Capítulo 27

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A mensagem era igualmente assustadora:

—“Fique longe — ela leu em voz alta e parou ao se deparar com um símbolo estranho que ela não conhecia — ou afastarei você”. Mas que raio de símbolo é esse? — se questionou, encarando o bilhete — do que tenho que ficar longe? Quem está enviando isso e por que?

POV Elizabeth

—Esse símbolo — coloquei o dedo indicador sobre o bilhete — tenho absoluta certeza que já o vi antes, mas onde? 
Droga! Droga! Droga! Pense, Elizabeth! 

Encarei o símbolo por alguns segundos tentando assimilar aquelas formas familiares. Traços leves, porém firmes, angulosos e pouco chamativos. Poderia ser…

—Narthang — disse em voz alta, sentindo meus olhos se arregalaram pelo susto — não pode ser… mas é claro que sim! Droga! Por que justo Narthang? — choraminguei — eu sou extremamente vergonhosa em alfabeto Alexis.

É nessas horas que eu gostaria de ter sido uma filha mais dedicada e filial ao seu pai. Papai sempre diz que devemos aprender sobre esse tipo de linguagem de outros clãs porque podemos fazer negócios importantes futuramente, e estou pagando por não ter dado ouvidos a ele. Se ao menos eu fosse tão dedicada quanto Margaret… bom, agora não adianta chorar pelo leite derramado.

Mais do que depressa, comecei a procurar nas minhas prateleiras o dicionário de Narthang que meu pai me deu. A princípio eu não tinha levado aquilo muito a sério, já que dificilmente eu precisaria usar esse alfabeto na minha vida, mas agora parece que ele é a chave pra descobrir o que há por trás dessas ameaças estranhas.

—Ok… — suspirei profundamente, abrindo o livro sobre a escrivaninha.

A você, meu caro leitor que nunca abriu um livro em Narthang, eu devo adiantar que os livros escritos com essa finalidade estão inteiramente redigidos nesse alfabeto, o que requer um conhecimento mínimo da escrita para conseguir se localizar. Existem os símbolos que representam palavras inteiras, e existem símbolos que escrevem sílabas complexas. É algo complicado de explicar, mas que quando bem dominado pode poupar tempo para enviar mensagens codificadas e assim prevenir ataques. Posso não ter estudado como deveria, mas ao menos sei para que serve.

O símbolo em questão está sozinho, logo é suposto que está substituindo uma palavra e não uma sílaba. Isso já é um excelente começo. 

—Mas como o encontrarei aqui? — mordi o lábio inferior, encarando o livro ansiosamente. 

Pedir ajuda para Veronica estava fora de questão, a primeira coisa que ela faria era perguntar a procedência daquilo. E seria perigoso mostrar ao inimigo - seja lá o que fosse - que estava com "medo" dele. Alertar o restante da família e deixar o oponente saber só indicaria uma coisa: medo.

—Preciso lidar com isso sozinha — olhei desanimadamente para o livro.

Seria uma longa busca até encontrar aquele único símbolo que eu estava procurando. Eu poderia fazer uma cópia e dizer que é pra uma pesquisa da escola, certo? Não, sou uma péssima mentirosa, com certeza eles perceberiam minha gafe. Soltei mais um suspiro profundo e abri o livro corajosamente na seção de símbolos substituintes de palavras. Nem que eu tivesse que ler aquilo tudo, eu encontraria aquele caractere. 

Passei mais de duas horas naquela busca “incansável” que já estava bulindo com os meus nervos. Era bom que aquilo tivesse um significado estonteante porque já estava começando a me cansar. 

—Achei! — sorri animada ao finalmente - por uma baita sorte - encontrar o tal símbolo.

—Senhorita Elizabeth — alguém bateu na porta, me assustando. Droga, isso acontece com uma frequência desnecessária nessa casa.

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora