Capítulo quatro

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Amanda 

Já faz uma semana que tenho trabalhado com fones de ouvido e não tenho dado muita atenção para eles. Faço apenas o meu trabalho que é montar pratos e cozinhar somente isso. Não tenho problema nenhum e seguir rotina, ambos tentaram me chamar para sair no sábado apos terem me dado um cano no jantar, mas não sei se ja contei sou otima em ignorar as pessoas quando estou brava. E eles sabem disso e isso tortura eles pois eles nunca sofreram com esse meu lado, pois nunca consegui ficar um dia inteiro sem falar com eles.

Hoje é sábado e eu tem um bar que quero ir hoje e sei que não tenho muita escolha a não ser hastear bandeira branca e chamar os dois para ir comigo, mas meu celular toca na hora.

— Fala Veve... Qual a boa de hoje? — minha amiga Verônica curte rock como eu, ja trabalhamos juntas em alguns restaurantes e além disso ela fez escola de gastronomia comigo, sempre saimos juntas.

—Deliciosa, vamos no Bar da Avareza, uma banda de um amigo meu vai tocar lá e sei que você é super fã de Guns, Whitesnake e Kiss.. Eles tocam a maioria dessas bandas, e ai topa? Te busco em 40 minutos! — ai como eu amo essa mulher!!!

—Jura? Eu tava querendo sair hoje ouvir um rock e beber com pessoas diferentes que não sejam esses dois imbecis que moram comigo... — ela ja cai na risada e sinto que tem merda ai!

— Eles dois também vão! Eles conhecem os meninos e foram convidados! — só pode ser brincadeira — Mas você vai comigo e volta comigo! Jaja to ai beijos!— desliga antes que eu possa me despedir ou reclamar mais deles dois.

Quando saio do quarto sinto o cheiro do perfume do Cauã vir e me dar um tapa, mas quando o Rafael sai do quarto com uma calça jeans o coturno dele e a camiseta do Guns e uma jaqueta de couro com dois capacetes na mão sinto um arrepio de arrependimento de não falar com eles a semana toda, mas ele nem se da ao traballho de olhar na minha cara quando passa por mim em direção ao quarto do Cauã.

— Vamos caralho, as minas estao esperando já! — sinto um soco me atingir!

— To pronto! — fala saindo do quarto com uma calça preta uma camiseta cinza do Kiss e a jaqueta de couro, cabelo molhado ainda meio despenteado e o perfume os dois se misturam me fazendo engolir em seco, ambos passam por mim e saem conversando algo que nem dou atenção.

Sobem nas motos e escuto uma buzina sei que é a Verônica, saio tranco a porta e passo por eles e sinto os olhares me queimarem, acharam mesmo que seriam só eles a sair? E quando olho no carro a Verônica está atras com um cara e o irmão dela que parece o Henry Castelli naquela novela que ele fez um rockeiro que tinha uma mecania e um bar, então ele é identico... Lembrei o nome da novela, foi a unica que assisti só por causa desse personagem era "Sol Nascente" e o nome do personagem era "Ralph" amava aquele personagem todo tatuado, rockeiro, amante de moto. Quando entro no caro e o Renan me cumprimenta com um sorriso no rosto fico imaginando a cara dos dois pestes que moram comigo. Quando estou colocando o cinto vejo os dois se entreolharem e os sorrisos sumirem de seu rosto. Saimos da frente da minha casa e o Renan não aguenta.

— Mano eles dois nunca iram superar esse ciumes de você comigo! — ele fala rindo e todo mundo do carro ri. Pois o Renan foi um rolo que tive quando conheci a Veve e os dois pestinhas não gostaram desse "relacionamento" e isso me alegrou muito por deixa-los transtornados de ciumes, sempre soube do ciumes deles.

— Eles nunca curtiram muito você! — falo rindo e o sorriso dele se alarga mais e sei que gosta disso.

— Então hoje vamos provoca-los um pouco de ciumes? Que tal passar a noite nos meus braços para matar um pouco a minha saudade de ter seu cheiro impregnado na minha roupa? — não que seja uma pessima ideia, mas vou deixar para decidir isso depois que ver com quem os dois vao chegar la no bar.

Fomos o caminho rindo e cantando muito, pois todos nós somos fãs do Guns então fomos entrando no ritmo do bar já. Não que não seja a trilha sonora da minha vida.

Quando chegamos vejo as duas motos das pestes a Harley toda preta do Cauã com um adesivo do guns na lateral do tanque e a Harley preta e laranja do Rafael, que nem precisa falar que é dele pois tem um R enorme no tanque e só ele é tão egocentrico para fazer isso. Quando entramos no bar eles estão acompanhados de ninguem menos que as duas meninas que eu mais odiei a "sonsa" que fica no caixa do truck esta com o Rafael e a "galinha" da recepcionista do restaurante com quem ja tive varias tretas por ser muito oferecida. O que me mata é quando eles me veem e abraçam as meninas girando as para ficar de frente com eles e fecho os olhos pois se eles beijarem elas eu me mudo daquela casa, mas antes que eu pense o Renan se coloca atras de mim e passa a mão por minha cintura me virando para ele.

— A minha proposta ainda está de pé! Adoraria passar a noite te abraçando e até te beijando se você quiser claro! — ele fala no meu ouvido e eu passo os braços por seu pescoço.

— O beijo vemos como vai se comportar essa noite! Ja sabe né! — falo rindo no ouvido dele e sinto o me apertar mais contra seu corpo e o cheiro dele toma conta do meu nariz.

— Provocar ciumes nesses dois idiotas vai ser a minha maior meta hoje! — fala rindo — mas acho que ja causou uma revolta pois os dois se olharam com odio! Quer algo para beber? — me pergunta e eu confirmo com a cabeça. — Uma breja bem gelada artesanal? Ou uma Amsteel ? — faço tanto faz com os ombros e ele ja sorri pois deixo a criterio dele.

Quando ele sai meu celular toca com uma mensagem no nosso grupo e sei que estão putos comigo.

Rafael: Ta me zuando? Com esse merda? Qual seu problema?

Cauã: Caralho Amanda, ta querendo acabar com nossa noite?

Amanda: Cuidem das bocetas que vocês trouxeram ou terão que me ouvir gemer o nome dele a madrugada inteira quando chegarem em casa!

Guardo meu celular no bolso do calça e pretendo ignora-los o resto da noite nem que para isso eu precise beijar o Renan, não que isso seja um esforço que não estou disposta a fazer, começa o show da banda dos amigos deles, mas quando começam com whitesnake ja viraram minha banda preferida. Quando eles chamaram meu nome quase cai pra trás. Vou até o palco e fico sem entender.

— Amanda né. Você é filha do melhor professor de Sao Paulo ? — concordo com a cabeça, pois todo mundo conhece meu pai.

— Você conhece Love is blind? — arregalo os olhos e concordo com a cabeça — Topa tocar na bateria essa musica? — Faz anos que não toco bateria, mas isso é igual andar de bicicleta e topo na hora o baterista me joga as baquetas e eu sento naquele banco e quando eles começam eu sinto a música tomar conta de mim. Conheço essa musica em todos os instrumentos. Quando estou tocando e percebo que os casais estão abraçados curtindo a musica, meus olhos vão direto para o Rafael e o Cauã que estão com os braços na cintura de suas companhias, mas os olhos são todos meus e suspiram como se ja tivessemos vivido essa cena e sempre que me lembro do dia que me viram tocar eu sinto como se ainda tivessemos na Vila Mariana naquela rua sem saída. E isso mexe comigo, sinto meus olhos marejarem e os dois enrijecem na mesma hora, fecho os olhos como se deixasse a música tomar conta de mim. Quando acaba somos aplaudidos e o baterista me agradece e me cumprimenta todos da banda e falam que arrasei sei que é uma sensação maravilhosa, mas eu preciso sair dali. Vou para a porta do bar pegar um ar,quando sinto um braço me segurar no punho e me viro é o Rafael e logo atras o Cauã.

— O que foram as lagrimas ? Seja sincera conosco é sua unica chance! — o Rafael fala e sei que devo contar a verdade, mas não tenho coragem.

— Saudade dos meus pais! Voltem para suas companhias eu sei me virar sozinha! — puxo meu braço do seu aperto e ele me solta e junto o ar que estava preso em seu peito. 

Três corações um ritmoOnde histórias criam vida. Descubra agora