Capítulo XXI | Três bruxos no Três Vassouras

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          A noite escura trazia uma aura de privacidade, que foi aproveitada pelos dois velhos conhecidos. A Casa dos Gritos levava este nome pois era uma casebre velho e mal acabado, onde o lobisomem Remus Lupin se transformava nas Luas Cheias. Os gritos de dor do jovem ao ter seus ossos se torcendo e refazendo faziam o lugar despertar medo nos moradores e afastava olhares curiosos. Ao lado da casa estava um homem de cabelos tão negros quanto a capa que vestia. E em seus braços estava uma jovem leoa. 

— O que você está fazendo aqui? — Hermione puxou assunto, tentando interromper o silêncio constrangedor após se apartar dos braços do Professor.

— Você sabe, eu disse que voltaria para salvá-la — falou objetivamente, e sem emoção, verificando se havia alguém por perto.

— De quê, de quem... de você?  Voldemort... Bellatrix...  Regulus... Lily? — A garota perguntou deixando sua voz subir o tom de exasperação — Me salvar de quem?

— Não direi isso, não pretendia vir para este momento, mas o Vira-tempo me trouxe aqui por vontade própria. Antes de você interromper minha introspecção, pensava sobre a utilidade da minha presença aqui. 

— Então, que conclusão chegou?

—Só porque compartilhamos um abraço, não quer dizer que estou disposto a compartilhar minha vida com você, Srta. Granger — Severus deu um meio sorriso maroto para si mesmo, por uma piada que só ele entendia.

— Você vai me dizer alguma coisa, ou viajou vinte anos no passado apenas por sentir falta de me insultar em suas aulas? — Hermione falou com rebeldia desmedida.

— Preciso de uma bebida, vamos ao Três Vassouras, se alguém perguntar — continuou com amargurada — posso fingir ser o seu pai.

Hermione andou levemente a sua frente, sentindo uma estranha euforia ao ser acompanhada pelo antigo Professor de Poções. O fim do verão trazia uma noite fria que fazia a garota querer se abrigar nos braços de Snape. Mas sabia que devia manter distância, se desejava o Severus do futuro, precisava se aproximar do Severus do passado, apesar de toda a raiva que nutria por aquele individuo no momento.

Quando chegaram ao bar, estava cheio de jovens bruxos. Olhares curiosos recaíram nos dois recém-chegados, alguns se acotovelavam e fofocavam. Harry estava sentado junto aos Marotos, e os cinco olharam com espanto, quando a garota entrou.

— Você não tem receio de encontrar sua versão mais nova? — Hermione puxou assunto, enquanto tomava a frente, e o levava para uma mesa mais afastada.

— Eu não estaria aqui, costumava ficar preso em meu dormitório — disse com melancolia — e em meus próprios pensamentos. 

Os dois bruxos sentaram em uma mesa, Snape pediu uma cerveja amanteigada para a garota e um Whisky de fogo para si.

— Me situe, em que tempo estamos? Estou reconhecendo que o outono se aproxima pela noite fria lá fora.

— 18 de setembro de 1976.

— Ah, véspera do seu aniversário... baile de Máscaras, podemos trabalhar com isso.

Hermione corou fortemente ao descobrir que o professor sabia o dia do seus nascimento.

— Eu não sabia que você...

— O que, sabia o seu aniversário? Sei muito mais do que pensa.  Este aniversário foi memorável, se quer saber. 

— Por quê? — perguntou. 

 — Porque terminou em humilhação, Hermione, por isso. Como as coisas sempre terminam, perto do seus amigos — respondeu de forma passivo agressiva.

De Volta Para o PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora