Capítulo 15

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- Precisamos conversar.

Isso é o que eu iria dizer mas meu consigliere se atreveu a vir a minha porta primeiro e entrar como se estivesse em casa.

- Então, agora vai me explicar esse missão maluca? - Indago me sentando na cama enquanto ele se mantém de pé com as mãos no bolso da calça.

- Aquele era o Sander, ele tinha informações sobre Seán Byrne.

- E quem é esse tal de Seán? Irlandês? - Questiono para Liam, ele afirma mas não parece apto a responder se sentando ao meu lado no colchão. - Vamos lá Liam. Dimitri me enfiou nisso com você e eu estou no escuro, desse jeito não dá para ajudar.

Tento convencê-lo e realmente o que falei é verdade, se não souber não posso ajudar e ainda vou me colocar no fogo cruzado.

- Me fala de você, o que toda família conhece menos eu? - Muda totalmente de assunto e eu bufo.

- Porra Liam, desse jeito não dá.

- Não vou falar Megan, é pessoal. - O encara de cenho franzido.

Eu estava certa desde o início.

- Sério? Por que está me pedindo pra falar sobre minha vida sendo que não quer me falar em que merda está me metendo. - Agora foi sua vez de bufar e passar a mão sobre o cabelo.

Nem parece a mesma pessoa que a horas atrás massacrou sem dó vários homens.

- É difícil falar Megan. - Diz sem me olhar.

- Digo o mesmo.

- Ok. Então fala sobre qualquer coisa por que minha mente está complexa hoje.

Que porra está acontecendo? Esse Liam eu nunca conheci. Penso e repenso e com toda certeza não vou dormir agora então chego pra trás me encostando na cabeceira da cama.

- Você e o William tem algo? - Questiona de costa pra mim ainda na beirada da cama e eu gargalho.

- Não. - Respiro fundo ainda rindo. - Will passou por muita merda antes de eu chegar e nos ajudamos a superar algumas dessas merdas, ele é realmente um amigo.

O homem finalmente chega pra trás e senta do meu lado também encostado na cabeceira.

- Você parece não ter problema pra falar sobre o que aconteceu. - Dou de ombros entendendo do que ele fala.

- Por que não tenho. Não que eu goste de lembrar ou nada do tipo, mas eu superei.

Eu acho pelo menos.

- Como conseguiu? - Pergunta me encarando.

- Não me escondi, deixei as pessoas entrarem e me ajudarem. - Ele apenas maneia a cabeça.

- O que foi o pesadelo ontem se não foi sobre aquele dia?

Querer falar eu não quero mas aprendi a ser aberta, ter medo de falar dessas merdas não ajuda nem um pouco.

- É um pesadelo recorrente de quando ficava trancada no porão.

- Como? - Ele senta direito e me encarada com uma cara nada boa e eu dou de ombros tentando não lembrar os detalhes sórdidos.

- Quando ficava trancada no porão depois de apanhar por besteira... as vezes por eu não ser como a Lídia, outras por eu parecer com minha mãe, enfim. - Desvio seu olhar e foco em qualquer outro canto.

- Mas que porra. - Ele se levanta puxando os cabelos e andando de um lado para o outro inquieto mas após alguns instantes se senta na minha frente.

- Como eu ninguém sabia disso?

- Acorda Liam, nós somos da Máfia. Sua família é como um diamante no meio de toda aquela merda. Seus pais são diferentes mas os outros são iguais o meu pai era, não tem dó e faz o que quer.

- Sim, eu sei... mas como eu não sabia disso?

- Ah. - Entendi seu ponto. - Contei a primeira vez pra Victoria depois de uma reunião que tive com vocês, por isso eu fui pra casa deles no início, com medo do meu tio ser igual. Com o tempo consegui me abrir com o resto da família e contar, mas você... bem...

Como posso falar isso sem parecer ingrata ou mal educada por ele ter me salvado? Ah, que se dane.

- Você me salvou aquele dia e foi a última vez que nos vimos, então...

Ele abaixa a cabeça negando e apoia os braços nos joelhos passando as mãos no rosto.

- Não conseguia olhar pra você. - Sussurra.

Porra!

Isso sim foi uma facada, ele deve me achar imunda e suja por ter sido estrupada e manteve distância. Engulo em seco me levantando rápido da cama não querendo deixar nada me atingir.

- É, eu sei. Na sua cabeça sou uma mulher suja não é. Mas não liga Liam, eu não me importo com a sua opinião, agora sai por favor.

- Não, não. - O vejo levantar rápido já negando e se aproximar de mim com aqueles olhos azuis fixos aos meus. - Não é isso. Me culpei por tudo aquilo ter acontecido com você, nós deveríamos ter evitado, foi por isso que não consegui te encarar.

Perto do Liam pareço ser aquela menina frágil novamente onde sonhava que ele fosse um tipo de príncipe encantado. Achava que essa garora estava morta e enterrada mas ao primeiro passo dele sinto esse pedaço meu renascer.

- Não te acho uma mulher suja ou nada do tipo. - Diz mais perto e sua mão vai de encontro ao meu rosto retirando uma mecha de cabelo e colocando atrás da orelha. - Pelo contrário Megan.

Perco tempo analisando todo seu rosto, a barba por fazer o que o deixa mais bonito que o normal, os olhos que sempre me lembram que foi ele a me salvar no pior dia da minha vida. Avisto sua mão tatuada de relance que ainda se mantém em meu rosto numa cena extremamente clichê.

- Te acho incrível por conseguir superar tudo Megan. - Sussurra muito próximo ao ponto de sentir sua respiração quente. - Você fez o que a maioria não consegue, se reergueu e ficou ainda melhor, ainda mais linda, ainda mais forte, você passou pelo inferno e voltou Megan Davis.

Estamos tão próximos que poderia apoiar minhas mãos em seu peitoral forte e posso sentir seu perfume se alastrar em volta de mim.

Suas pupilas dilatadas me avisando que ele quer isso tanto quanto eu, que sente todo esse desejo envolto de nós. Então agindo no maior impulso e necessidade não demora para nos entregamos.

Liam - Trilogia Irmãos Trevelyn 3Onde histórias criam vida. Descubra agora