Capítulo 17

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POV Autora

O dia transcorria normalmente no Colégio Secundário de Danafor, ou pelo menos tão normal quanto os conformes do possível. Após uma sequência de aulas intermináveis e cansativas do velho e capengado Hendricksen, havia finalmente chegado a hora do intervalo. 

Elizabeth sorriu para o sanduíche recém tirado de sua mochila e esticou as pernas na cadeira. Finalmente iria se permitir algum descanso depois de ter estudado tanta biologia. Antes de começar a comer, colocou cuidadosamente seu livro predileto, "O sinal dos quatro", em baixo da mesa para que não sujasse e pegou uma garrafa de suco em sua bolsa. 

Estava saboreando a primeira mordida, que estava tão deliciosa quanto imaginara, quando algo, ou melhor, alguém se jogou em sua mesa.

—Olaaa Elizabeth! — Meliodas disse animadamente com um enorme sorriso no rosto.

—O-Oi Meliodas — gaguejou tentando engolir uma folha de alface e não morrer engasgada no processo. 

—Parece gostoso — ele apontou para o lanche.

—Hã? Ah, sim! Quer um pedaço? — ofereceu timidamente. Não estava acostumada com aquele nível de intimidade mas pensou que seria falta de educação não oferecer depois daquele comentário. 

—Se não se incomodar… — disse com os olhos brilhando.

—De maneira alguma — sorriu um pouco mais confiante e entregou o sanduíche pra ele. O loiro deu uma mordida generosa e devolveu o lanche pra ela.

—Estava divino — ele suspirou fechando os olhos — que molho é esse que voce usa?

—É obra do meu pai — ela riu — ele não revela a receita pra ninguém. Diz que é “segredo de família”.

—Mas você é da família — franziu as sobrancelhas. 

—Ele diz que eu não sou digna — soltou uma risada baixa — papai, é um verdadeiro chef de cozinha, mas infelizmente eu não tive a sorte de herdar esse dom.

—Tenho certeza de que está sendo modesta, sua comida deve ser ótima — Meliodas fez uma careta.

—É ai que voce se engana — ela suspirou — mas obrigada pela confiança.

—Seja como for, tenho certeza de que não é pior do que minha comida — disse orgulhoso — poucos seres vivos sobreviveram após se deliciarem com os mortíferos pratos que eu preparo. Dizem que é de matar — brincou e Elizabeth soltou uma risada — mas por curiosidade, quem fez seu sanduíche?

—Temos uma moça que ajuda a cuidar da nossa casa. Meu pai paga ela para fazer nossas refeições, arrumar a casa e lavar nossas roupas — explicou.

—“Meu pai me criou no meio dos não-nobres para eu aprender a me virar” — o loiro disse numa falha tentativa de imitar a voz dela.

—Bobo — ela fez uma careta.

—O salário dessa mulher deve ser pelo menos três vezes o saldo da minha conta bancária — ele riu — na verdade, bem mais que isso. Afinal três vezes zero continua sendo zero. 

—Isso foi bem trágico.

—Sim.

Silêncio. 

Meliodas sorriu e apoiou uma das mãos na mesa, encarando a janela que estava a poucos metros de distância. Elizabeth aproveitou a oportunidade e baixou o olhar para seu sanduíche, tentando fingir que ele não estava ali. Doce ilusão.

—Princesa, você quer ir ao baile rubi comigo? — ele perguntou esperançoso, fazendo com que Elizabeth falhasse imediatamente sua mordida.

A albina ficou parada processando aquele convite enquanto um milhão de fogos de artifício explodiam dentro dela. O baile rubi era o lugar onde a mágica acontecia, onde os sonhos se realizavam e as bruxas dançavam samba com fadas e duendes felizes. Aquela era a oportunidade perfeita…

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora