Capítulo 4 - Evelyn Sampaio

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Depois que voltei para o estúdio, não consegui mais parar de pensar na Barbara. Não acreditava que em todo esse tempo nessa academia, nunca tinha esbarrado com ela antes.

-Que cara é essa de idiota? - Melissa logo me perguntou me fazendo rir com o jeito que foi feita a pergunta.

-Não é nada, estava distraída. - respondi tentando disfarçar e lembrando do motivo de minha distração.

-Ahan, sei. E essa distração tem nome, endereço? - ela me conhecia muito bem. Éramos amigas há muito tempo e não conseguíamos esconder nada uma da outra. Comecei a rir mais uma vez e contei a ela o que havia acontecido.

-Ela é tão bonita, nem sei como descrever. - eu disse quando terminei de contar.

-Eu acho que sei quem é. Ela vive com a mesma trança, inconfundível.

-É, ela estava mesmo de trança boxeadora. - eu respondi pensativa. Mas logo Mel me tirou de meus pensamentos e me chamou pra realidade.

-Vamos, Eve, para de moleza! Vamos começar.

Passamos nossa nova coreografia algumas vezes, corrigindo alguns passos e alterando outros. O tempo passou e ninguém chegou, então ficamos apenas nós duas mesmo, o que foi bom porque conseguimos finalizar a coreografia para a apresentação que teríamos em três meses.

Eu já estava bem cansada então chamei Mel para ir para minha casa passar o dia e sairmos um pouco a noite, porque já fazia um tempinho que não saíamos para distrair.

-E eu acabei de descobrir o que faremos no final de semana! - Melissa falou empolgada, dando os pulinhos dela.

-O que? Ficar em casa comendo pipoca e maratonando Harry Potter? 

-Claro que não, sua sem graça! Já estou cansada desse seu bruxo. Vamos na festa do Caíque. Ele acabou de mandar o convite pra mim, deve ter chego no seu celular também. - eu fiz uma cara de poucos amigos, não gostava muito de sociais. -Vamos! Se anime, Evelyn!

-Ah, nossa, empolgante! - eu falei batendo palminhas para implicar com ela.

-Você é uma chata, hein! - ela retrucou enquanto passávamos pela catraca da academia. Eu a abracei pra me redimir e ela começou a rir com minha atitude.

-Eu também te amo, Melissa! - continuei brincando com ela quando reparei que a Barbara estava parada perto de uma moto, que presumi ser dela, já que estava de capacete.

Ela não estava com a cara de muitos amigos, mas mesmo assim resolvi acenar. Sorri e dei um tchauzinho sem graça, morrendo de medo de ela não retribuir e me preparando para aguentar isso como assunto o dia inteiro, Melissa não ia perdoar mesmo!

Ela me disse um "oi" fraco, parecia mesmo estar sem vontade de cumprimentar ninguém. Me arrependi na mesma hora por ter falado com ela. Antes eu tivesse deixado o crachá na portaria para alguém entregar a ela.

Fiquei bem revoltada, até porque eu tinha feito um favor e ela foi bem seca desde o início, quando ficou me encarando por um tempão ao invés de pegar o cartão e agradecer.

-Oi. - disse Melissa imitando debochadamente a forma que Barbara falou. -Quem essa garota pensa que é para dizer um oi tão sem graça para a minha musa inspiradora, cujo nome é minha melhor amiga?

Eu ri junto com ela mais uma vez. Tudo era motivo para ela ficar irritada e me fazer rir. Ela era uma menina muito especial para mim e eu não conseguia conter a risada por muito tempo quando estava com ela.

Imaginem uma menina fofa, com olhos pequenos e ligeiramente puxados ficando irritada?

Fomos para minha casa e assim que chegamos, fomos tomar banho. Eu tomei banho no banheiro dos meus pais e deixei Melissa tomar no meu, como sempre.

Ela estava sempre comigo, então já era praticamente de casa. Sempre que dormia lá, eu dizia que podia ir para o quarto de hóspedes, mas ela sempre preferia ficar comigo no meu quarto.

Mesmo quando comecei a ficar com meninas, ela não mudou em nada. Continuou comigo em todos os momentos, dando apoio e querendo quebrar a cara de quem "se aproveitava da minha bondade e me iludia", segundo ela.

Logo almoçamos e passamos o resto do dia conversando, assistindo a alguns vídeos de escolas de ballet na França e fazendo planos fictícios caso um dia pudéssemos ir estudar lá.

-Seria tão maravilhoso se nós pudéssemos ser aceitas na Escola de Dança de Paris. Dizem que o dinheiro compra felicidade, mas é mentira porque não compra nossa vaga lá. - Melissa comentou com um tom triste por não termos conseguido nada ainda.

-Verdade...Só os melhores são aceitos, será que vamos conseguir um dia? Daqui a pouco nossa idade passa e não vamos conseguir mais mesmo.

Continuamos o assunto por um tempo e logo adormecemos um pouco. Acordei cerca de duas horas depois, levantei para beber água e vi que já eram 18h. 

-Mel, se quiser mesmo sair, acorda pra se arrumar. Já são 18h.

-Hum? Quero, vou levantar. Um minuto. -ela respondeu bocejando e se espreguiçando.

Subimos as escadas da minha casa para voltarmos ao quarto e começarmos a nos arrumar para sair um pouco. Minha amiga pegou uma roupa emprestada comigo e, como sempre, ficou linda.

-Lá vem você de novo se arrumando excessivamente, eu vou assim mesmo, ok? Até porque eu só quero espairecer e não vou beijar ninguém hoje, então nem inventa. - eu falei antes que ela reclamasse que eu estava muito à vontade.

-Nem vou te responder, Evelyn. Eu estou super simples. - ela retrucou enquanto passava o perfume e eu comecei a rir.

Terminamos de nos arrumar e seguimos para o bar que Melissa cismou que tínhamos que conhecer, ao invés de ir para o que já estávamos acostumadas.

Terminamos de nos arrumar e seguimos para o bar que Melissa cismou que tínhamos que conhecer, ao invés de ir para o que já estávamos acostumadas

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-Vai ser legal, eu prometo, ta bom? - ela tentou me convencer e conseguiu. Sempre acabava cedendo às vontades da minha amiga.

Você me aceita? (Romance Sáfico) - degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora