O porto pirata

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   — Homens! Todos a seus postos, estamos bem próximos. Fiquem atentos. — Aquela voz distante lhe parecia familiar ou talvez ainda estivesse com muito sono para raciocinar. Sono?

    Moira se espantou com a claridade do dia — ou nem tanto — O céu estava cinzento, formado por nuvens pesadas, o vento balançava as velas com intensidade enquanto a madeira rangia, uma tempestade se aproximava. Ela não entendia como conseguiu permanecer desacordada e escondida por tanto tempo. Por que adormeceu? Teria sido um desmaio? Várias perguntas pairavam sua mente, mas nada impedia o seu medo a cada balanço que dara a embarcação.

    Os homens gritavam e corriam da popa a proa assustados com a mudança tão repentina do clima. O vento ficava mais intenso e as águas mais agitadas, dificultando o equilíbrio do grande navio.

 — Vamos naufragar! — Gritava um dos oficiais tentando se segurar no mastro principal com muita dificuldade.

 — Coragem homens! Nós vamos conseguir! — O homem que dominava o leme gritou.

    Moira chorava enquanto pedia aos Deuses para protegerem a todos no navio. De repente a carga se desprendeu e começaram a rolar, revelando a clandestina a bordo. Ela se levantou agarrando uma das cordas próximo a amurada e sendo vista por alguns homens. A tempestade começava a cair e o desespero tomava conta dos tripulantes do Royal Ocean, jamais haviam presenciado algo como aquilo.

    O barulho era ensurdecedor com todos aqueles raios e trovoadas, mas todos puderam ouvir parte do mastro começar a se partir. O navio considerado o melhor já criado estava a um passo de sumir nas profundezas do oceano. A amarra que a garota segurava se rompeu e então ela caiu e rolou involuntariamente para próximo a popa do navio, bateu as costas contra a madeira causando uma dor nunca sentida por ela. Com dificuldades o oficial que conduzia o navio avistou a moça, e rapidamente largou o leme e foi a seu encontro.

    — Senhorita Brodbeck! Por Deus, o que faz aqui?! — Ele segurou um dos braços da jovem enquanto tentava se apoiar.

   — Almirante Marshall!

   — Por que está aqui?! — Insistia o homem.

   — D-Daniel! — Ela respondeu mas logo percebeu que Marshall não sabia a quem ela se referia. — O tratador de cavalos!

    O Almirante não teve tempo para pronunciar suas palavras, o mastro mezena havia se partido e vinha em direção a eles. Então para livrá-los, o almirante empurrou a jovem e se esquivou da grande madeira. Moira tentou manter o equilíbrio mas fracassou, em um balançar brusco da embarcação a garota foi de encontro ao mar.

    — Moira! — Gritou Marshall desesperado.

     Brodbeck sentiu um choque ao colidir com o mar, ela se debatia lutando contra a maré agitada. Naquele momento não havia terra, o vento não tocava-lhe a pele, seus olhos não alcançaram a luz. Tudo que sentia era o gosto salgado em sua boca e o peso da água lhe esmagando. Sem qualquer chance de socorro, nem uma fagulha de esperança, apenas o mar abraçando aquele ser tão pequeno na escuridão do oceano. Por fim, aquele horrível pesadelo se tornou realidade. O oceano a engolia cada vez mais, tirando de si o último ar que tinha em seus pulmões. Nada lhe restava, nada a não ser o manto escuro da morte a lhe cobrir.

— — —

    O tom alaranjado no céu e refletido nas águas dava aqueles marujos uma vista surreal, todos trabalhavam alegremente naquele fim de tarde. Um dos homens subiu as escadas com uma garrafa de rum vazia, fazendo várias expressões estranhas.

   — Mestre Gibbs! — Chamou o homem.

   — Senhor!

   — Pode me dizer por que esta garrafa está vazia ou melhor, porque desci a adega e não encontrei uma única gota de rum? – O homem articulava as mãos com vários anéis.

Piratas do Caribe E o Coração de NirinaOnde histórias criam vida. Descubra agora