Pesadelo Real

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Kevin

(strondo como um tiro de revolver)

–Nãaao! – eu grito e corro até ele, que cai no chão em camera lenta.

–Joe, aguenta firme, eu vou te tirar daqui. Não morre não.

–Não da tempo Kevin. Presta atenção, - meu irmão dizia no chão com sua camisaeta virando uma grande mancha de sangue.- Isso aqui foi o ultimo assalto que fizemos, essa sua vida morre comigo. Promete pra mim que você nunca mais vai fazer isso.

–Para com isso mano, você não vai morrer. Você não pode me deixar aqui sozinho, eu vou te tirar daqui, só preciso pensar.

–Kevin, promete. Você vai cuidar da mamãe e da kim, mas sem essa vida. Promete!- ele tenta grita mas começa a escorrer sangue pela boca.

–Prometo- eu grito e me deito sobre seu peito. – não me deixa Joe, por favor! Eu to com medo.

–Kevin, vá embora daqui antes que a policia chegue. – ele aperta minha mão forte e me da um ultimo olhar. – Eu te amo mano! – e seus olhos perdem o brilho, a mão que me segurava já não tem mais força. Fecho seus olhos e saio.

...

Um mês depois

–To com fome, Kev. – diz kim sentada do meu lado no sofá. – a mamãe não sai do quarto desde o enterro do Joe. Não tem mais comida na geladeira e a do armario tá acabando. O que a gente vai fazer? – ela só tinha 15 anos mais era muito mais que uma garotinha.

–Vou da um jeito. – bato a porta logo atrás de mim.

São onze da noite, as ruas estão com pequeno movimento de carros, se eu der sorte encontro algum maluco andando pela rua pra arrumar um troco.

Vejo uma moça com livros e uma bolsa, de ser alguma estudante voltando da faculdade. É perfeito pra hoje. Me aproximo sorrateiramente pela sombra antes do poste. Aguardo o momento exato, quando ela passa pela luz eu a puxo pra parede a encostando e deixando sem saida.

– Quietinha, passa a bolsa, o relogio e esse anel. – seus olhos me encaram com desespero, e devagar ela tira o relogio, o anel. Me entrega a bolsa, eu vasculho rapidamente, e pego a carteira. Olho pra ela que continua apavorada, devolvo a bolsa e deixo ela ir, ela sai correndo e gritando.Vou até um conhecido e troco uma parte por um celular. Volto pra casa dou metade do dinheiro a Kim e o celular tambem.

–Isso aqui é pra você compra comida amanhã, e o celular é pra sempre que precisar falar comigo.

– Onde você arrumou isso? Você saiu faz menos de uma hora.

–Não interessa Kim. – me viro e vou em direção ao quarto.

– Você me disse que prometeu a ele. – ela grita de onde está. – Que bela merda você é né Ken.

...

A rua está escura, de repente vejo a moça que roubei hoje na minha frente. Escuto um estouro, um tiro. Olho pras minhas mãos que seguram o relogio e o anel, estão manchadas de sangue. Me assusto, deixando as coisas cairem no chão. Quando olho novamente pra frente, não é mais a moça que está la e sim a Kim, repetindo as palavras que acabará de dizer. Aquilo repetia em eco, enquanto minha camiseta se enchia de sangue, e depois o chão , e até a Kim já estava suja.

Acordo num salto, sento da cama. Kim continuava dormindo tranquilamente. Eu estava ofegante, o pesadelo ainda insistia em voltar aos meus pensamentos. Era horrivel, eu sempre assaltei as pessoas mas desde que Joe morreu aquela era a primeira vez que aquilo acontecia. Eu não sentia culpa por roubar as pessoas eu achava que era a única coisa a se fazer, eu simplismente não sabia fazer outra coisa.

Passo o resto da noite assistindo tv. De manhã Kim acorda e me traz café, senta ao meu lado e abre o jornal.

–Desde quando você lê jornal?

–Desde quando eu preciso de um emprego, ou seja, desde ontem. Então com licença. - ela pega uma caneta e começa a fazer circulos em anuncios.

–Para com isso Kim, você não vai trabalhar. Você tem quinze anos, não tem a menor possibilidade de eu deixar isso acontecer.

–Faço dezesseis daqui um mês, e você não tem que deixar nada, afinal se você morrer nesse assaltos teus eu vou ter que cuidar da casa sozinha mesmo. É bom eu ir me preparando já, por que a mamãe precisa de ajuda medica, e não temos um tustão.

Eu pego o jornal da mão dela.

–Você vai estudar. Quem vai sustentar essa casa sou eu.

–Como? Assaltando? Não preciso de outro irmão morto.

–Não, vou arrumar um emprego. – ela me olha desconfiada.

–Serio?

–Sim.

–Então começa a procurar logo, porque se não eu vou.

Fatos do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora