IV | Hermione Granger

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"Nossas vidas são definidas por momentos. Principalmente aqueles que nos pegam de surpresa."

Bob Marley


             Após o costumeiro chá da tarde na clínica, os Granger's chegaram em casa para um merecido momento em família. A garota de cabelos castanhos claros, como o mel das safras mais escuras, foi cumprir parte de suas tarefas domésticas, como prometeu aos seus pais. 

Passou pela porta de entrada e fechou atrás de si. Hermione levava o lixo para fora, enquanto observava mais uma noite de verão, fresca e agradável.

Não precisou colocar sua amada jaqueta jeans, pois seu "humilde" vestido florido, com detalhes de crochê, era perfeito para aquele clima. A noite não estava fria como de costume, mas também não estava quente. 

Quando chegou a calçada que emoldurava o jardim, ficou em estado de choque ao ver uma cena completamente inusitada.  O banco de madeira na frente da sua casa estava ocupado por um rapaz, isso não é motivo de surpresa. O que tornava a situação atípica era a identidade do tal rapaz, lá estava um bruxo Sangue-Puro "metido a besta" e futuro Comensal da Morte, em uma rua repleta de trouxas.

O rosto conhecido tinha traços retos angulosos e sua pele clara parecia brilhar a luz da lua, que acabara de nascer. Seus  cabelos loiros eram tão claros que pareciam ouro branco. 

Parado na frente da sua casa, estava Draco Malfoy. O objeto de seus desejos mais secretos e profundos, embora também fosse o responsável pela maior parte das lágrimas que derramou, desde que entrou em Hogwarts. 

A surpresa foi tão grande que Hermione derrubou a sacola de lixo no chão, o que fez o rapaz se assustar. Seu  corpo alto e esguio sobressaltou do banco. Ele olhou para a fonte do barulho e ambos disseram simultaneamente:

— Malfoy!

— Granger?

Draco Malfoy levantou-se em um salto, como um felino ágil.  E Hermione pegou a sacola de lixo que havia derrubado. Tentou conter o nervosismo e caminhou com toda a dignidade que pôde até o lugar apropriado para o descarte de lixo.

— O que faz aqui, Malfoy? Não me diga que resolveu vim perseguir os trouxas nas suas férias. 

 Hermione balançou a cabeça em reprovação e continuou — Como você chegou aqui afinal de contas?

O loiro não respondeu, apenas andou em direção a garota e estendeu uma carta. Ela ficou completamente desarmada. 

"O que é isso, Meu deus? Ele veio se declarar para mim? E até escreveu uma carta?" - Hermione suspirou sonhadora - "Acorda Hermione, você está sorrindo abestalhada e ele está olhando..."

Quando notou, Malfoy olhava para o seu rosto com curiosidade. Hermione ficou séria, tão repentinamente, que seu rosto se contorceu em uma careta. A grifinória pegou o envelope trêmula e abriu, mas só havia duas frases.

Hermione Granger, acolha o Draco Malfoy na sua casa! É um pedido de Dumbledore!

Assinado: Professor Severus Snape

Ps: A carta se destruirá. 

— O que é isso? Alguma pegadinha? — Hermione olhava para Draco incrédula e um pouco irritada por ter criado expectativas de que poderia ser uma declaração, ou quem sabe um pedido de desculpas, seria pedir muito?

— O que tem escrito? —  O rapaz arrancou a carta das mãos dela e leu rapidamente, antes do papel começar a chamuscar e se rasgar.

— E ele nem explicou nada? Só disse isso? — Draco vociferou irritado. 

 O sonserino olhou para Hermione que o mirava com descrença. Ele achou incrível o quanto ela estava linda sob a luz da Lua Cheia. Seu cabelos volumosos ondulavam com a brisa da noite, enquanto alguns fios alisavam deliciosamente o rosto da garota.

— Você vai ficar na minha casa agora? Era só o que faltava... aceitar um Comensal da Morte na casa dos meus pais. Como vou saber se eles estão seguros com você, Malfoy?

— Ah Granger, eu não tenho cabeça, nem tempo, para começar mais uma discussão infantil com você.  Se não lhe agrada, vou para outro lugar — Draco Malfoy deu as costas, sem pestanejar, começou a caminhar orgulhoso em direção oposta a casa de Hermione. 

 O seu medo de rejeição era tão grande, que ele rejeitava primeiro.  Andava pela calçada sem fazer a mínima ideia de para onde iria agora. Pensou em desespero:

"Eu estou mais perdido do que uma varinha no Tamisa* ... Não vai demorar até um Comensal me encontrar... Voldemort vai me servir de jantar pro seu pet. Eu tinha que ser tão orgulhoso?" 

O orgulho era um dos maiores defeitos de Draco Malfoy, assim como a arrogância. Draco não queria ir embora, queria poder olhar para ela sem censuras, sem ter que desviar o olhar e disfarçar seu interesse. Malfoy estava perdido em seus pensamentos, quando ouviu a palavra que o fez parar e abrir um sorriso satisfeito.

— Espera! 

Ele recompôs a expressão neutra, tirou o sorriso torto do rosto e virou-se para continuar seu teatrinho.

— O que foi Granger?

— Pode ficar! —  disse com uma voz mansa que mais parecia um pedido, do que um favor — Eu só preciso que você prometa que não colocará meus pais em risco e não lhes fará nenhum mal.

— É justo! Não se preocupe Granger, a palavra de um Malfoy vale mais que 100 galeões. Eu dou minha palavra.

— Posso perguntar uma coisa que está me matando?

Draco ficou com receio do que estava por vim, mas a sua curiosidade era maior.
— Pergunte...

— O que diabos é isso que você está vestindo?

Draco vestia uma camiseta preta de quatro caras atravessando uma rua, uma calça jeans escura surrada e estava apenas de meias. Malfoy estava tendo um problema de observação pessoal nas últimas 24 horas.  Ele passou a madrugada com um pijama ensanguentado e não notou. E agora estava com um roupa trouxa de "muito mal gosto" (para ele) e não havia se importado.  Assim como esqueceu que não teve tempo de calçar nenhum sapato, quando Snape pegou no seu braço e aparatou.

— Eu sinceramente não sei —  Draco riu.

Era isso, Hermione estava sonhando, agora ela tinha certeza. Draco Malfoy apareceu sentado no banco, no qual ela brincou tantas vezes durante sua infância. O mesmo banco que ela sentava, todos os dias, para ler no final de tarde. Vestindo roupas de trouxas e agora ele estava rindo. Draco Malfoy rindo? 

Se ela pudesse usar sua varinha, lançaria um "Finite Encantatem"  para garantir que era mesmo o sonserino. Embora a carta de Snape parecesse verídica: mal educada, curta e grossa exatamente como ele.

Estava a beira de um surto, com tantas inquietações na cabeça. Mas do jeito que Draco Malfoy era orgulhoso, chato e fechado, sabia que se começasse a fazer perguntas ele daria uma cortada, ou pior, iria embora. E ver o objeto de sua paixão platônica, duas semanas mais cedo e ainda por cima vulnerável, pedindo sua ajuda, era sorte demais para se arriscar a estragar tudo.

— Venha Malfoy, eu tive uma ideia. Apenas concorde com tudo que eu disser! —  falou com autoconfiança e autoridade de uma futura Monitora Chefe.

Esta era só mais uma das coisas que Draco achava atraente na filha de trouxas, o quanto ela era segura de si e como sabia se valorizar. Ele simplesmente achava insuportável bruxas inseguras, como Pansy Parkison, por exemplo. A sonserina vivia atrás dele, implorando que ficasse com ela, mesmo sabendo que não era dona do seu coração. Draco Malfoy achava essa falta de amor-próprio repulsiva.

Enquanto isso, Hermione Granger transbordava tudo que Draco valorizava: conhecimento, beleza, autoconfiança, até a petulância dela era apaixonante, e ela certamente sabia como se impor.

Hermione fez sinal para que ele a seguisse, o que ele fez sem hesitar.

Draco Malfoy: Poção Polissuco | Dramione - REVISAOOnde histórias criam vida. Descubra agora