Capítulo 5

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POV Meliodas
 

—Moça, você tá bem? — perguntei estalando os dedos na frente do rosto da minha nova defunta.

A garota parecia em sono profunda e respirava alto enquanto fazia biquinho. Ok, talvez ela não estivesse tão morta quanto parecia. Talvez… só um pouco morta.

—Devo fazer minha dancinha de vitória irresistível pra ver se ela acorda? — perguntei em voz alta andando em círculos pelo quarto. Me posicionei em frente à cama da enfermaria e comecei a dançar — O MEU BRILHO VOCÊ QUER, MEU PERFUME VOCÊ QUER MAS VOCÊ NÃO LEVA JEEEEEITOOOOOOOO…

—Shhh!!! — a enfermeira brigou comigo fazendo cara feia para minha pessoa — quer parar de gritar, mocinho? Aqui não é lugar pra isso.

—Desculpa, tia — murchei. 

—Pode voltar pra classe agora — ela respondeu séria — a aula já deve ter começado.

—Não posso — respondi inocentemente — preciso saber se minha amiga vai ficar bem. Não vou conseguir fazer nada na aula se não a vir de olhos abertos — Eu? Ir pra sala ter mais uma insuportável aula com o fóssil do Hendricksen? Mas nunca na sua vida.

—Se ela não acordar em quinze minutos, — apontou pra porta — fora daqui. Ouviu bem?

—Sim, senhora — respondi obediente. 

A enfermeira me deixou sozinho perto da cama e foi para a ala lateral da enfermaria. Não sei se ela reparou mas os uniformes de cores diferentes mostram claramente que eu e aquela garota não podemos ser amigos. Apesar disso notei a resistência dela em nos deixar sozinhos, o que provavelmente demonstra que se ela não percebeu nada, ao menos desconfiou.

—Acho que estarei em maus lençóis se você não acordar rápido — engoli um seco me aproximando da albina — sabe moça, você deveria ser mais cuidadosa quando anda. Por que não desviou da bola, fez um parkour, um teletransporte ou algo do gênero? Teria poupado trabalho pra mim e pra você e… ai!

Estava no meio de um discurso quando senti algo bater no meu queixo. Nunca faça discursos olhando pra cima, é o que eu sempre digo.

—Me desculpa… — disse uma voz suave. A garota estava massageando levemente a testa com os olhos fechados.

—AAAAAHHHHHHH — gritei assustado apontando o dedo pra ela.

—AHHHHHHH — ela gritou de volta assustada com o meu grito.

—VOCÊ TÁ VIVA!!

—OH NÃO!!! — passou as mãos freneticamente pelo corpo como se estivesse tentando saber se algo estava faltando.

—Espera… o que? — perguntei e ambos ficamos nos encarando por alguns segundos. Cutuquei a bochecha dela com o indicador vagarosamente para não assustar a criatura — você tá viva mesmo?

—V-V-Você não? — gaguejou encarando meu dedo como se fosse uma arma letal. 

—Pff… — a cara dela estava tão engraçada que não resisti. Comecei a rir desesperadamente como se minha existência dependesse daquilo.

—C-Com licença — gaguejou com o rosto completamente vermelho — porque estou aqui? 

—Hã… — cocei a nuca tentando controlar a risada e formular uma resposta ao mesmo tempo — você não se lembra?

—Lembro que algo acertou minha cabeça… ai! — pôs a mão na testa com uma careta — depois disso tudo ficou escuro. 

—Entendo — fiquei sério após um esforço hercúleo. Devo dizer que ela quase sofreu um traumatismo craniano por minha causa? Ok, devo fazer o que é certo — minha amiga estava treinando pro teste de futebol mas ela é estupidamente perna de pau e esse acidente acabou acontecendo.

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora