Capítulo 14

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POV Diane

Não sei exatamente como fui convencida pela Elaine (ok, talvez o motivo seja radiante como as novas lindas botas de couro que estou usando agora) mas de repente tenho a missão de tornar esse projeto de limonada azeda na rainha do baile do colégio. Isso vai ser bem mais complicado do que eu imaginei. 

—Se quisermos aumentar sua popularidade entre os não-nobres teremos que trabalhar sua imagem — eu disse girando um copo de chocolate quente entre as mãos. 

—Você sempre deixa suas unhas desse jeito? — ela fez uma careta e eu bufei.

—Elaine, você não está colaborando — reclamei e encarei minhas mãos disfarçadamente. Minhas unhas estavam tão assustadoras assim? Oh droga! As cutículas estavam enormes. 

—É — ela sorriu vitoriosa — está horrível mesmo. 

—Vamos voltar ao assunto inicial — fiquei séria e tomei um gole do meu chocolate. Eu tomaria isso para o resto da vida, a cozinheira deles é maravilhosa — temos que fazer você parecer próxima do público. 

—E o que sugere? — perguntou visivelmente desinteressada, cruzando as pernas e teclando em um tablet sobre seu colo.

—Liz Bumburush dará uma festa hoje — respondi e ela me encarou como se eu fosse uma doença contagiosa. 

—Não participo desse tipo de evento — deu de ombros e voltou à sua atividade. 

—Escuta — pedi e ela ergueu uma sobrancelha para mim. Eu sabia que teria poucos segundos para convencê-la antes que começasse a me ignorar completamente — se você for vista comigo os alunos irão te associar à imagem de uma pessoa mais… acessível. Isso vai te dar um enorme crédito com os não-nobres. Você não precisa ficar na festa muito tempo se não quiser, só tem que chegar lá por algumas horas e parecer “gente como a gente”. 

—Tenho que me vestir como você? — ela fez uma careta. 

—Se continuar fazendo cara feia vai acabar toda enrugada — eu disse séria e ela tocou o rosto brevemente, como se houvesse algum tipo de flacidez ali. Ok, pareceu funcionar — você não precisa se vestir igual a mim é só… hã, usar roupas de gente normal.

—O que? — droga! Falei bobagem.

—Suas roupas são extravagantes demais para uma festa de adolescentes — expliquei. Pela cara dela eu só piorei tudo. 

—Você quis dizer “elegantes” — ela corrigiu e tomou um gole de seu chá de camomila. Camomila parece não funcionar com essa daí, a criatura parece que nasceu azeda. 

—Que seja — dei de ombros — você topa?

—Aceito sua proposta — colocou a xícara sobre o pires em cima da mesa — é bom que isso funcione, senhorita Evi.

—É Hebi — corrigi — E qual é a dificuldade em falar Diane? 

—Você é exageradamente informal — ela descruzou as pernas como se estivesse coberta de razão. Bom, uma de nós estava.

—Não, é você que é formal demais — revirei os olhos — acho que devíamos escolher sua roupa. 

—Claro — ela se levantou delicadamente e fez um sinal com a mão para que eu a seguisse — esse é meu closet — disse abrindo uma porta dentro do quarto que dava para outro cômodo. 

Meu queixo quase caiu ao ver aquele “closet”. O cômodo espaçoso era dividido na metade da parede em dois pequenos andares igualmente abarrotados de armários planejados de cor dourado. O chão era forrado por um imenso tapete branco de pelinhos e havia varios pufes cor de rosa espalhados pelos dois ambientes. 

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora