Capítulo 21

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Pov's Any


Você alguma vez já duvidou de alguma lembrança? Já se perguntou se aquilo realmente aconteceu ou não passou de um sonho?

Bem, é assim que me sinto a respeito de todas as lembranças felizes de minha infância. Aquela vez em que meu pai me deu de presente a minha primeira bicicleta. Ou aquela da minha primeira apresentação de balé. Ou talvez aquela em que meus pais me levaram para o trabalho com eles.

Aquele dia foi mágico para mim. ver todas aquelas pessoas se levantando e comprimentando meu pai enquanto ele passava me encheu de orgulho, eu pensei "caraca! Meu pai é um cara importante, quando eu crescer quero ser como ele". É tudo abstrato agora.

As nossas vidas definitivamente, giram em torno do que acreditamos. se alguém acredita em Deus e nas suas leis, essa pessoa irá viver de acordo com sua fé. Se alguém acredita que vai morrer dentro de 3 meses, então essa pessoa viverá mais intensamente.

Mas se tudo o que alguém acredita for mentira, então a vida dessa pessoa também é. Eis a minha grande conclusão "minha vida não passa de uma mentira".

Porém, não é essa conclusão que me assusta, mas sim a obviedade dela. Estava tudo na minha cara, eu que não quis enxergar.

Na noite em que descobri tudo, fui até o escritório depois de todos terem ido embora e roubei alguns arquivos. Um deles foi o que mais me chamou atenção, estava repleto de datas e nomes de ruas que, em sua maioria não me dizia nada. Mas tinha uma exceção "15 de abril de 2016- NW 89th St. ", Eu não conhecia a rua, porém a data era bastante específica. Este foi o dia da morte de Samuel Victoria, um dos amigos de Noah. Um dia cheio de sussurros e rostos preocupados. Fiquei pensando nisso durante alguns dias porém acabei deixando para lá.

Tenho a impressão de que tudo à minha volta, todos os acontecimentos estiveram ligados ao segredo da minha família, como é que eu não enxergava?

Tudo isso tem me corroído por dentro e minha mente não tem descanso. Hoje é dia 24 de dezembro véspera de natal, três semanas após a formatura. Eu me encontro dentro de meu quarto, de pijama e sentada em frente à janela.

Durante essas semanas só saí de meu quarto para comer. E foi em uma dessas vezes que resolvi atender aos insistentes pedidos de Eliz para conversar comigo. Sim, ela sempre soube de tudo e eu tentei sentir raiva dela por isso, mas não consegui.

Contei tudo a ela, até mesmo sobre Noah, então Eliz me explicou sobre como as coisas aconteceram para ele. A verdade é que assim como eu, Noah também não teve escolha, ele tentou fugir mas algo fez com que ele acabasse cedendo.

Fui injusta com Noah e tenho que pedir desculpas por isso. É por esse motivo que estou me levantando da cadeira, pegando meu celular e descendo as escadas para ir em direção à porta dos fundos.

Atravesso o curto caminho de pedras e passo pelo portão indo até aquele banquinho tão familiar. A lembrança de me sentar aqui com Noah para dividirmos o lanche também parece um sonho distante.

Envio uma mensagem para o traficante Mirim e enquanto aguardo sua ilustre presença, começo a repassar mais uma vez a cena de algumas semanas atrás nesse mesmo banquinho.

Dois minutos depois de ter respondido a mensagem, Noah sai de casa e vem caminhando tranquilamente em minha direção. Ao se aproximar ele se mantém em pé ao lado do banco.

- Oi- é o que consigo dizer a princípio.
- Oi, disse que queria conversar comigo- foi o que eu disse não é mesmo?
- Sim eu disse, vim aqui para te pedir desculpas- ele ergue as duas sobrancelhas e senta ao meu lado.
- Desculpas... Pelo o que?- por ter sido uma idiota insensível.
- Eu não devia ter dito todas aquelas merdas para você, eu te chamei de sem caráter e te comparei com nossos pais. isso foi insensível da minha parte e eu estou aqui assumindo o meu erro e pedindo desculpas por ele- Noah suspira pesadamente e eu mantenho o rosto direcionado para frente evitando olhá-lo nos olhos.
- Tudo bem... Eu desculpo você, confesso que fiquei com raiva na hora mas não te culpo. Você não estava em um bom momento-resolvo encará-lo, mas logo me arrependo. Ele arqueia a sobrancelha como se visse algo estranho em meus olhos e eu rapidamente desvio o olhar.
- Bem... Obrigado por ter aceitado minhas roupas, isso vem me perturbando há alguns dias.
- Não foi nada, isso vinha me perturbando também-Ele parece querer dizer algo, mas não vejo a hora de ficar sozinha novamente.
- Certo, é isso que eu queria te dizer... Você se importa se eu ficar sentada aqui por um tempo? Esse lugar me traz um pouco de paz... Não me sinto assim há três semanas- Noah se levanta com os olhos fixos no chão.
- Sem problemas, eu vou entrar agora, se precisar de algo me avise tá legal?- eu assinto brevemente- tchau Any.
- Tchau Noah, obrigado novamente- ele assente e dá meia volta, indo pelo mesmo caminho que veio.

Não sei por quanto tempo fique ali.

Mais cedo nesse mesmo dia minha mãe havia ido até meu quarto para dizer que iriam à ceia na casa de alguns amigos, ela perguntou se eu gostaria de ir também, mas não respondi e ela foi embora.

Já era de noite e a casa estava vazia, pois Eliz fora visitar a família no Tenesse. Avisto a chave da adega em cima do balcão e sem pensar muito a pego indo em seguida para o andar de baixo.

A charmosa adega era repleta dos melhores vinhos do mundo, é o lugar preferido do meu pai. Pego uma garrafa sem olhar o rótulo, uma taça e subo de volta para meu quarto.

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-Nota da autora-

Oi gente!

Mais um capítulo para vcs.

Espero que tenham gostado. Comentem suas opiniões e não se esqueçam de votar, é muito importante.

Beijos.
Sara💕


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