Capítulo 33

112 8 3
                                    

POV BAN

—Duas palavras Arthur… EU VOU TE MATAR! 

—Foram quatro palavras Ban! 

—Não é hora de contar! Cala a boca e corre!

De alguma forma inesperada (lê-se Arthur foi comprar briga com dois caras que estavam de guarda nas montanhas porque jurou que dava conta do recado, mas foi surpreendido por um bando deles), estávamos correndo loucamente de um grupo possesso que queria nos pegar. Elaine tem uma resistência física mais vergonhosa que a de seu irmãozinho de porcelana e o escravo aqui teve que carregar a madame… além das três mochilas que já estava carregando!

Bom, meio que não deu tempo de devolver a mochila do Arthur na nossa fuga. Se eu fizesse isso teríamos perdido segundos importantes e nossas vidas estariam arriscadamente arriscadas. Prioridades, certo? Certo. 

Moral de hoje: não chame a atenção do inimigo sem necessidade (a menos que você seja um atleta preparado para correr uma maratona num terreno montanhoso ou que esteja muito louco. Das duas, uma). 

Depois de muito correr e nos enfiarmos em lugares que eu jurava que nunca mais sairíamos com vida, conseguimos finalmente encontrar um lugar relativamente mais “seguro” mas estávamos completamente perdidos. Tipo, mais do que antes. 

Era uma espécie de clareira. Sei que parece estranho dizer isso uma vez que estávamos numa montanha, mas isso é totalmente possível na Grand Ville. Vai por mim, essa montanha é puro mato, árvore e morro. Corri uns bons quilômetros nessa terra sem lei, mas sinceramente não recomendo. 

Enfim, a clareira era ladeada em parte por uma parede alta e rochosa de montanha sem vegetação, o resto era uma espécie de espaço aberto, cheio de florzinhas amarelas. Acho que estamos terrivelmente perdidos. Se eu estivesse em desespero total eu realmente ia sentir falta do Roger. 

—Acho que me machuquei — Arthur mostrou um ferimento perto do abdômen — deve ter sido durante a luta. O que vamos fazer agora? Estamos perdidos — ok! Começo a sentir falta do Roger 

Elaine se abaixou no chão e começou a juntar umas pedrinhas 

—Ótimo! Ficou louca! Está escrevendo SOS não está? Ninguém vai vir nos salvar, sua Idiota! — ela me ignorou e continuou o que estava fazendo 

Depois de alguns minutos de intensa concentração e alienação à voz da razão (lê-se minha linda voz) Elaine se levantou e limpou a poeira da calça com os dedos.

—O helicóptero está pra lá — apontou para uma trilha tortuosa entre a extensão da parede de pedra e o precipício. 

—Como sabe disso? — perguntei.

—Roger me ensinou algumas noções básicas de localização e segundo me lembro colocaríamos o helicóptero a Oeste da trilha principal que leva à fortaleza — respondeu, provavelmente muito orgulhosa de si mesma. Com um noivo especialista em terra até eu… não, espera. 

—Que seja — dei de ombros fingindo indiferença (n.Autora: mas se mordendo de ciúmes por dentro) — o que fazemos com o Arthur?

Ela me ignorou novamente e começou a mexer numa das mochilas, tirando um kit de primeiros socorros de dentro dela. A loira se sentou do lado dele e ordenou:

—Levante a camisa.

—S-Sim, senhora — ele gaguejou levemente apavorado. Bom, eu também entraria em desespero se ela subitamente me pedisse pra levantar a camisa. 

Sejamos sinceros, eu tenho um rosto de fazer inveja em 90% da população mundial (os outros 10% tem deficiência visual e por isso não conseguem ver minha bela face), mas isso não significa que meu corpinho seja igualmente belo. Na verdade, o fato de eu ser alto complica bastante a minha condição também. Trocando em miúdos, sou um cara consideravelmente magrelo, mas ela não precisa saber disso. 

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora