"Você é tudo que eu achava que nunca seria
E nada como eu pensei que você poderia ter sido
Mas ainda assim, você vive em mim
Então me diga, como é isso?" - Beyoncé.
Superar um grande amor nunca será fácil. Não é fácil superar todas as juras de amor, planejar uma vida inteira ao lado de alguém, o casamento, a casa, os filhos e até mesmo as viagens em família, e derepente ver tudo isso desmoronar foi com toda a certeza uma das coisas mais difíceis que eu havia passado na minha vida inteira. Eu havia perdido tanto em tão pouco tempo que as vezes eu duvidava se aquilo era mesmo a minha realidade ou se eu tinha morrido e ido para o inferno e estava vivendo um pesadelo.
Faziam exatamente seis meses que ele havia me deixado, seis meses que ele havia decidido que não estava pronto para o compromisso que estavamos a poucas semanas de celar. Ele me disse que éramos muito jovens e precisávamos ter mais experiências, ela achava que precisavamos conhecer novas pessoas para termos certeza de que eramos feitos um para o outro e que se fossemos almas gêmeas, o destino se encarregaria de nos unir novemente. Quanta besteira!
Eu entendia que eramos muito jovens, poucas pessoas querem se casar antes dos 21 anos, e que nossas únicas experiências amorosas e sexuais haviam sido um com o outro, mas eu realmente achava que ele me amava. Nós eramos perfeitos um para o outro, eramos melhores amigos e confidentes. Era em mim que ele confiava para ser simplismente ele, um cara gentil, divertido e alegre, era em mim que ele confiava para ser sensível mesmo que o mundo achasse que aquilo fosse quase impossível.
Seis meses haviam se passado desde que Max Emilian Verstappen decidiu que, após dois anos de namoro e quase dois de noivado, ele não estava preparado para se entregar de corpo e alma para mim. Quatro anos da minha vida jogados no lixo por alguém que não estava pronto para ser adulto. Eu sempre me perguntava se algum dia ele achou que estava pronto para aquilo, eu acredito que não. Eu me perguntava se nós tiamos sido real para ele, algum dia ele realmente me amou?
Eu tentei de todas as formas não sentir raiva ou rancor dele, eu queria o desejar tudo de melhor que a vida tem para aferecer, eu queria conseguir desejar que algum dia ele encontre seu amor verdadeiro e que seja maduro o suficiente para assumir a responsabilidade de ter uma família, pois eu o queria feliz, eu queria que Max tivesse tudo o que eu sabia que eu jamais teria. Eu me sentia mal por querer desejar essas coisas para ele mas não conseguir porquê só a ideia de o ver apaixonado por outra, me consomia inteira.
Eu tentei de todas as maneiras seguir em frente, tentei conhecer outros caras, - o que particularmente foi a pior coisa que já fiz em minha vida. - tentei mesmo gostar de outra pessoa mas tudo me remetia a ele. Eu só conseguia pensar em seu sorriso, em seus olhos extremamente azuis, em como eu adorava seu cabelo loiro e como o achava uma verdadeira obra de arte quando deixava seu macacão de corrida cair da sua cintura, em como eu amava o admirar enquanto ele falava horas a fio sobre seu carro. Eu amava cada coisinha naquele homem.
Minha única válvula de escape para não ficar louca foi o trabalho, a butique que um dia fora da minha mãe, agora estava sob minha direção. Por bons 15 anos, Zoé Moutauban esteve a frente dos negócios e agora era sua hora de descansar e a minha de trabalhar, eu precisava garantir que os negócios da família continuariam prosperando mesmo que aquilo não fosse o que eu queria estar fazendo. Eu queria seguir meu sonho, estar casada, ter meus filhos e cuidar da minha família.
Não me entenda mau, não sou nenhuma troglodita do passado que acha que a mulher deve passar, limpar e cozinhar enquanto o homem provém a casa, mas eu acredito na liberdade. Acredito que nós mulheres podemos descidir se queremos trabalhar, se queremos ficar em casa com as crianças, se queremos trabalho e filhos, ou se não queremos nada disso. Eu fui criada por duas mulheres independentes e fortes que sempre me apoiaram e me amaram, eu sempre tive as melhores mães do mundo.
Chloé e Zoé sempre fizeram de tudo por mim, sempre foram honestas, sempre me ensinaram a seguir o caminho certo e viver a minha verdade, com elas aprendi que eu poderia ser exatamente quem eu quisesse no mundo. Nós sempre convivemos com medo. Elas com medo do quão a "falta" de um pai me faria e como aquilo afetaria minha vida social e eu com medo de que algum dia elas sofressem por serem felizes juntas. Não vou dizer que foi fácil quando eu ia a escola e meus colegas descobriam que eu tinha duas mães e nenhum pai, pois não foi.
Não foi difícil por mim, a presença de um "pai" nunca foi algo que me faltou pois eu tinha duas mães, aquele sempre foi o meu normal de família então a presença masculina não era algo que eu necessitava. Era difícil ver os olhares contrariados dos professores, dos outros pais e até mesmo dos alunos, eu odiava tanto que aquelas pessoas julgassem minha família por ser diferente do habitual que acabei sendo expulsa de um colégio após ter arrumado diversas brigas com crianças que insistiam em implicar comigo. Hoje eu sei que eram elas quem estavam erradas, não eu.
Mas acho que me tornei um pouco mais forte com tudo o que passei, eu gostava de poder, pelo menos, tentar abrir a mente das pessoas sobre os diferentes tipos de família. Eu sempre ia a palestras, paradas do orgulho LGBTQ+ e fazia tudo ao meu alcance para ajudar essa comunidade, eu esperava que no futuro as crianças de famílias não cis brancas heterossexuais, não precisasem passar por nenhum meio de discriminação ou bullying.
Eu participei de diversos workshops, assisti a varias semanas de modas, desfiles e mais deslifes, viajei para diversos lugares atrás de novidades para a butique e em todos os lugares eu pude acrescentar um toque ao que eu imaginava para manter a butique como uma das melhores lojas de Monte Carlo. Minhas mães tinham dado sangue, suor e lágrimas para abrir aquela loja e não seria eu a deixá-la cair em desgraça, por isso descidi que era hora de parar com todas as viagens e me concentrar inteiramente na loja.
No fundo eu sabia que todas aquelas viagens e os pouquissimos dias que eu passava em Mônaco eram por causa dele, eu não queria cogitar a idea de o encontrar ou a qualquer membro daquela família. Eu não suportaria o ver com outra, não suportaria saber que ele não havia me amado como eu o amei e que agora ele estava com outra pessoa e sendo feliz como nunca antes. Eu não suportaria saber que tudo o que nós passamos não foi nada para ele, tudo o que nós sofremos juntos.
Eu tentei, eu juro que tentei de todas as formas me envolver com outra pessoa mas eu só não conseguia! Quando alguém que não era ele me beijava, eu me sentia suja, como se nada fizesse sentindo. Eu queria sentir o seu toque, seus lábios nos meus, seu corpo junto ao meu durante toda a noite. Eu sentia sua falta, isso era inegável, mas eu teria que superar a sua ausência.
Eu merecia mais do que o que ele me dava! Eu merecia mais do que todas as brigas por motivos atoas, eu merecia mais do que todas as vezes em que eu tive que baixar minha guarda porquê ele estava irritando demais com alguma coisa sobre o trabalho dele, eu merecia mais do que alguém como Max! Mas eu o amava e era um amor tão grande que me sufocava e parecia querer explodir meu peito, ele foi e sempre será o grande amor da minha vida e apesar de todos os momentos ruins, os bons eram superiores.
Eu sentia falta de viajar por ai com ele e transar em todos os lugares que conseguiamos, eu sentia falta de passar um tarde em seu colo enquanto ele jogava video game e eu lia algum livro ou apenas o fazia carinho em seus cabelos até ele pegar no sono, eu sentia falta de todo o amor que compartilhavamos. Todo o sonho de uma vida de constituir família foi por água abaixo quando ele me deixou. Eu estou quebrada e não vejo uma saida para o fundo do posso em que me encontrava.
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Esse gif da Gigi é tudo para mim!
Eu não sei se o casamento gay é permito em Mônaco, mas nessa história será. Eu não pretendo me aprofundar muito no fato dela ter duas mães, quero tratar como algo normal e natural que é o que, ainda assim, obviamente mostrarei partes dessa luta tão importante.
Vocês preferem capitulos desse tamanho ou mais longos? Pretendo manter os capítulos em torno de 2,500 palavras, o que acham?
Até o proximo capítulo, não esqueçam de comentar e favoritar :)
