Liam - Trilogia Irmãos Trevelyn 3

Capítulo 30

Quando se é sozinha mesmo com tantas pessoas ao redor começa a se apreciar o silêncio, os momentos em que é somente você com você mesma.

Mesmo quando morava em Londres aprendi a ter momentos assim por que desse modo passava a conhecer quem era a Megan de verdade, não a que foi criada para ser ou a que esperavam que fossem, quem era eu mesma por dentro, longe de todo o resto.

No fim gostei do que me tornei como pessoa.

Infelizmente ou felizmente adquiri nesse tempo também muita paciência por que não tem sido comum pra mim ver constantemente, todos os dias pela manhã um homem enorme que teima em ficar sem camisa como se estivesse em sua própria casa sentado a mesa tomando o café da manhã tranquilamente junto ao meu que faz questão de deixar pronto a sua frente, sinceramente não sei em que horário esse homem acorda pois mesmo me levantando sempre cedo ele continua aparecendo antes de mim com tudo pronto.

Ainda estou achando uma loucura total tudo que tem acontecido, todos resolveram não meter a colher na conversa e deixarmos decidir a situação o que não me ajudou em nada. Por isso estamos a semana inteira num jogo de gato e rato onde tento fingir que ter sua presença aqui não me abala em absolutamente nada sendo que na verdade minha mente entre em pane todo fim de dia pensando que ele está na porta ao lado e começa a criar ilusões de como seria uma vida dividida com esse ser.

Ainda é irônico e surreal pensar que na verdade meu amor nunca foi platônico, acho sinceramente que essa parte é a que me assusta pois o sonho do príncipe encantado ficou perdido a anos atrás, hoje eu sou outra pessoa completamente diferente e toda essa história com ele fez ascender algo dentro de mim como mulher que pensei não existir mais... sentimentos.

Sentimentos constantes e fortes que pensei terem sido esquecidos mas estavam apenas bem guardados dentro de todo meu subcociente em forma de prevenção.

- Você sabe minha opinião sobre essa história. - Bufo pela fala de Willian.

- Pra mim sua opinião não está valendo no momento.

- Não interessa, vou continuar afirmando que Liam Trevelyn sempre esteve de quatro por você e como voltou uma mulher mais fechada colocou uma venda sobre os olhos que a fez não perceber.

- Não acho que seja isso. - Minto em resposta.

- Apenas pensa um pouco Megan por que deixar sentimentos verdadeiros escapar entre os dedos no nosso mundo é o pior erro que se possa cometer.

Nem todos dentro da Máfia tem a sorte de se casar por amor, sua grande maioria são negócios e pronto. Sentimentos podem sim vir com o tempo mas isso quase nunca ocorre então realmente quando se tem a oportunidade de ter algo verdadeiro e significativo a maior besteira que fazemos e jogar tudo fora.

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Não consegui parar de pensar em Liam nas últimas horas e por isso estou agora em casa quando deveria estar trabalhando em milhões de outros assuntos.

Porém minha mente fica voltando em todos os momentos que temos desde que eu voltei para casa, desde as grandes ou pequenas coisas que ele tem feito como não invadir meu espaço pessoal apesar de estar dentro da minha casa, estar em constante contato quando está longe nem que seja para avisar onde está mesmo sem eu perguntar nada ou a preocupação comigo que sempre está presente e não é de hoje.

Cansada de afastar alguém que tenho sentimentos e que diz ter por mim também decido enviar uma mensagem como carta branca o chamando para fazermos algo hoje a noite.

O que eu não esperava era estar uma hora depois parada em frente a sua casa oficial que por sinal diferente dos irmãos fica mais escondida num caminho arborizado dando mais privacidade por ser escondida por assim dizer.

Mas o que surpreende - ou não - é a casa ser literalmente a cara do dono, aparentemente fechada e misteriosa porém com vidros e madeira contrastando com o preto que dá um charme no negócio todo.

- Esperava uma mansão? - Questiona parado ao meu lado abrindo a porta pra mim.

- Na verdade me parece muito mais com você do que uma mansão.

Não que a casa seja pequena, por que na certa tem pelo quatro suítes ali em cima, entretanto se compararmos a gigantesca casa da família ou a enorme do irmão caçula com direito a fonte, a de Liam e Dimitri são mais casas grandes e espaçosas para se ter uma família.

- Admito que é muito mais bonita por dentro do que eu imaginei. - Assopro as palavras ainda admirada enquanto ele me mostra o primeira andar da casa.

Nossos estilos são bem parecidos e para minha surpresa se encaixam perfeitamente dentro desses espaços, como se um completasse o outro deixando o ar moderno porém com cores frias e escuras, contrastando com a madeira e luzes muito bem postas em cantos específicos.

É simplesmente um lugar que eu moraria sem pensar duas vezes.

Ok, seu quarto é o único espaço que na minha opinião poderia ter algo mais claro apesar do meu ter algumas semelhanças, porém não deixa de ser luxuoso como todo o resto.

- Por que tão escuro aqui?

- Não tinha motivos para ser diferente.

Nego com a cabeça pois agora ele está livre dessa tormenta e pode começar a deixar tudo para trás.

- Admito que pensei nessa cena por muito tempo. - Sento na beirada do colchão macio encarando aquele olhar penetrante que me pega de jeito todas as vezes.

- Eu no seu quarto? - Debocho o fazendo sorrir de canto e se aproximar enquanto fala.

- Você finalmente sendo aberta pra mim. - Seu corpo se inclina sobre o meu fazendo-me quase deitar no colchão apoiando sobre os cotovelos sentindo sua respiração no meu pescoço. - Estar sentada na minha cama com essa roupa fácil de se tirar é apenas um bônus pra minha mente libidinosa.

Quase gemo ao imaginar ele tirando tudo e me possuindo como da última vez de modo bruto em todos os cantos desse quarto, sem pestanejar ou pensar duas vezes as palavras saem da minha boca.

- Podemos aproveitar que estamos aqui.

- Amanhã vai voltar a teimar que não existe sentimentos entre nós e me tratar como um colega de quarto? - Sua voz está tranquila mas sei que diz sério pois parou o rosto bem próximo ao meu para olhar em meus olhos.

Não acho que o tratei assim, nos momentos em que estavamos em casa ao mesmo tempo fui sociável, talvez no primeiro dia não por ainda estar com raiva e muito confusa porém depois nós passamos a conversar, claro que sobre a vida e nada relacionado a nós dois ou a história do casamento, talvez seja isso que o deixa incomodado.

- O que você quer que eu faça? - Sussurro contra sua boca.

- Da uma chance para sermos um casal, nunca vou te obrigar a nada Megan e toda essa história não interfere no que você construiu dentro da Máfia. - Ele suspira segurando minha nuca firmemente. - Apenas esqueça o resto e seremos um homem e uma mulher nos relacionando.

- Tudo bem.

- Tudo bem? - Tenho até vontade de rir.

- Tudo b... - Não consigo terminar pois sua boca já tomou a minha num beijo faminto e que admito estar com saudade.

Eu não sou uma pessoa fácil mas se aceitei a estar aqui essa noite era pra realmente tentar entender tudo isso e é exatamente o que vou fazer.