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A DAMA

Se passou um dia desde que eu e Alec estávamos sozinhos e sabendo se virar do nosso jeito. Eu dormi junto com ele em baixo de uma árvore gigante, cheia de folhas e galhos. Não passei tanto frio hoje, pela manhã eu já estava disposta a continuar a caminhada procurando por alguém.

Que chatice, eu estava podre. Não consigo gostar muito menos me acostumar.

Eu estava um caos, eu precisava tomar banho. Droga. Como será que Justin estava? Espero que não esteja sozinho.

Escutei alguns barulhos vindo do meu lado esquerdo. Eu olhei atenta para aquele lado, que porra, eu não tinha como me defender. Ecoei indo para trás. Espera aí. Justin? Era o Justin? Caralho. Não acredito numa coisa dessas. Ah, meu deus, é ele mesmo.

  — Angel? — ele disse me vendo. Puta que pariu, que benção, ele tá vivo e sem nenhum arranhão, na verdade tinha alguns. Meu coração disparou vendo que estava tudo bem com ele, fui até ele e pulei no seu colo o abraçando com força. Porra. Era tudo que eu precisava. Ele me segurou no colo. Graças a Deus estava tudo bem e nos estávamos juntos. — Caralho, eu pensei que tu já tivesse morta uma hora dessas. — Ele me falou. Nossa, que tipo de namorado ele é? Eu não sou tão inútil assim, eu ignorei o que ele disse pra mim, não vale a pena discutir agora.

  — Tá tudo bem? — Perguntei me soltando dele e olhando para o seu rosto.

  — Tá, gata. — Ele me disse. Eu olhei para o lado. Que porra é essa? Que merda que essa biscate estava com ele? Respirei fundo pra não voar no pescoço dela imediatamente.

  — Olá Angel. — Ela disse toda cínica. "Olá Angel". Ah, eu vou dar um tiro na cara dela, quem ela pensa que é? Eu não estava acreditando que o Justin manteu ela viva, por que? Ela tinha que queimar no fogo do inferno por isso, vai tomar no cu.

  — Eu vou te matar. — Ah, que se foda, eu vou matar ela com as minhas próprias mãos. Fui pra cima dela, mas o Justin me puxou pela cintura. Que porra! Ela precisava morrer, assim meus problemas iriam acabar, ela é uma pedra do meu sapato. Ah, que raiva. — Me solta, Bieber. — Eu falei irritada pra ele. Amber cruzou os braços me olhando, eu iria adorar deformar essa cara de vaca.

  — Ninguém vai matar ninguém até nós sairmos daqui. — O que? A vida dela não faz diferença nenhuma. Eu vou matar ela. Ela quase me explodiu num avião!

  — Justin, ela quase me matou! — Eu falei pra ele.

  — Angel, a gente precisa ficar em grupo, quanto mais gente melhor. — Eu olhei pra ela muito puta. Eu vou dar um tiro nele também se ele não me soltar.

  — Eu faço isso. — Alec disse indo pra cima dela. Olhei pra ele e sorri de canto. Meu irmão é incrível. Amber veio pra trás do Justin não deixando o Alec chegar perto dela, ah claro, só porque o Justin está defendendo ela. Espera aí, ele tá defendendo ela por quê?

— Qual o seu problema Justin? — Perguntei pra ele. Ele pegou a minha mão e me puxou para o canto. Lá vem, é ótimo que ele tenha um bom argumento pra que eu não estrangule aquela vagabunda.

  — Acredite, a gente precisa dela. — Assenti ironicamente. Eu nunca vou precisar dela. — Amber tem uns primos que moram aqui, se nós acharmos eles a gente consegue sair daqui.

Eu deu risada. Ah, claro, e ele espera que eu acredite? Eu não sou trouxa.

  — Ela tá mentindo pra ganhar tempo, J! — Falei a ele óbvia.

  — Eu sei que ela tem família aqui Angel, desde quando nos namoravamos, infelizmente ela não tá mentindo. — Ah, mas que bosta. Eu não acredito que vou ter que poupar a vida de uma biscate só porque ela pode me tirar desse inferno, mas qual é, foi ela quem meteu a gente nessa. Que vontade de pelo menos dar uma surra nela. Olhei para ela e para o Alec que discutiam. Eu vou chorar. — Ela tinha um celular, mas ficou fazendo cu doce pra me entregar e a bateria foi pro pau. — Passei minha mão pelo rosto e bufei. Que merda.

