Capítulo 20

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POV REBECA

- Acho que eu já posso andar né? - falo enquanto o Pablo me carrega até o quarto.

Três dias se passaram desde do dia que eu recebi alta do hospital. Pablo e minha mãe não saíram um minuto sequer do meu lado. O Pablo me trata como uma boneca de porcelana que não pode pisar com o pé no chão.

- Nada disso. Você não pode fazer nenhum esforço. - ele me deita na cama. O mesmo se deita do meu lado.

- Você tem falado com a sua mãe? - fico fazendo cachinhos em seu cabelo.

- Não. Não falei com ela desde o dia que ela... - ele para de falar no meio da frase.

- O gato comeu sua língua foi? - começo a rir, mas ele permanece sério.

- Vamos mudar de assunto? - ele se senta e eu faço o mesmo.

Tem alguma coisa errada ai.

- Fala Pablo. - digo com a voz firme.

- Que dia você volta para escola mesmo? - ele tenta fugir do assunto.

- Pablo! - minha voz está alterada.

- Tá, tá bom. Foi ela quem doou o sangue para você. - ele tenta não fazer contato visual comigo.

Mas porque que foi a mãe dele que me doou sangue para mim? E não o meu pai ou a minha mãe? Será que eles estão com alguma doença, e por isso não poderiam doar o sangue?

- Minha mãe está em casa, Pablo? - tiro a coberta de cima de mim e levanto.

- Não... Eita, acabei de lembrar que tenho um dever para fazer. Vou lá em baixo pegar meus cadernos. - ele tenta sair do quarto mas eu o seguro pelo braço.

- Te conheço muito bem, bem até o ponto de saber que você está escondendo algo. Anda Pablo, me fala agora. Por que meus pais não doaram o sangue? - já estava começando a ficar nervosa. Eu segurava o seu braço com bastante força.

- Você sabe que eu te amo muito, mas acho que isso é assunto para você e seus pais conversarem. Eu não quero me meter nisso. - ele me abraça.

- Não adianta me abraçar. E você está me deixando preocupada com isso. - me solto do seu abraço e me deito na cama de novo.

- Faz assim, vai tomar um banho que eu faço um lanche para você, assim você se acalma. E quando seus pais chegarem vocês conversam. - ele se ajoelha do lado da cama para ficar de frente para mim.

[...]

Todos estavam lá na cozinha. Essa era a minha chance.

- Eu preciso falar com vocês. - eu fico de frente para os meus pais na mesa.

- Claro, minha filha. - minha mãe toma um gole de suco.

- A conversa é entre família. Vou lá para o quarto. - o Pablo fala e se levanta. Mas eu o seguro pela camiseta

- Não, você fica. É melhor você ficar aqui do que lá no quarto. - o mesmo se senta.

Meus pais me olham sérios.

- Eu fiquei sabendo sobre a doação de sangue. - meus pais logi mandam um olhar matador para o Pablo - Ele não queria me falar, e só falou quem foi que me doou o sangue. Mas, uma coisa que não entra na minha cabeça é, o porquê que não foi nenhum de vocês dois. Pelo o que eu saiba, vocês têm uma saúde muito boa. Ou não tem? - eu falava rapidamente, mas em nenhuma hora eu desviei o meu olhar dos meus pais.

- Nós continuamos tendo uma saúde boa. - meu pai se pronúncia.

- Vocês não doaram por que não quiseram? - meus olhos já estavam ardendo.

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