Capítulos 39

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Pov's Any

A pergunta de Eliz é exatamente sobre o que eu venho refletindo desde que descobri o casamento. Várias vezes eu me perguntei o por quê de querermos impedir que esse casamento aconteça e a resposta nunca muda.
Eu sei que Noah e eu gostamos um do outro, isso está claro para mim, apesar de não saber definir bem o que temos, não somos namorados e com certeza nem apenas amigos. Mas, por mais que tenhamos esse sentimento, impedir esse casamento é a forma de rompermos com o controle absoluto que nossos pais exercem sobre nossas vidas desde sempre. Além de não concordarmos com a atividade criminosa que nossas famílias exercem.

Mas se tudo der errado e não conseguirmos acabar com o contrato, a idéia de me casar com Noah não é péssima se não forem levadas em conta todas as outras circunstâncias que acompanham essa união.

-Eu me sinto um tanto assustado com a idéia de casar tão cedo, mas sei que não seria o fim do mundo. Eu e Any nos odiamos um dia, mas essa fase já passou não é?- Noah me olha com certa ternura e eu sorrio minimamente.
-Sim, já passou. Com certeza não seria o fim do mundo - digo ainda olhando para ele que sorri de volta.
-Fico feliz em ouvir isso - Eliz diz e quando eu olho em sua direção vejo que ela está com um sorriso enorme no rosto e nos olhando sugestivamente - então... Vocês estão namorando? - o clima fica automaticamente desconfortável e nenhum dos dois parece conseguir responder a pergunta - já entendi. Bem, eu sei que a situação é difícil mas todos nós possuímos empregos e querendo ou não precisamos trabalhar. Eu quero que vocês vão para suas respectivas empresas e se tiverem que coexistir com seus pais, façam isso e não se esqueçam de que eles ainda são seus pais está bem? - nós dois assentimos.

Por um tempo eu acabei esquecendo que a vida precisa continuar. É segunda e eu tenho meu trabalho na empresa, que por sinal acumulou muito por conta da semana de preparativos do meu aniversário.

Com o tempo meus pais foram me inserindo mais na realidade de nossos negócios. Agora os relatórios que eu sempre faço possuem mais dados e eu posso ver que os valores que entram e saem de nossos cofres são exorbitantes. Tráfico de drogas e armas com certeza é um empreendimento bastante lucrativo. E eu pude perceber que, durante toda a minha vida, não tive acesso nem à metade de toda essa riqueza que possuímos, até porque é um dinheiro que está sempre em trânsito.

Vendo o tamanho da riqueza que o tráfico nos proporciona eu consigo entender o porquê de quererem juntar as famílias e as empresas. O poder seria imenso e poderíamos expandir mais esse império.

A essa altura você já deve ter se perguntado alguma vez, como que todo esse esquema criminoso acontece sem que nenhuma autoridade descubra? É aí que está, algumas autoridades do governo, tanto estadual como federal, sabem do esquema e encobrem tudo pois são nossos sócios. Exatamente, o próprio governo apoia toda essa porcaria. O que torna a minha situação e a do Noah ainda mais difícil, os sócios também se beneficiariam com esse casamento e com certeza querem que ele aconteça.

Por mais difícil que seja, ainda preciso trabalhar e encarar meus pais. Eles sabem que não estou feliz com o contrato e vão querer conversar para me convencer de que não é algo ruim, mas não vou ceder, eu aceito o fato de não ter tido escolha ao me tornar uma traficante de drogas, mas não será assim com o casamento.

Reflito sobre tudo isso a caminho de casa no meu carro. Noah está logo à frente em seu Volvo preto e eu me pergunto se ele também está perdido em pensamentos e preocupações assim como eu. Agora são nove da manhã e já era para eu estar no trabalho há uma hora e meia, com certeza serei penalizada com hora extra ou algo assim. Não sei como funciona com os Urrea, mas meus pais me deixaram bem claro que apesar de ser filha deles ainda sou uma funcionária como todos os outros e preciso ter responsabilidade. O que com certeza é algo positivo no meio de tanta desgraça envolvendo meu trabalho.

Após longos minutos finalmente chegamos e ao sairmos dos automóveis nos despedimos com um selinho e um "até mais tarde" antes de irmos para nossas respectivas casas. Não tivemos tempo de conversar sobre nossa "relação" ainda, mas teremos que falar uma hora. Espero que essa hora demore para chegar.

Entro em casa e subo as escadas calmamente até meu quarto. Ainda estou usando o pijama de ursinhos de Eliz e o troco por um vestido tubinho na cor vinho e sandálias de salto alto pretas. Escolho alguns assessórios, passo perfume, pego minha bolsa e minha pasta com tudo o que eu preciso e enfim fico pronta para ir trabalhar depois de exatos 15 minutos. Com certeza um tempo recorde para mim.

Desço a escada novamente passando pela sala silenciosa e saindo pela porta em direção ao meu carro. Olho na direção da casa de Noah e percebo que seu carro não está mais na entrada, o que já era de se esperar, afinal para grande parte dos homens se arrumar para o trabalho deve levar uns cinco ou dez minutos no máximo.

Logo depois de me acomodar no banco macio eu dou a partida. O caminho da minha casa até a empresa dura cerca de dez minutos, tempo que preencho com minha playlist favorita e claro cantando a plenos pulmões junto com a Mariah Carey. Ela estava na metade do último refrão de Without You quando eu desligo o motor fazendo com que a música pare abruptamente.

Antes de sair confiro se peguei todos os meus pertences e em seguida caminho a passos rápidos pelo estacionamento, passando pelas dezenas de carros luxuosos e reluzentes dos velhos ricos e arrogantes com os quais eu sou obrigada a coexistir. Eu não mencionei, mas ao contrário de meus pais eu não tenho uma sala própria, eu trabalho em uma sala compartilhada onde qualquer um pode entrar para pegar um cafezinho durante o expediente. E para a minha sorte os velhos sócios de 70 anos que frequentam o lugar não perdem uma única oportunidade de rirem da minha cara por eu estar ali e não no último andar como se espera. Mas sinceramente eu não me importo com esse tipo de tratamento, eles que se explodam.

Chego até o elevador e aperto o 5° andar. Apesar de toda a tensão dos acontecimentos recentes, me sinto bastante motivada. Até porque, como eu já citei antes, eu gosto do meu trabalho. Fazer cálculos é algo relaxante para mim. Então apesar de todo o lance do tráfico, o meu trabalho me faz feliz.

Após alguns segundos o elevador abre e eu saio. Cumprimento a secretária Hanna que abre um sorriso largo como sempre.

-Bom dia senhorita Any, seu pai deixou um recado para você - ela diz enquanto olha o computador em busca do tal recado - ele pediu para você ir na sala dele ao meio dia.
-Certo, meio dia. Obrigada Hanna - respondo com um sorriso tenso e continuo meu caminho até "minha" sala.

Não tem como escapar, ele vai querer falar sobre o contrato. Mas como eu já disse, serei inflexível. Jamais vou concordar com isso, não importa o que meus pais digam.

O tempo passa rápido enquanto eu faço os relatórios. Quando olho no relógio já são onze e cinquenta e seis, então junto todas as minhas coisas e caminho até o elevador novamente. Ao apertar o botão vejo que minhas mãos estão suadas e trêmulas. Enfrentar meu pai não vai ser uma tarefa fácil.

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-Nota da Autora-

Oi gente, como vocês estão?
Acharam que nós tínhamos desistido de vocês né?
Nos desculpem a demora, a Sara e eu estamos muito ocupadas ultimamente mas aos poucos vamos voltando aqui.
Não desistam da gente.
Espero que tenham gostado do capítulo de hoje e não esqueçam de votar e comentar.

Amo vocês
Alyssa💞

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⏰ Última atualização: Dec 11, 2020 ⏰

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