  — A gente tem que continuar andando. — Falei pra ele. — Alec, vamos. — Eu falei chamando o meu irmão. Eu não sei de onde eu acho forças pra continuar andando, eu tô podre, é muito foda, minhas pernas latejavam, eu só andava de carro nos Estados Unidos.

  — Espera aí. — Justin falou. Eu olhei pra ele. — Teu pé tá todo fodido mano. — Ele falou olhando para os meus pés, eu tinha até aberto a sandália pra que ela não me machucasse. — Tu não fez nada pra ajudar ela não, mano? — Justin perguntou pro Alec.

  — Ela não me falou nada, eu não tenho bola de cristal pra adivinhar. — Meu irmão respondeu pro Justin. Respirei fundo.

  — Quanta frescura. — A vadia idiota passou na minha frente falando. Frescura é a minha enrolação pra matar ela. Otária.

  — Tira esse bagulho aí. — Justin falou pra mim tirando o seu tênis e a sua meia. Ah, seu tênis era um show, eu confesso, uma das melhores marcas de tênis e super bonito, mas é sério mesmo? Eu não uso tênis, sem falar que não vai combinar com a minha roupa.

  — Qual é Justin, eu não vou coloc...

  — Vai logo Angel, eu não vou ficar te carregando no colo. — Ele falou.

  — E você vai andar com o que? — Tirei minhas sandálias. Falei pegando a sua meia e a colocando.

  — Eu fui criado no Brooklyn, não tinha essas mordomias. — Ele iria andar descalço? Meu Deus, imagina se ele pisa em um escorpião. Caralho. Ele é doido de andar descalço num lugar desses. Peguei o seu tênis e coloquei. Ah, meus pés ficaram muito mais confortáveis e iriam ficar quentinhos, eles estavam gelados. Por mais que estivesse calor não é legal ficar com o pé gelado né. Deixei minha sandália pra lá e comecei a acompanhar o Justin, o meu irmão e a biscate.

— Ah que inferno ficar nesse lugar. — Amber comentou. Inferno? Esse lugar?

  — Inferno mesmo é ter que ouvir a sua voz. — Eu falei. Eu achava que estava no inferno perdida nesse lugar, mas ainda isso conseguiu ser pior.

  — Pra que lado a gente vai? — Justin perguntou pra ela.

  — Olha, eu ainda não faço a mínima ideia de onde a gente esteja, eu só estive aqui quando eu tinha 15 anos. — Amber respondeu o Justin. — Falando nisso, não é a sua idade, Angel? — Ela perguntou cínica. Olha eu não vejo qual o problema de eu ser tão nova. Eu sou muito mais madura que muita gente. Inclusive certas pessoas como ela.

  — Eu acho que a minha idade não é da sua conta. — Falei pra ela olhando ao redor, eu estava morrendo de fome e sede. Não tinha nenhum fruto aqui? Nem uma maçã. Ou uma poça de água. Caralho, agora eu sei como as crianças da África vivem, não pensei que fosse tão foda assim. A última vez que eu comi foi uma ameixa que estava muito ruim ontem a tarde. — Eu tô com fome. — Reclamei.

  — A gente precisa caçar alguma coisa. — Alec disse. Caçar? Eu esperava que ele falasse "vamos achar uma árvore pra comer algumas frutas", quem sabe um morangueiro? Ah, eu adoro morango, mas nós nunca achariamos um morango aqui.

  — E como você espera que a gente faça isso? — Amber perguntou. Ela não tinha que perguntar nada, ela era a única pessoa inválida aqui, devia de calar a boca e achar o caminho, ela já fez muita merda pra uma pessoa só.

  — Com a arma do Bieber. — Alec disse. Eu olhei pro Justin, caralho, ele tinha mesmo uma arma? Ah, que coisa mais maravilhosa, nos tínhamos como se defender. Alec é um ótimo observador, eu nem tinha percebido que ele estava guardando uma arma. Fui até o bolso do Justin e a peguei. Eu gritaria de felicidade, ela estava completamente carregada.

  — Olha que legal, Amber, agora eu já posso meter uma bala na tua cabeça. — Eu falei pra ela. Justin tomou a arma da minha mão e guardou novamente.

  — Ninguém vai gastar essas balas atoa. — Cacete, Justin é um chato.

  — Você podia dar um tiro em alguma coisa, podia chamar atenção de alguém. — Amber disse pra ele. — Daqueles seus amigos babacas por exemplo.

  — Quem sabe ele não atira em você? — Perguntei pra ela.

  — Cala a boca Angel, eu não tô falando com você. — Amber disse pra mim. Como é que ela pode erguer a voz pra mim? Eu mesma posso dar o tiro então.

  — Vem calar. — A desafiei.

  Eu levei um susto com o tiro que eu ouvi. Caralho, Justin não podia avisar? Puta que pariu. Isso foi alto pra caralho. Respirei fundo, se bem que não foi uma má ideia dessa vadia, o tiro iria atrair as pessoas em volta e espantaria os animais. Foi bem pensando, mas não dou créditos nenhum a ela.

  — Pensei que ninguém ia gastar balas atoa. — Alec falou irônico pra provocar o Justin.

  — Caralho, não dá nem pra negar que vocês dois são irmãos. — Justin falou pra nós. O que? Por que? — Vocês adoram provocar uma briga. — Ela tentou me matar, o mínimo que eu posso fazer com essa biscate é atormentar a vida dela até nós acharmos alguém que possa nos ajudar, caceta.

  — É, Gerald ensinou, sabe? Aquele cara que tu matou. — Alec passou na frente do Justin batendo seu corpo contra o dele. Justin se irritou. Eu não quero ver eles brigando, fala sério, a única quem deve ser morta da pior forma possível é essa biscate. Nós três deveríamos estar contra ela, não só eu.

  Peguei na mão do Justin as entrelaçando. Ele me olhou.

  — Ele não consegue superar perdas. — Falei pro Justin.

  — Alec? — Ouvi a voz da Caitlin. Olhei pra trás, realmente, foi uma ótima idéia da vadia. — Ah, graças a Deus eu encontrei vocês. — Caitlin disse vindo abraçar eu e o Justin rapidamente juntos. E depois foi abraçar o Alec. Fazer o que, eu fico feliz que ela esteja bem. Ela desistiu de abraçar o Alec quando viu a Amber e foi correndo pegar ela pelos cabelos. Ah, meu deus, Caitlin eu definitivamente sou a sua fã. Eu coloquei a mão na boca rindo daquilo, o pouco que eu ensinei a Caitlin dava pra ela dar uma surra na Amber. Eu vivi pra ver isso, cadê o meu celular? Droga, eu tô sem celular. É ótimo ver isso ao vivo. É, sério, não tinha como não rir. — Você é uma vagabunda, olha a merda que você me deixou e ainda me enviou nesse fim de mundo longe da minha filha sua piranha lazarenta! — Caitlin falou puxando ela pelos cabelos. Justin me olhou sério, fazendo uma cara pra eu parar de rir, me desculpa, não tem como, a Caitlin tá metendo o louco naquela vagabunda, quem é que não quer ver isso?

  — Aí! Me solta! — Amber disse. Amber deu uma cotovelada na Caitlin e empurrou ela pra longe. Alec foi segurar a Caitlin. Caitlin havia tirado um bom maço do cabelo da Amber.

  — Qual é, Bieber. — Eu falei rindo demais. — Vai dizer que isso não é engraçado.

Justin virou a cabeça pra baixo e segurou o riso. Eu não sei como ele segura a risada, não sou capaz disso, eu rio na cara de pau mesmo.

  — Relaxa Caitlin. — Alec segurou ela com força impedindo da Caitlin fazer um estrago na Amber. Isso foi hilário.

Respirei fundo. Eu adorei.

[...]


BIZZLE


A gente precisava descansar. Estava ficando noite e frio, não dava pra enxergar quase nada.

  — Alguém precisa ficar de vigia. — Caitlin falou.

  — Pra que? — Amber perguntou.

  — Pra que você não acorde no meio da noite e tente matar todo mundo. — Angel respondeu grossa. Essa garota não é fácil de lidar.

  — Eu fico. — Eu falei.

  — Ótimo, porquê eu tô podre. — Caitlin disse se sentando no chão. Nós tínhamos encontrado uma "caverna" não é bem uma caverna, era pequeno, menor que aquelas casas de palha dos índios, mas estava ótimo pra quem não tinha onde cair morto.

Eu me sentei no chão também. Olhei pra Angel.

  — Você não tá achando que eu vou sentar encima do barro né? Eu prefiro muito mais sentar no meio do mato. — Angel me disse. Como é que ela consegue ser tão mimada? Caralho. Puxei ela pela mão e fiz ela se sentar no meu colo. A Angel tava gelada pra porra, e o foda é que eu nem tava com nenhuma jaqueta. Alec estava tentando acender um fogo, eu falei que era em vão, não vai dar certo. — Você nem acredita o que eu encontrei no meio da mata. — Angel me abraçou contando. — Uma anaconda, Justin foi horrível, ela tinha uns 7 metros de comprimento e ia me atacar. — Olhei pra ela prestando atenção no que ela dizia. Caralho, eu já ouvi falar que tinha esses bichos por aqui. — Depois o Alec acertou um facão nela e a gente saiu correndo. Foi muito louco. — Ela continuou dizendo. Que sorte mano, eu queria ver um desses bichos aqui, mas o máximo que eu vi foi um monte de inseto. Estava um tédio, quem tava vivendo toda a aventura era a Angel, e ela nem aproveitava isso. Eu não sei como eu gosto dela, é sério, a gente é diferente em certos aspectos. Se nós tivéssemos uma vida normal nunca daríamos certo.

— Engole essa Bieber. — Alec disse pra mim conseguindo acender um fogo. Uau. Eu não esperava que ele fosse conseguir acender aquilo com um pedaço de madeira. Eu ignorei. Que merda.

Depois de pelo menos umas duas horas todo mundo estava quase caindo no sono. Eu não, eu ficaria de vigia, eu tinha dito. Encostei a cabeça da Angel no meu ombro enquanto ela dormia. Eu vou estar podre amanhã de manhã, Angel dormiu no meu colo. Olhei pro lado vendo que aqui o céu era estrelado pra porra, era muito massa.

Passei a minha mão no cabelo dela. O cabelo dela é ótimo pra se segurar durante um boquete. Ah, nem posso pensar em sexo que eu já fico de pau duro, ainda mais com ela do meu lado.

  — Por que você não desiste dela? Nós sabemos que você só queria ela por status. — Alec me disse. Olhei pra ele mesmo estando bem escuro, a lua iluminava um pouco do ambiente, era lua cheia aqui. Demais. Ele vai entrar no assunto da Angel? Eu não devo satisfação do meu relacionamento com ela, não preciso da aprovação dele pra ficar com ela. Ela é minha agora, e não dele.

  — Ela é mais que isso agora. — Falei pra ele. — E você sabe que eu me importo com ela. — Eu falei pra ele. Alec riu pelo nariz.

  — Eu não sei como ela pode gostar de alguém como você. — Eu revirei os meus olhos, essa mania da Angel estava passando pra mim, que merda. Eu não sei porque o irmão dela tava falando desse jeito. Ele não é uma das melhores pessoas do mundo, não é nenhum Barak Obama.

  — Não somos muito diferentes. — Eu falei pra ele. — Por que você não me deixou explodir naquele avião? Pensei que a sua vingança por mim é muito maior do que o teu laço com ela. — Eu toquei no assunto, não espero que ele fale alguma coisa boa em relação a mim, espero que ele fale que a Angel é realmente mais importante que essa merda toda.

  — É claro que eu priorizo ela, otário. Ela é a minha irmã, e se eu não te matei ainda é por causa dela também. — Que fraco, ele podia admitir que não conseguia meter nem se quer uma bala em mim. Eu vou fingir que seja só por isso mesmo. — Considere isso como uma troca de favores, você salvou a vida da Caitlin e da Megan, eu posso poupar a tua vida por uns meses. — Eu ri, claro, e eu deveria agradecer por isso? Ele tá maluco, mas pelo menos ele não vai ser um pé no saco por um bom tempo.

  — Que fofo, ele tem sentimentos. — Amber falou pra ele acordada. Que biscate. Eu desisti de conversar com o Alec já que ela iria entrar no assunto.

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