Capitulo 14

20.1K 1.4K 262
                                    


Lola Carter

3 meses depois

  Já fazia três meses que Lincoln fingia não me conhecer, não me comprimentava, não me olhava, não fazia piadinhas e me ignorava completamente. Isso era doloroso, mas era o certo.

  Como estávamos na semana do saco cheio, Amber praticamente implorou para que eu viajasse com ela para uma das casas de praia que o pai dela possui, e eu disse que iria somente se Léo e Davie fosse, e agora estou saindo de casa as cinco da manhã para ir viajar. Cheguei na casa de Amber as cinco e meia, todos já estavam lá, inclusive Lincoln, mas havia algo diferente, havia uma mulher.

— Lola, acredita que o meu digníssimo pai estava namorando e nem ao menos me contou ? Ele só me apresentou ela hoje, parece que a coisa é séria mesmo — Amber disse, olhei rapidamente para a mulher linda ao seu lado.

— Que legal, não é ? Parabéns, tio — Sorri sem muita animação, algo dentro de mim se incomodou com aquilo

Léo vinha saindo da cozinha e ao me ver veio até mim me dando um selinho e me comprimentando. Todos saíram até o aeroporto, a casa ficava em Cancún e eram algumas horas de vôo. Léo se sentou com Amber, Davie com Sandra a namorada de Lincoln, e eu com Lincoln, essas eram as ordens numerais das cadeiras escritas na passagem.

  As nossas cadeiras estava a frente de todos os outros. Me sentei ao lado da janela e coloquei os fones, no último volume, enquanto olhava as nuvens, eu me lembrava do que me fez ir para o orfanato. Eu e meus pais estávamos saindo do Brasil para vir a América, e então algo deu errado e nosso avião caiu, eu e mais algumas pessoas sobrevivemos, por estar na parte traseira do avião, mas não os meus pais, quando acordei e vi os estragos, vi os corpos multilados, sem parte do corpo e depois disso fui parar lá e fui adotada seis meses depois.

  Não gostava de pensar nisso, e agora dentro de um avião, a angústia me tomou e eu comecei a chorar. Chorava bem baixinho evitando que Lincoln me olhasse, mas foi em vão. Senti seu dedo me cutucar, então tirei os fones e o olhei, os olhos completamente marejados.

— Ei, o que foi ? — Era a primeira vez que ouvia a voz dele se direcionar a mim depois de muito tempo

— Nada — Fui direta e voltei a olhar pela janela.

— Ninguém chora por nada — Ele realmente parecia bem preocupado.

— Perdi meus pais em um acidente de avião, eu estava lá e presenciei tudo, por isso não me dou bem com aeronaves, e chorei por lembrar deles, nada demais, logo passa — Sua feição havia mudado, tinha pesar ali, tinha preocupação, tinha afeto. Ele colocou a sua mão na minha cadeira e proferiu :

— Pode segurar a minha mão se sentir medo — E eu achei aquilo incrível.

~~~

   Quando pousamos fomos direto para o carro que já estava disponibilizado para nós, fomos para a casa e realmente era enorme, era bem moderna e espaçosa, dividimos os quartos, eu e Amber, Davie e Léo e Lincoln com a namorada. Subimos e desfizemos as malas e tudo que eu queria era dormir, então tomei um banho e me deitei.

   Levantei já era de madrugada, estava morrendo de cede, desci as escadas de camisola e segui para a cozinha, ouvi barulho de coisas caindo no chão e fiquei com medo, resolvi ir ver, mas quando cheguei a cozinha, havia panelas recém jogadas no chão e Lincoln beijava a namorada ferozmente com ela em cima de balcão. Senti meu estômago revirar com a cena. Eu ia saindo de fininho quando infelizmente, ele me viu.

— Lola ?! O que faz aqui ?

— É, já é hora de criança estar na cama — A mulher ignorante disse

— Eu vim beber água, mas já estou indo, e você, linda, se coloca no seu lugar e não direciona a palavra a minha pessoa — Pisquei para ela saindo invicta, mas quando subi as escadas eu senti uma sensação muito ruim, ainda ouvi Lincoln me chamar mas não liguei. 

Entrei no quarto de Léo e o chamei.

— Ei ? O que foi ? — Ele perguntou, a sorte era que estava escuro e ele não viu que minha feição estava estranha

— Nada, posso dormir com você hoje ?

— Claro, vem aqui — Me aconcheguei no peito dele respirando fundo, o sono não vinha e eu só fui dormir quando estava amanhecendo.

  ~~~

  Dormi cerca de duas horas e me levantei as oito da manhã, a fome me dominou e eu resolvi descer para fazer algo. Ninguém havia acordado ainda, tinha tirado minha camisola e colocado uma camisa de Léo, eu resolvi fazer o café da manhã. Quando estava terminando as panquecas ouvi passos na escada e logo a voz.

— Bom dia — Era ele.

Eu não respondi. Terminei de fazer as panquecas e servi um prato para ele, então me sentei no balcão de frente para ele, sem dizer uma sequer palavra.

— Lola...— Ele queria se explicar, mas eu não precisava disso então o interrompi.

— A sua vida pessoal não me diz respeito, eu estava no lugar errado e na hora errada, você tem uma namorada, e ela é a única mulher na qual você deve satisfações agora, tenha um bom dia — Terminei de comer e lavei as coisas da pia, ele nada disse, somente suspirou e me deixou ir.

Mas eu queria que ele pedisse para eu ficar

  A tarde, todos nos arrumamos e fomos para a praia, o dia estava ensolarado e a praia daquela casa fazia parte da propriedade, então, era somente nossa.

— Aeeee caralho !!! — Davie correu pulando na água e Amber foi junto, logo depois ambos voltaram para a superfície rindo.

— Vamos Lola ? — Léo me chamou

— Agora não...deve estar gelada — E encarei o mar, e o casal ao meu lado que conversava animadamente.

— Deixa de frescura sua bobinha — Léo veio e me pegou no colo correndo para a água a atenção toda estava em nós

— MENINO PARA COM ISSO PELO AMOR DE DEUS ESSA ÁGUA DEVE ESTAR UM GELO !!!! — Gritei, mas foi em vão, em minutos ele me levou para dentro do mar e agora rindo jogava água em mim, até que a água estava boa

— Viu ?? Tá boa ! — Espirrou água em mim.

— Ah mas agora você morre ! — Comecei a jogar muita, muita água nele.

  Lincoln Knigth

  Eu realmente não queria aquilo. Ter que ignorar ela por três meses foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, eu não queria um namoro agora, mas pensei que isso poderia me fazer esquecer uma simples adolescente, porra ! Eu sou um adulto e pareço um menino apaixonado e não, eu não estou apaixonado, a última pessoa por quem me apaixonei foi a mãe de Amber e ela me traiu, depois disso, o meu coração se trancou a sete chaves.

  Não sei, talvez eu deva dar uma chance para Sandra, ela é uma mulher linda, mas o problema é que não adianta ser linda, ela não me fascina, não me enche de desejo e nem de ansiedade por vê-la, mas outra pessoa sim. Isso está me matando.

  Quando a vi nos braços daquele garoto, tão feliz, sorridente, tão mulher, percebi que se ela não quer nada comigo devo deixa-la ir, ela terá muito mais futuro com alguém da idade dela, do que com um cara de quarenta anos no qual as pessoas vão julga-la e questiona-la do porquê estar com alguém tão acima da sua idade. Parece egoísmo, mas algo em mim não queria deixa-la amar aquele garoto.

   — Amor, estou cansada, vamos para casa ? A gente deixa as crianças ai e podemos nos divertir como adultos — Sandra se sentou no meu colo e logo eu me excitei, maldito pau traidor ! As vezes eu me odeio por ser um pevertido.

Mas então, de longe e por cima dos ombros de Sandra, eu a vi, nos olhava, olhava Sandra no meu colo e no seu olhar tinha tristeza, tinha saudade, tinha...pesar.  Ela estava bem longe de não querer nada comigo, E foi ali, naquela praia, e bem naquele momento, que eu soube que isso não tinha acabado, Loisleine Carter ainda era toda minha, e talvez eu ainda fosse todo dela. 
   

O Pai da Minha Melhor Amiga [ CONCLUÍDA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora