoio e a felicidade que eu precisava para reconstruir a minha vida.

Quatro anos atrás

— Vem logo Stacy ! — Eu dizia já nos corredores da faculdade, esperando Stacy terminar de paquerar o professor.

O meu humor estava zero, sentia uma grande vontade de gritar, chorar e rir ao mesmo tempo, pensei que pudesse estar ficando bipolar.

— Me desculpa amiga, é que ele é um gato ! — Ela veio rindo

Meus seios estavam doloridos, talvez pelo sutiã apertado demais, estava louca para chegar em casa e tirar ele.

— Você é doidinha, sabe que relação entre professores e alunos são extremamente proibidas, não é ? — A olhei com os olhos semi serrados

— Eu sei, eu aprecio o risco, você não ? — Me olhou rindo — Hoje tem festa na Lux, a gente precisa ir !

— Eu sei, só vou porque prometi para você, não curto muito isso, tenho que dar duro nos estudos — Ela revirou os olhos

— Você é muito careta, se deixar você engole um livro — Passou o braço pelo meu ombro me puxando para ela, enquanto já chegávamos no meu carro — Ainda bem que você tirou carta recentemente, porque hoje eu vou beber até cair

— Eu vou logo avisando, não quero ninguém vomitando no meu carro, se você passar dos limites, vai ir a pé ! — Apontei o dedo para a mesma que riu novamente.

...

Eram 22:30 da noite, isso é hora de estar saindo ? Não ! Mas estou dirigindo em direção a boate Lux, porque prometi para a minha amiga doidinha que me divertiria um pouco. Assim que estacionei a encontrei na fila.

— Fila ? — A olhei incrédula — Você não me disse que teríamos que pegar uma fila gigante dessa !

— A não ser que você seja rica e pague um vip para nós — Ela me olhou — Como sei que não é, vamos ter que esperar.

Bufei, não posso acreditar.

Ficamos quase uma hora naquela fila gigante, e quando entramos, as luzes pareciam me deixar tonta, a aglomeração me deixava enjoada, droga, o que está havendo comigo hoje ?!

— Vem amiga, vamos beber ! — Ela já me oferecia um copo com um líquido laranja, meu estômago revirou só de olhar

— Não estou com o estômago bom, e estou no volante, não vou beber — Ela fez uma cara de "você que sabe" e bebeu de uma vez os dois copos fazendo uma careta super engraçada logo após.

Ficamos cerca de duas horas no local, conversando, eu bebi água e Stacy tequila, já piradinha, ela me puxou para a pista de dança. Eu estava até me divertindo, até que tudo começou a rodar e as luzes me deixaram tonta, e a última coisa que me lembro é de cair e ver Stacy gritando meu nome.

...

  A claridade estava machucando meus olhos, quando ousei abri-los, a pintura branca do teto me deixava ainda mais zonza. Olhei para todos os lados e vi Stacy ao meu lado.

— Você nos deu um susto ! — Ela me abraçou com cuidado — O médico fez exames para saber o que causou sua tontura e desmaio, e logo está chegando

— Que horas são ? — Perguntei com a garganta seca

— Oito horas da manhã — Ela me deu um copo com um canudinho e eu bebi água — Ainda bem que hoje não tem aula.

Me encostei no travesseiro, e ela se sentou na poltrona. Ao fechar os meus olhos, a imagem de Lincoln veio na minha mente, como se fosse uma lembrança, o engraçado, é que aquele momento em que apareceu para mim, de fato nunca aconteceu.

— Eu amo você, não podemos acabar assim ! — Eu chorava incessante, com o peito doendo como nunca

— Vai ser o melhor para nós dois, minha menina — Ele me abraçou e selou os meus lábios — Eu quero que saiba, que tenho toda a certeza do mundo, que uma parte de mim, sempre estará com você

— Oi — Um homem de aparentemente 20 anos de idade entrou com um pequeno sorriso singelo, era o médico, me tirando daquele confuso "sonho" — Bom, sua pressão caiu, foi por isso que você desmaiou, está um pouco desidratada, está fazendo algo e esquecendo dos devidos cuidados ?

— Pois é moço, essa mulher aqui passa dia e noite, noite e dia estudando, quando não tá estudando na faculdade é em casa, ela só para pra dormir — Stacy disse exageradamente.

— Bom Srta. Carter, é importante se alimentar bem e se hidratar, visto que você tem uma grande responsabilidade — Ele me olhou — Fora a isto, você e o bebê estão bem

— Bebê ?! — Me sentei rapidamente, a imagem do sonho veio novamente a minha cabeça

"Tenho certeza que uma parte de mim, sempre estará com você"

  — Oh, você não sabia — Ele sorriu simpático — Você está grávida de quatro meses !

Stacy deu um gritinho

— Você pode vir até aqui para fazer o pré natal, é bom se alimentar bem, ingerir bastante líquido, jamais bebidas alcoólicas, nada de stress nem carregar peso — Ele se aprontava para sair — Parabéns mamãe.

Ele tinha razão, uma parte dele sempre estaria comigo.

Hoje

Eu estava perdida em pensamentos e nem vi quando Benjamin dormiu, tirei as coisas de lá, levando a cozinha e lavando elas. O peguei no colo com cuidado e levei ele para a cama, cobrindo e me despedindo com um beijo na testa.

— Eu vou te amar pra sempre, filho — O observei dormir sereno, tão idêntico a ele.

Eu poderia ter voltado e dito que estava grávida dele, poderia ter ligado e voltado correndo. Mas Amber me odeia, e eu não suportaria o fato de ouvir outras palavras baixas como ela me disse, ou até mesmo ser acusada de falsa gravidez. O meu filho não merecia tanto ódio, talvez eu merecesse, mas não ele.

Então continuei a minha vida aqui, e aprendi a aceitar que algumas coisas simplesmente não voltam mais. Apenas os meus pais sabem, esses, já não moram mais em Los Angeles e perderam o contato com a família Knigth. Dói demais quando Ben pergunta pelo pai, ele já está na idade de sentir falta de uma figura paterna, como no dia dos pais na escolinha, ou quando ele vê na televisão ou na rua.

"Por que eu não tenho um papai ?"

"Será que eu sou um menino ruim ?

Por que o papai não me quis ?"

"Por que você é o meu papai e mamãe se todos os meus amiguinhos tem dois ?"

São todas as perguntas que mais machucam o meu coração, e eu sempre digo que ele é especial, e que o meu amor é tudo que ele precisa.

O Pai da Minha Melhor Amiga [ CONCLUÍDA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora