Capítulo XIV | A Bela entre as Feras

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I                  

            A Lua cheia começava a nascer, o céu estava lindo, poucas estrelas se faziam presentes para o show, mas a Lua era protagonista daquela noite, por trás das nuvens, via-se um pontinha vermelha. Lupin parecia apreensivo.

"Eu também estaria nervoso, se estivesse prestes a me transformar em um lobisomem."    

Snape imaginou como seria doloroso ter deus ossos partidos e esticados; sentir seu corpo se expandir naquela transformação monstruosa, como seria perder controle sobre si mesmo. Devia ser muito desesperador, quase sentiu compaixão pelo grifinório, quase.      

Pôde acompanhar todo o trajeto, que os a Madame Pomfrey e Remus Lupin fizeram até o salgueiro lutador; a árvore indomável, que balançava seus galhos com agressividade e não permitia que os alunos se aproximassem.

Como Sirius havia dito, Papoula se esgueirou entre as raízes e tocou em alguma coisa ali. A árvore parou de se debater e se acalmou. A mulher e o jovem entraram em alguma passagem secreta guardada pela árvore. Snape ficou ali camuflado por entre os arbustos, imóvel, apenas observando. Viu quando a mulher saiu da passagem que levava para baixo dos terrenos da escola. Pensou em seguir, mas um barulho de passos e risadas o preocupou. 

"Só o que faltava, venho encontrar um lobisomem e encontro assombrações?"

Mas o sonserino reconheceu a voz calorosa de Sirius Black em meio aqueles ruídos. Só não conseguia entender onde se originava. Snape segurou o fôlego, prestando atenção a cada ruído, tentando identificar de onde vinham as vozes dos baderneiros. Não precisava lidar com os três agora, e sentia-se profundamente arrependido de não ter levado Regulus consigo.

— Ah, que saudade de me transformar...

— Quê? Você se transformou na minha casa, Almofadinhas! Eu que estou em abstinência há três meses... minha forma não é discreta como a de vocês dois — Severus reconheceu a voz do Potter.

— Remus pediu para esperá-lo na floresta — Uma voz guinchada soou no meio da noite.

Severus os ouvia como se eles estivessem sentados ao seu lado. Mas a noite era silenciosa, podia ouvir grilos, pios de coruja, coaxar de sapos, gritos de corvos, então o estardalhaço dos grifinórios seria audível num grande círculo de alcance.

Tão rápido quanto apareceu, as vozes foram se distanciando até sumirem completamente. Deixando a escuridão ser novamente dominada pelo silêncio, velho companheiro de Severus. 

Esperou um tempo até ter certeza que não apareceria mais ninguém. Se abaixou e foi correndo ate o salgueiro lutador, como um soldado em meio a guerra, que tenta se desviar dos ataques do exército inimigo. Quando olhou para baixo, ao tentar desviar de um galho rápido, que veio sob os seus pés, como uma corda que tinha que pular, notou que seu corpo não estava mais camuflado. Ele estava visível de novo, mas não tinha tempo para se preocupar com isso, só precisava ter certeza que não seria arremessado á milhas de distância.

Quando conseguiu chegar no tronco da árvore, notou o galho nodoso que Sirius havia mencionado no bilhete. Parecia um tronco enxertado, pois não tinha semelhança com o restante da planta. Se debruçou sobre ele e torceu, foi quando ouviu um grito desesperado, alguém chamava seu nome, alguém se importava com ele.

- SEVERUS, NAO!!!

II

Snape olhou para o lugar de onde supunha que vinha a voz e não viu ninguém. Começava a achar que estava em um sonho, muito maldito por sinal, ouvia vozes por todo lado, mas sentia-se sozinho na imensidão da noite. Só faltava olhar para si mesmo e estar nu, pelo menos assim teria certeza de que estava sonhando.

De Volta Para o PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora