Capítulo 15 - Barbara Oliveira

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Eu simplesmente não consegui me concentrar no treino. Acho que nunca levei tanta surra na minha vida. Meus pensamentos em Evelyn estavam me deixando indefesa e eu não conseguia pensar rápido o suficiente para me defender dos golpes dos meus colegas de treino.

Eles estão rindo de mim e me zoando pelo fato de eu estar tão aérea.

-O que está acontecendo com a Barbara Muralha hoje? Está apanhando direto! - Samuca riu enquanto falava. -Será que isso tem a ver com aquele capacete extra que você trouxe hoje? - ele perguntou cochichando para ninguém mais ouvir.

Eu tentei afastar meus pensamentos de Evelyn e comecei a rir com Samuca. Pior que sim...Ele tinha acertado o motivo da minha falta de concentração hoje.

-Pois é...nunca vi uma menina tão linda quanto ela. Vamos sair hoje e estou nervosa. - respondi sem graça.

-Barbara Oliveira nervosa com um encontro? - ele perguntou incrédulo. -Que isso, mana? Logo você que é meu exemplo?

-Eu não estou apaixonada, nem nada, ok? Eu só estou muito afim dela. - eu tentei me convencer disso também, mas era difícil. Comecei a lembrar de ontem, quando nos esbarramos pela primeira vez. Ela já estava me deixando louca.

-Imagina se estivesse. Mas me diz...eu conheço? - ele estava curioso para saber.

-Olha só, vou falar uma vez, nem pense em me zoar ou contar para alguém... - eu falei enquanto puxava ele para um canto da sala. - Ela é uma menina do ballet. Evelyn o nome dela. - Samuel deu um passo para trás e fez uma cara de surpresa e espanto.

-Barbara do céu! Ninguém do muay thai fica com alguém do ballet, elas não fazem muito nosso tipo, nunca percebeu?

-Eu sei, cara. Pensei nisso na hora, mas você não vai entender. Ela não é metida, nem nariz em pé. Ela foi educada comigo, não é como aquelas outras meninas que passam por nós com cara de nojo. Ela tá na minha.

Samuel não falou nada, ficou pensativo, tentando assimilar a informação. Depois do que eu falei para Evelyn no bar, percebi que essa bobeira de não nos relacionarmos com as meninas do ballet é ridícula, não faz sentido.

É verdade que a maioria delas nos olha com nojo e desprezo. No vestiário, por diversas vezes já fui obrigada a ouvir piadinha sem graça sobre eu ser lutadora. Se não fosse minha santa paciência, com certeza já teria entrado em uma confusão com uma delas.

Mas Evelyn era diferente de todas elas. Até a amiga dela parecia ser diferente, aquela doidinha. Graças aos meus pensamentos sobre isso, parece que o tempo passou mais rápido e logo deu 10:50h.

Ainda faltava bastante tempo, mas resolvi ir me arrumar logo. Tomei um banho rápido para tirar o suor do corpo e ficar cheirosa. Me vesti e passei uma maquiagem. Fiquei pedindo em pensamento que não encontrasse nenhum menino sem noção no caminho até a moto.

Eu realmente ficaria bem bonita e eles não podiam ver uma mulher arrumada na academia que já queriam voar em cima. Nas festas da academia sempre calhava de um ou outro tentar algo comigo, com a piada de "é lésbica porque ainda não ficou comigo". Que de piada, não tem nada.

Quando terminei de me maquiar, penteei o cabelo e fiquei muito satisfeita com o que estava vendo no espelho. Peguei os dois capacetes e minha bolsa para me encaminhar para a moto. Preferi ficar esperando Evelyn lá fora, mesmo que ainda não tivesse dado a hora.

Provavelmente, logo ela estaria no vestiário e eu não queria que ela me visse antes da hora da gente sair. Estava confiante de que surpreenderia ela com meu visual. Até porque, ela só tinha me visto com roupa de treino e depois de uniforme no trabalho.

Depois de 20 minutos esperando, Evelyn apareceu e os meus planos de surpreender, com certeza foram esquecidos. Ela estava tão linda, tive que me controlar para não ficar olhando que nem uma boba. Ela estava de saia e um cropped preto. A maquiagem estava suave e o cabelo caindo sobre o rosto me deixava cheia de vontade de tocar nela para ver seu rosto melhor.

Conversamos um pouco e ela subiu na moto junto comigo. Senti-la tão perto de mim foi uma sensação inexplicável. Meu corpo todo parecia estar em exaustão, eu me sentia quente e o desejo por ela crescia cada vez mais dentro de mim.

Quando chegamos ao estacionamento e entramos no shopping, percebi que ela estava com frio. Me aproximei, usando o frio como desculpa e segurei o braço dela. Eu queria sentir sua pele, seu cheiro, queria tocá-la.

Escolhemos uma mesa e decidimos o que comer, eu me levantei e fui pedir. Ela queria pagar o dela, mas não deixei. Eu que convidei ela para esse almoço, então senti vontade de pagar. Isso era outra coisa que nunca tinha acontecido antes. Eu sempre dividia as contas quando saia com alguém.

Enquanto pedia, fiquei observando Evelyn de longe e pensei o quanto eu era sortuda por estar ali com ela naquele momento. Eu tinha vontade de conhecê-la melhor, saber o que ela gosta de fazer, seus sonhos, sua história.

Pela primeira vez na minha vida, eu estava pensando em algo além de sexo e diversão. Eu desejava Evelyn, sim, mais que tudo. Mas além disso, eu queria estar com ela. Queria descobrir coisas sobre ela e queria que ela sentisse por mim o que eu estava sentindo por ela.

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Gente! Está sendo uma delícia escrever esses capítulos do encontro delas duas.

O que estão achando?

Deixem o voto de vcs pra me ajudar no alcance da história!!!

Bjsss, até o próximo capítulo!

Você me aceita? (Romance Sáfico) - degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora