Capítulo 30 - Evelyn Sampaio

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Quando Barbara subiu, fiquei muito tensa e sentia que a qualquer momento eu vomitaria todo o sanduíche natural que tinha comido antes de sair de casa. Estar ali sozinha com a mãe da menina que eu estou claramente me apaixonando não era muito confortável.

A ideia de causar uma má impressão me apavorava e eu torcia para que ela não me fizesse falar por muito tempo nem mesmo me fizesse perguntas que eu vacilasse para responder. Ai. Meu. Deus. Nem quero pensar o que aconteceria se ela cismasse de não gostar de mim...será que Barbara terminaria tudo comigo? Socorro, eu estava prestes a ter um ataque de nervos antes de completar 30 anos.

-Evelyn, que nome bonito. Combina com você, nem acredito em como você é bonita. - dona Ana começou e eu sentia as borboletas no meu estômago se agitarem cada vez mais. - Desculpe o inconveniente, sei que você deve estar se perguntando o que eu quero conversar com você.

Eu sorri, tentando não demonstrar o quanto eu estava nervosa e fingir que não tinha problema nenhum em estar conversando, quer dizer, ouvindo o que ela tem a dizer, seja lá o que ela for dizer. Ela continuou:

-Bem, vou direto ao ponto porque se bem conheço minha filha, ela não vai demorar muito para voltar. Não sei até onde Barbara te contou da vida dela, mas o pai dela faleceu há alguns anos e sinto que isso mexeu mais com a vida dela do que deveria. Quer dizer, é óbvio que ela nunca mais seria a mesma depois de uma perda dessas, mas ela nunca quis se relacionar com ninguém e evita a todo custo falar comigo sobre o pai... - ela fez uma pausa, parecendo tomar fôlego e controlar a emoção para continuar. Eu apenas fiquei quieta, observando-a e esperando ela continuar.

-Eu simplesmente sinto que ela acha que se ela gostar de alguém e se permitir amar, como eu amava e ainda amo o pai dela, que essa pessoa vai morrer também. - ela falou de uma vez e olhou para o chão, parecendo conter as lágrimas. Eu me aproximei um pouco e repousei minha mão sobre a dela, que estava apoiada na bancada da cozinha.

-Tudo bem...eu imagino o quanto é difícil, sei que nenhuma dor é igual a outra, mas também perdi a minha mãe há muito tempo. Eu imagino como Barbara deve se sentir. - Procurei tranquilizá-la.

-Evelyn, sinto muito pela sua mãe... Depois que ele faleceu, eu não consegui me relacionar com mais ninguém, não sinto necessidade e ainda me sinto totalmente dele. Barbara percebe isso. Eu só te peço que seja sempre sincera, não engane os sentimentos dela, sei que decepções acontecem, mas não sei até onde minha filha está pronta para enfrentar frustrações muito grandes. Eu te peço isso porque Barbara nunca me falou de ninguém especial e nunca nem trouxe nenhuma menina até aqui, então com certeza, alguma coisa por você ela sente.

Nesse momento, eu senti meus olhos marejarem. Me senti mais especial do já vinha me sentindo. Realmente acreditava que algo muito especial estava acontecendo entre nós duas e de forma alguma queria dar algum motivo para Barbara se sentir triste ou frustrada.

-A senhora pode confiar que serei sempre sincera em relação aos meus sentimentos. Eu realmente gosto dela, apesar de nos conhecermos há tão pouco tempo...Quero muito fazer ela se sentir bem comigo, como me sinto com ela. - ela que segurou minha mão dessa vez, apertando e dando um beijo.

-Obrigada por compreender. - dona Ana mantia seus olhos firmes nos meus - Que tal um suco rápido então?

-Eu aceito sim.

A mãe de Barbara pegou a centrífuga que fazia sucos rapidinho, bastando colocar a fruta e empurrar. Tinha uma fruteira com banana, pêra, maçã, manga, mamão, abacate, morangos e eu me senti um pouco perdida na hora de escolher, mas acabei optando por maçã mesmo.

-Vou preparar um de abacaxi para Barbara porque sei que ela adora. - ela disse pegando outro copo.

Antes que ela terminasse de preparar o suco, ouvi os barulhos de Barbara descendo as escadas. Estava ansiosa para vê-la novamente, parecia besteira, mas aqueles minutinhos já me deram muita saudade de apreciar sua beleza exuberante.

-Oi, voltei. - ela disse entrando na cozinha.

-Conversamos, bebemos suco e preparamos esse de abacaxi para você - dona Ana falou, Barbara me olhou e eu sorri para ela, confirmando o que sua mãe disse.

-Obrigada, mãe. Ótima pedida. - Barbara pegou e deu um longo gole no suco de abacaxi, eu ainda estava terminando o meu, que estava doce e azedo na medida certa.

A cozinha delas era confortável e por um momento, pensei no quanto gostaria de estar sempre ali com as duas, de agora em diante. Apesar de eu estar bem nervosa ainda na presença de dona Ana, o fato de ela ter sido sincera comigo sobre suas preocupações com Barbara, me fizeram relaxar um pouco e eu já sabia que nos daríamos bem.

-Vamos, então? - Barbara perguntou quando engoliu o último gole do suco. - Já está quase ficando tarde para passearmos mais um pouco.

-Vamos sim! - respondi me encaminhando até dona Ana, pronta para me despedir.

-Foi um prazer te conhecer! Espero te ver mais vezes por aqui, Evelyn. - ela disse me dando um abraço.

-Eu também espero ver a senhora. Obrigada pelo suco!

-Tchau, mãe. - foi a vez de Barbara abraçar a mãe, que cochichou alguma coisa para ela e piscou para mim sorrindo.

Não sei exatamente o que foi, mas imagino que tenha sido algo sobre mim porque Barbara estava sorrindo corada quando se desvencilhou do abraço da mãe.

Com a capacete posto, claro que com ajuda, subi na moto e agarrei em Barbara. Eu viajaria de moto assim com ela quantas vezes fossem necessárias. Seu cheiro doce me deixava delirando e estar com o corpo tão colado no dela me trazia uma sensação de paz.

*******

O que acharam dessa confissão da mãe da Barbara? Acham que a Evelyn se saiu bem?

Deixem a estrelinha para me ajudar no alcance da história!!

Obrigada por tudo até agora! Bjs!

Você me aceita? (Romance Sáfico) - degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora