Capítulo 6

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POV Diane

Estava eu chegando na tal mansão King às duas e quarenta e cinco em respeito a minha pontualidade. Na verdade, pelos hábitos comuns eu chegaria cinco pras duas mas fiquei com medo de me perder tentando chegar nessa bagaça de lugar e preferi sair bem mais cedo de casa. Não foi tão difícil quanto imaginei que seria mas quando se muda pra uma cidade nova, todo cuidado é pouco.

—Espero que eu esteja no ligar certo — conferi o esquema de Harley mais uma vez. 

A “casa” a minha frente era monstruosa o suficiente pra parecer um insulto chamá-la de casa. Sem dúvidas era grande demais pra morar seja la o que fosse. Quantas pessoas tinha a família que vivia ali dentro? Umas 45 no mínimo, talvez mais se quisessem que todo o espaço valesse a pena. Minha intuição dizia que ali devia existir no máximo quatro habitantes permanentes e aquela construção tinha algo de familiar. Como se eu já tivesse passado por um trauma como esse antes. Respirei fundo antes de subir os degraus de mármore em frente à porta e tocar a campainha.

Esperei alguns minutos e uma empregada veio atender. A mulher devia ter uns 35 anos, 40 no máximo. Não era alta e nem baixa, usava um coque que prendia todos os fios do cabelo castanho exageradamente penteado pra trás e selado com gel capilar. O rosto era delicado, porém suas feições graves tornavam difícil definir de cara se ela era uma pessoa simpática. Os olhos fundos e pequenos me olharam com um “quê” de desconfiança que fez todo meu corpo arrepiar e antes que eu pudeste ter qualquer reação ela disse: 

—Boa tarde, Diane Hebi. A senhorita King a está esperando — disse fazendo uma mesura um tanto quanto desnecessária.

—Hm... claro — respondi meio perdida e tentei imitá-la falhamente.

—Entre, por favor — disse saindo da frente da porta para que eu passasse.

—Obrigada. Qual é mesmo seu nome? — perguntei.

—Olívia — respondeu apenas — deve estar curiosa sobre porque eu sei o seu.

—Na verdade, imagino que Elaine tenha te contado. Não consigo imaginar um não-nobre entrando na casa de um nobre sem um preparo antecipado — respondi divagando enquanto me chocava com a imensidão da sala em que fui parar.

O ambiente era todo decorado em tons de creme, branco e caramelo, desde as almofadas até os sofás macios e o carpete felpudo no chão. Uma enorme televisão gigante como um tela maior que um painel de slide estava posicionada imponente na parede central do cômodo e por mais espaço que as prateleiras com decorações complicadas tivessem, não havia fotos ali. Talvez isso significasse que aquela era uma sala pra visitas, não um ambiente em que a família costumava se reunir intimamente.

—Você é bem esperta — Olívia elogiou simplesmente — siga-me.

A mulher subiu as escadas a passos largos e eu segui atrás dela me sentindo meio desconfortável no meio daquilo tudo usando meus velhos coturnos de guerra, um short jeans que julguei não muito velho e uma camiseta cinza de uma banda. O desconforto me atingiu com tudo quando ela abriu uma porta no meio de tantas centenas de outras naquela casa revelou uma enorme biblioteca como as dos filmes de animação. 

—Senhorita King, Diane Hebi chegou — Olívia disse em tom um pouco mais alto. Elaine saiu de trás de uma prateleira de livros com um volume vermelho de capa dura nas mãos e cara de poucos amigos. Engoli um seco desejando com todo meu coração que Harley aparecesse lá e me ajudasse a passar por aquela provação.

—Oi — cumprimentei meio sem jeito depois de ela me encarar por exatos quinze segundos.

—Olá — respondeu com desdém — pode ir, Olívia.

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora