Capítulo 10

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POV Elaine

A mansão King pode ser muito solitária às vezes, principalmente porque nem sempre sua amiga pode estar 24 horas na sua casa apenas por causa da sua vontade. Chris tem a própria vida, não posso simplesmente querer que ela fique todos os dias comigo só porque meu irmão idiota prefere trazer aquele bando de amigos mendigos pra casa, lê-se "Ban". Odeio aquele garoto. 

A quem eu quero enganar? Só estou com ciúmes porque meu irmão parece gostar mais daquele garoto estranho do que de mim e esse é um dos momentos do mês em que mais preciso de atenção. Quase toda garota tem um período de carência um pouco da antes da menstruação em que ela precisa se sentir amada e querida pelas pessoas a sua volta. Nessa época parece que todos os problemas se juntam e quanto mais amada você se sente, menos essa fase te afeta. O problema é que a fase chegou e eu me sinto completamente abandonada. Sinto muita falta dos meus pais, principalmente da minha mãe.

—Se ela estivesse aqui, talvez eu teria uma companhia para conversar — sorri solitária para o meu reflexo no espelho. Não deu outra: segundos depois eu estava chorando pra morrer — Elaine King, a personificação da a imagem da nobreza de Lionessy chorando como um bebê por causa do excesso de hormônios. Sua uma vergonha para minha espécie — tentei engolir o choro mas foi em vão, uma vez começado não havia como parar as lágrimas. 

Fiquei com um pouco de medo de Harley chegar e me ver naquele estado, então fui para um lugar em que ele nunca me procuraria: meu antigo quarto de brinquedos. Não entro lá faz alguns anos, mas estava disposta a qualquer coisa que não se incluísse em me sentir rejeitada ou um fardo. Definitivamente não é o que eu preciso agora. 

Entrei no quarto caminhando o mais rápido que pude e encostei a porta, no fundo eu queria que Harley me encontrasse e me desse colo e carinho, mas preferi dizer pra mim mesma que eu podia passar por isso sozinha quando eu não tinha que fazer isso. Suspirei antes de encarar aquelas coisas todas e fiz o que sempre faço quando estou muito nervosa, comecei a brincar com o medalhão que meu pai me deu no meu aniversário. Por dentro da peça de ouro havia o brasão da minha família e por alguma razão ficar girando aquilo me dá uma sensação de segurança. Meus antigos brinquedos davam uma sensação nostálgica e boa, porém ao mesmo tempo dolorosa. Muitos deles foram comprados em momentos que marcaram minha infância. 

Engoli um seco ao passar ao lado de uma arvorezinha decorativa de aproximadamente cinquenta centímetros, sua constituição era tão realista que ela parecia ser de verdade. Me lembro exatamente do dia em que a compramos, mamãe havia me dado de presente. Ela estava linda naquele dia, usava um chapéu decorado e um lindo vestido amarelo. Mamãe amava roupas coloridas, talvez porque passou boa parte da vida usando preto e variações num castelo vampiro amaldiçoado. Era uma Alexis, afinal.

—Sabe mamãe, — me sentei em frente à árvore, ignorando o quão idiota e infantil era conversar com aquele objeto — eu não soube nada sobre você. Me lembro vagamente do seu cheiro e de como você sabia diferenciar roupas originais e falsificadas apenas com o toque — sorri com a lembrança e segurei um dos galhos da árvore — sabe… o papai não fala muito sobre você. Eu não quero me sentir um fardo, mas estou me sentindo tão sozinha! Estou tentando ser uma boa filha, mamãe. Estou mesmo… — funguei sentindo as lágrimas se aproximarem — Por que as coisas não estão ficando mais fáceis? Você também sentia medo? Também quis se casar e ter filhos pra não se sentir tão só?

Destruindo a última gota de dignidade que me restava, peguei a árvore do chão e a coloquei no colo, abraçando o tronco áspero e ignorando as folhas irritantes que insistiam em se enroscar nos meus fios de cabelo. Se não tenho ninguém por mim, ao menos abraçarei uma árvore. 

POV Ban 

Foi muito legal ter andado de limusine pra vir à casa do King (sim, praticamente moramos aqui), principalmente quando você é o amigo pobre do bando que o máximo de luxo que tem é viajar de avião uma vez na vida e outra na morte. Bom, salvo pelo Meliodas. Ele é mais pobre do que eu. 

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora