Liam - Trilogia Irmãos Trevelyn 3

Capítulo 16

Sua língua dançava em minha boca, de um jeito calmo e sensual ao mesmo tempo. Apertei seus braços quando senti suas mãos firmes em minha cintura me puxando ainda mais para perto, nossos corpos colados, envoltos das sensações desconhecidas. Beijar Liam era como... porra, como ter a merda de um orgasmo linguístico. Estou parecendo uma idiota, mas minha eu de uns anos atrás sempre sonhou com esse momento.

Sua mão apertava minha nuca guiando nosso beijo ao seu bel prazer. Eu quero mais, ele quer mais, qualquer um que ver a cena desse beijo quente com corpos mais que colados irá entender isso.

Sem conseguir esperar desço minhas mãos para seu peitoral, aliso seu abdômen até chegar a beirada de sua camisa mas no momento que iria tirar ele se afastou transtornado me deixando com um biquinho no ar frustrada, indignada e confusa.

- Porra. - Liam resmungava xingamentos e ficava andando de um lado para o outro do quarto como se eu nem estivesse ali.

Suas mãos estavam em seus cabelos, os puxando ao mesmo tempo em que dava batidas em sua própria cabeça. Ele está atordoado, já presenciei essa cena antes, na verdade já senti isso antes e não consigo acreditar no que estou vendo.

Me aproximo aos poucos pra não correr o risco dele querer me matar aqui e vou chamando seu nome calmamente mas ele nem sequer escuta.

- Liam. - Grito o fazendo parar no lugar onde estava.

Ele não me olha, ao contrário encara o chão fixamente com as mãos jogadas ao lado do corpo como se estivesse em uma luta interna ou buscando forças para sair das minhas vistas.

- Vem aqui Liam. - Sussurro mas ele permanece imóvel.

O que eu vou fazer? Se eu perguntar na cara não sei qual será sua reação, mas eu preciso ajudá-lo, fazer ele entender. Suspiro me sentando ao chão com as costas apoiadas na cama. Eu sei que ele está prestando atenção a cada movimento meu então respiro fudo antes de falar.

- Depois de um tempo que estava em Londres eu conheci um cara, era garçom de um bar que frequentava. - Início encarando um ponto aleatório desfocado em lembranças. - Com muita ajuda de Will dei uma chance para sair, conversar, beber, deu certo. Ele me respeitava e tivemos alguns encontros, beijos, mas nada além disso.

Fecho os olhos lembrando as cenas e dobro meus joelhos aproximando do meu corpo e os circulando com os braços.

- Um dia as coisas esquentaram e eu pensei, por que não? Achei que conseguiria. - Soltei uma risada sarcástica. - Estava completamente enganada, entrei em um estado de alerta, chorei, gritei, me bati, me senti literalmente um lixo. O que eu não esperava era o homem que estava comigo me ajudar, ele me acalmou e como pudi expliquei a situação. Nós continuamos saindo, ele me deu sua confiança e eu consegui me entregar realmente a alguém que eu queria, sendo minha a escolha pela primeira vez na vida. Pode ser estranho mas eu demorei a conseguir ter relações em uma cama por associar ao passado, mas depois disso tudo foi ficando mais fácil, como se eu deixasse tudo para trás.

Me lembro até hoje como aquele dia foi péssimo, eu fiquei transtornada, me culpava por não ser uma mulher inteira e sim quebrada por resto da vida. Não perdoo a mim mesma até hoje por ter sido tão estúpida ao ponto de entrar naquelr maldito carro.

Tive que recuperar a confiança em mim mesma e aquele homem fez com que minha primeira vez de verdade fosse prazerosa, carinhosa, como deveria ser. Infelizmente logo o afastei de mim, ele é um homem bom e não merece ser enfiado no meio do meu mundo, então segui a vida.

A reação de Liam foi simplesmente sair, ele literalmente virou as costas e saiu me fazendo notar isso apenas quando ouvi a porta bater e em seguida o silêncio total.

Ele sabe que eu sei.

●●●

As vezes as pessoas simplesmente não estão prontas para aceitar suas vidas ou apenas deixar ir aquilo que deve ser levado.

Uma frase que Alexander me disse nos meus primeiros meses aqui foi deixe para trás o que não te leva para frente, e foi o que fiz.

Claro que não em um estalar de dedos, quem me dera se fosse fácil assim. Quando se passa por um trauma independente de qual seja sua mente brinca com você e no meu caso foi uma vida traumática. Família desfuncional, amigas interessadas na minha irmã e não em mim, tratada como um lixo por ser parecida com minha mãe ou por simplemente não querer ser uma adolescente carregada de maquiagem e sutiãs maiores afim de chamar atenção de homens valorizados da Máfia.

Era tudo uma merda, e o inferno chegou com tudo naquele fatídico dia, em contrapartida a partir dali me reergui, comecei a deixar pedaço por pedaço para trás e fui me levantando, de pouco a pouco, criando uma nova história. Seguindo minha vida, meu treinamento, me tornando o melhor de mim mesma e orgulhando quem esteve ao meu lado. Isso não significa que não tenha pesadelos ou dias ruins por que eles ainda estão ali, significa apenas que eu tento seguir sempre adiante.

Pude escutar Liam no quarto ao lado e alguns gritos durante o sono, queria muito poder ajudar mas não sabia se era uma boa idéia então apenas permaneci acordada boa parte da noite até ter certeza que os gritos cessaram.

Suas olheiras deixa-me ciente da noite mal dormida e ele não consegue ao menos olhar para meu rosto. Não o recrimino, eu até entendo e por conta disso estou tentando manter seu contato distante hoje para ele ter seu espaço pessoal restabelecido.

- Willian pode ajudar na sua procura. - Benjamin afirma em seu escritório quando Liam conta bem por cima que estamos atrás de alguns irlandeses.

Muitas pessoas que conhecemos tem um guerra velada com esses malditos, americanos, ingleses, canadenses... a lista não tem fim. Em compensação eles sempre fazem favores para aqueles que querem ir contra essas mesmas pessoas ficando sempre escondidos por trás da ação.

- Will é um ótimo hacker. - Afirmo para Liam entender um pouco a situação.

Ele analisava o homem do outro lado do cômodo que por dentro eu sei que está se divertindo com as olhadas mal dadas.

- Aquele programa que indiquei para ser introduzido no nosso sistema foi criado por ele. - Ele maneia a cabeça indicando que entendeu.

- Temos apenas um nome, o homem é quase um fantasma mas as pessoas que ficavam na sua linha de frente está bem escassa então acho que está mais difícil de se esconder.

- Eu consigo o achar.

- Obrigado, vou dar notícias a Dimitri. - Educado ele minha gente.

Dona Emma estaria orgulhosa do obrigado mas sei que ele não é bobo de faltar o respeito na casa do chefe a sua frente e nem temos motivos para isso, então se mantém naquele respeito mútuo em um acordo velado.