Capítulo 39

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Meliodas encarava a mãe com uma expressão confusa, mas que provavelmente não conseguia expressar de fato toda a confusão que ele estava sentindo. Depois de voltarem de Camelot para Danafor, ele ainda não havia escutado qualquer tipo de explicações da mãe e esperou “pacientemente” até que chegassem em casa para confrontá-la. Eliandra o encarava sem expressão. De qualquer forma, a hora de contar a verdade pra ele havia chegado. 

—E então? — Meliodas cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha em sua direção — foi por isso que me abandonou quando eu era só uma criança? Pra viver com sua família nobre e abonada?

—Solzinho, você não entende — ela bufou e cruzou as pernas, se ajeitando na poltrona da sala.

—Tem razão, mãe. Eu não entendo mesmo — fez uma careta — e continuarei a não entender se você não me explicar. Por acaso se apaixonou por um não nobre, teve um filho com ele e precisou me esconder? Por que essa é a única explicação plausível que eu consegui pensar.

—Não é tão simples assim — suspirou — comecemos pela parte de que o seu pai é o cara mais nobre que você conhecerá em toda a sua vida.

—Meu pai está morto.

—Não, o seu pai está bem vivo e como eu já te disse, voltará em breve. Eu planejava esclarecer tudo quando ele finalmente voltasse, mas não esperava que você fosse aparecer em Camelot.

—Tá, então ele nos abandonou — sugeriu, mais perguntando que afirmando.

—Que tal parar com essas suposições aleatórias e apenas escutar o que eu tenho a dizer? — ela revirou os olhos. Meliodas nunca tinha visto sua mãe se irritar com ele, pelo contrário, ela o tratava como uma joia. Agora parecia que estava prestes a ver esse momento inédito acontecer — O seu pai nunca nos abandonaria.

—Então onde ele está? 

—Em exílio.

Silêncio.

—Mas espera… ele não é a pessoa mais nobre que você já conheceu? — fez uma careta. 

—Seu pai foi enganado — respondeu com pesar — aconteceu quando você não passava de uma criancinha. Seu pai tinha acabado de voltar de uma missão, e como todas as vezes que fazia isso, foi tomar chá com o seu avô. Porém, alguém envenenou o chá e o velho quase partiu dessa para melhor. Pode imaginar em quem ficou a culpa.

—Naturalmente — Meliodas deu de ombros.

—Mas ele é inocente, ele jamais faria isso — ela deu um soco na poltrona que o assustou — alguém armou pra ele, eu tenho certeza absoluta!

—Certo… deixa eu ver se eu entendi — engoliu um seco — depois disso ele foi exilado e eu fui abandonado por…?

—É uma longa história — cruzou as pernas na direção oposta a que estava antes — que eu posso começar a explicar pelo seu sobrenome.

—Ok… Sicksella não parece um nome nobre.

—E é exatamente porque não é um — deu de ombros — quero dizer, mais ou menos. Vire “Sicksella” do lado contrário e terá “Allesckis”, uma variação de escrita de Alexis. Se escrever esse sobrenome em Narthang é exatamente assim que soa.

—Espera, espera, espera — Meliodas soltou uma risada sem humor algum — está me dizendo que…

—Que você é um Alexis? — ergueu uma sobrancelha — exato. Mas as pessoas aqui de fora não podiam saber disso. Fiz essa troca para proteger você, esse foi meu esforço para manter sua identidade sem colocá-lo em risco. 

Minhas CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora