C19

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“A sensação de vazio as vezes é tão grande, que não sabemos explicar os motivos pelos quais estamos tristes.”
— Giulia S.

{•••}

× LYDIA MARTINS ×

O som de trem passa no meu quarto, me despertando em um solavanco forte e cruel de um quase sono, seu som apita alto em meu ouvido que parece explodir a minha cabeça. Meu quarto treme e chacoalha enquanto ele passa, me fazendo se agarrar a borda da cama com força para não ser jogada para fora dela, o som fica mais alto e clarões amarelados passa por minha janela.

"Eu preciso que se lembre, Banshee."

Alcanço o abajur e o ligo, puxando o ar para os meus pulmões com força o bastante para conseguir sentir estar em terra novamente. Minha porta se abre e minha mãe aparece na porta com seu hobbie florido.

— Lydia, o que foi ? - Pergunta.

— Ouviu isso ? - Devolvo.

— Ouvi você gritando. - Ela diz com uma calma irritante.

— Não, tinha um trem passando no meu quarto. - Falo, ainda tentando me recuperar. — E alguém falando comigo.

Meu coração batendo forte em meu peito que doía, minha mãe me olha com uma máscara camuflada do que realmente sente.

— Filha, você teve apenas um pesadelo.

— Não tive não. - Insisto. — Não tive.

— Meu amor, não tem trem nenhum e não foi um terremoto. - Ela suspira baixo, calma. — Foi só um pesadelo, ta ?

E com isso ela fecha a porta do meu quarto, mas não sem antes me dar um breve olhar, e então me deixa de novo sozinha. Encaro a porta com o olhar sombrio e distante.

— Mas eu não estava dormindo...

[•••]

× JOSS WACHIRAWIT ×
(Sonho)

Pressiono a ferida feita a bala de prata em meu estômago com a mão enquanto continuo correndo, além dos machucados doerem em meus ossos profundamente, as balas que me atingiram na fuga com a minha família se movendo em minha carne a cada fôlego e força que me faço ter para me manter em pé. Entro em um beco escuro, vendo pouco mesmo com a visão de lobo, meu corpo me obrigando a parar com a dor que me pressiona com força os ossos, mas os passos parecem mais altos.
Esbarro em alguém que vem pelo caminho contrário, chiando com a dor antes mesmo de atingir minha bunda no chão, meu corpo é pego e pressionado a outro antes que isso possa acontecer, minha visão turva quando consigo apoio firme. Meus olhos se abrem, tentando ver quem me salvou e encaro um borrão em seu rosto, mas sua estrutura óssea é de uma criança que aparenta ter a minha idade, seus olhos são tudo que consigo ver. Prateados como a lua e faz meu coração bate forte no peito.

— Você está bem ? - Pergunta, o tom suave e macio.

Sua mão tocando meu rosto com um cuidado de alguém que poderia me quebrar, ele afasta meu cabelo para longe dos olhos, e o leve arranhar de sua mão em minha pele é como abrir uma dimensão onde borboletas são barulhentas e o mundo colorido.
Mas os passos ficam mais altos e o empurro para longe, embora o seu aperto em minha cintura não solte e acabe indo junto com ele, sinto meu medo aflorar na pele quando ouço as vozes perto do beco.

— Me solta! - Rosno.

— Não se mexa, rottweiler, vai abrir mais as suas feridas. - Ele me segura com maus força e olha para o final do beco. — Foram eles que fizeram isso com você ?

STALEC × WHAT IF ?Onde histórias criam vida. Descubra agora