Capítulo XVI | Poção de Cura

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I

              O Salão Principal estava abarrotado de alunos. O teto enfeitiçado para parecer o céu exibia um conhecido azul claro, típico de Verão,  poucas nuvens o adornavam. A Noite anterior havia sido memorável e repleta emoções: medo, pânico, ficar cara a cara com a morte... Gratidão, desejo, paixão. E Severus compartilhou tudo com o seu melhor amigo, Regulus Black. 

A dupla conversava baixinho no canto da mesa da sonserina, enquanto Snape procurava sua castanha na mesa da Grifinória, mas ela não havia dado o ar da graça.

— Quer dizer que o amigo do meu irmão é um lobisomem? E Sirius é um Animago? Bastardo... nunca me conta nenhum segredo. 

A relação entre os irmãs Black sempre foi muito conturbada. Até Sirius completar onze anos, seus pais o idolatravam. Orion e Walburga não sabiam amar os filhos, eles apenas criavam rixas entre os dois. Quando Sirius fazia algo certo, Orion, que tinha preferência pelo primogênito, dizia para Regulus que ele devia se esforçar mais para ser como o irmão. 

Enquanto Walburga sempre teve preferência pelo caçula. Quando Sirius escolheu entrar na casa da Grifinória, sua mãe teve certeza que ele puxou ao seu lado da família, e isso era motivo de decepção e vergonha, assim como o seu irmão Alphard Black.

Essas distorções de tratamento não eram saudáveis para os irmãos, isso acabou criando entre eles uma rivalidade, os colocando em lados opostos. E a maior tristeza de Regulus era que Sirius o havia substituído, tinha o Potter como seu novo irmão mais novo. Isso doía, era como se tivesse sido descartado facilmente, até porque Regulus tinha tantas coisas que queria compartilhar com o irmão. Reggie odiava aquela família disfuncional da mesma forma que Sirius, mas se via preso e sem saber como fugir. 

Walburga cobrava que ele se juntasse ao Lorde das trevas que ascendia, dizia que seria uma honra e que seu filho não ousaria negar. Regulus não queria ser queimado da árvore genealógica dos Black,  não queria ser abandonado sozinho.  Enquanto Regulus devaneava sobre o irmão, e sobre seu novo amigo que se assemelhava ao James Potter. 

Severus estava pensando nos beijos de Hermione, em sua boca, suas sardas, seus cabelos volumosos, seu cheiro de coco. Regulus ouviu os pensamentos do amigo, o que o resgatou  do seu momento de autoflagelação.

— Me explica de novo uma coisa... então, ontem você beijou a novata? 

— Sim... — Snape falou com um meio sorriso.

— E a ruiva trouxa também? — Regulus falou com um olhar de julgamento, e Snape já estava esquecendo desse detalhe.

— Desde que você bateu a cabeça, ficou mais ousado. Mas você deveria ter me chamado para ir atrás do lobinho...

— Lobinho... você precisava ver o tamanho daquela coisa — Snape olhava novamente para a mesa dos alunos de vestes vermelho e dourado, notou que estava esvaziando — Vou indo... a aula de Poções deve estar prestes a começar.

II

Snape andou á passos largos pelos corredores escuros das masmorras, iluminados apenas por archotes. Quando chegou a sala, que mais parecia um calabouço das masmorras, parecia que todos os outros alunos, que cursavam a matéria, já haviam chegado.

— Entre Severus, entre, seja bem vindo! Hoje vamos preparar a Poção de Cura. Juntem-se as suas duplas! — Professor Slughorn deu um sorriso que mais pareceu uma careta.

Severus não sabia quem era sua dupla, mas ao ver que todos estavam se juntando e que a única aluna sozinha era Hermione. Lembrou que ela o havia confrontado sobre uma Poção, o que só poderia significar que era sua dupla. 

De Volta Para o PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora