Capítulo 5

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Pov's Noah


Ao olhar em volta percebo que os olhares de quase todas as pessoas no recinto estão sobre mim, alguns demonstram espanto, porém, a maioria é de puro julgamento. Talvez eu tenha gritado alto demais com Any o que faz com que  me sinta ainda pior. E apesar de já estar com essa sensação péssima, nenhum olhar faz com que eu me sinta tão mal quanto o olhar de decepção e nojo que Sabina lança sobre mim. Ela nunca me olhou assim antes...

- como você pôde dizer essas coisas para ela?- ela pergunta quase em um sussurro, indignada- você não é mais o Noah que eu conheci, não é o irmão mais velho que eu admirava tanto- ela termina e eu sinto o peso de suas palavras caindo sobre mim, porém ao invés de sentir tristeza ou remorso, eu sinto na verdade uma raiva absurda. Raiva de Any por ser tão...ela, raiva de todas aquelas pessoas olhando para mim, raiva de Zoe e seu sorrisinho cínico. Raiva de mim mesmo por decepcionar todos à minha volta.

O ar ali dentro se torna tóxico para mim, então caminho à passos largos para a outra porta de saída do lado oposto ao que Any foi. Não sou capaz de responder e nem mesmo olhar nos olhos de minha irmã. E ao olhar de relance a vejo caminhar para fora, provavelmente em busca de Any, mas Pepe, seu namorado idiota segura seu braço de leve e sussurra algo em seu ouvido, ao que ela assente relutante e desiste de sair.

Finalmente alcanço a porta e ao sair para a varanda espaçosa que dá a volta em todo o salão sinto o vento gelado batendo contra o meu rosto me fazendo soltar pesadamente o ar que nem percebi que estava segurando.

A raiva ainda está entalada na minha garganta e tudo o que eu quero agora é a cara de alguém para socar e descontar toda a frustração.

Eu não devia ter falado todas aquelas merdas para a Any, principalmente sobre o seu pai e a forma como ele ganha dinheiro. Porém é isso o que ela faz comigo, ela me tira do sério de uma forma absurda e eu nem sei por que. Nós éramos apenas crianças, isso não devia me afetar tanto assim... Paro meus devaneios ao ouvir um soluço alto. Parece que, sem perceber dei a volta na varanda e a alguns poucos metros de onde estou vejo Any sentada em um dos bancos de madeira, chorando. Engulo em seco e sem pensar começo a andar até ela.

Pov's Any


Minha vida com certeza não é tão fácil quanto as pessoas pensam, na realidade é totalmente o contrário.

Tive a pior infância que se pode imaginar, até porque meus pais trabalhavam bastante e quase sempre estavam ocupados demais para me darem atenção. Mas não era tão ruim. Eu tinha Belinha, minha irmã mais nova que nasceu quando eu tinha 5 anos.

Ela era tudo para mim, eu fazia tudo por ela. E apesar dela sempre receber muito mais atenção de meus pais, eu não sentia ciúmes, na verdade eu queria que ela recebesse todo o amor e carinho do mundo.

Aos dois anos de idade Belinha foi diagnosticada com uma doença pulmonar grave e três meses depois do diagnóstico ela faleceu. Meu mundo desabou.

Eu parei de comer, de dormir e a única pessoa com quem eu conversava era Noah que tinha dez anos na época. Já se passaram quase onze anos, mas as lembranças ainda estão vivas em minha mente.

Eu me apoiei nele na esperança de que ele me salvasse. Assim como ele prometeu que faria.

"Eu juro que nunca vou te abandonar Any, vou estar contigo sempre" ele me disse entregando uma florzinha minúscula. Eu acreditei. Mas tudo mudou quando meus pais decidiram me mandar para a casa da minha avó em Chicago na esperança de que eu voltasse um pouco melhor. Em parte isso funcionou, mas quando retornei depois de um mês, ansiosa para reencontrar meu melhor amigo, me deparo com um Noah que agora é o melhor amigo de Zoe e que me deixou de lado. E para piorar, tem a coragem de dizer que fui eu quem virou as costas para ele.

Sinto a raiva em meu peito aumentar e as lágrimas voltarem, mas me acalmo e volto às lembranças dolorosas:

Naquele momento eu não tinha mais a Belinha, nem Noah, e mais ninguém em quem me apoiar.

Até que eu me tornei amiga de Sabi e foi quando tudo melhorou. Ela se tornou meu porto seguro, e continua sendo até hoje.

O fato dela ficar do meu lado contra seu irmão, demonstra o quão leal ela é a nossa amizade.

Noah não tinha o direito de me dizer aquelas coisas e de me humilhar na frente de todos.

Volto a chorar, agora mais intensamente e solto um soluço alto e involuntário.
Logo depois ouço passos vindo em minha direção e ao olhar para o lado vejo o último rosto que gostaria de ver em minha frente nesse momento.

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-Nota da autora-

Oi gente!

Espero que tenham gostado.
Acho que agora já podemos ter uma ideia do passado da nossa garotinha né? Só eu fiquei com um aperto no coração?
Fiquem à vontade para comentar, suas opiniões são muito bem vindas.

Nos vemos no próximo capítulo!

Beijos.
Sara💕

For Us-NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora