Capítulo 7

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Pov's Any

-p-porque você fez isso?- pergunto gaguejando. Estou totalmente extasiada e tremendo. Por que Noah me beijaria? Será que está só brincando comigo? 

Posso ver em seu rosto que ele está tão confuso e nervoso quanto eu. Ele limpa as mãos diversas vezes na lateral de sua calça antes de me responder, em uma espécie de tique nervoso. 

-Eu...eu...eu não sei! Foi a única forma que encontrei pra fazer você calar a boca!- Ele diz evitando olhar em meus olhos e parecendo transtornado, com as duas mãos na nuca, como se estivesse em uma espécie de conflito interno.

Isso não era exatamente o que eu esperava ouvir. Por um momento cheguei a pensar que... Não, era exatamente o que esperava dele, tudo o que ele faz é brincar com as pessoas.

Suspiro pesadamente enquanto sento no banco de madeira, não sei em que momento da discussão acabei levantando, só sei que me sinto frustrada e constrangida e diante disso sinto uma única lágrima descer lentamente pelo meu rosto até chegar em meus lábios, o gosto salgado me faz lembrar do beijo e das sensações que tive ao sentir a língua de Noah passeando pela minha boca.

Essas lembranças de alguns minutos atrás combinadas com o olhar de Noah sobre mim só fazem com que eu me sinta pior. E me sinto estremecer quando sua voz rouca corta o silêncio ao nosso redor.

- Any... Me desculpe por tudo- o aperto que sinto no peito aumenta ao ouvir essas palavras e ao sentir outras lágrimas escaparem de meus olhos cubro o rosto com as duas mãos.

Noah pareceu realmente sincero ao pedir desculpas. Por tudo... Até pelo beijo?

Levanto a cabeça para dizer algo a ele mas quando olho para frente, Noah não está mais lá. Estou sozinha nessa imensa varanda, eu e meus pensamentos.

Pov's Noah

Onde eu estava com a cabeça ao fazer aquilo? Nesse momento estou em meu carro dando voltas na cidade e perdido em meus pensamentos. Não devia tê-la beijado, não devia ter deixado as emoções falarem mais alto.

As palavras de Any me dilaceraram por dentro, como pude ser tão egoísta? Eu nem sequer lembrava de Belinha e de quando ela veio a falecer. No momento em que Any gritava comigo com lágrimas escorrendo pelo seu rosto, me veio à mente a imagem da garotinha morena de 7 anos atravessando o portão do meu jardim e correndo para os meus braços enquanto chorava desesperadamente. Eu pude ver o pedido de socorro estampado em seus grandes e belos olhos quando me abraçou com força, me senti no dever de protegê-la e fazer qualquer coisa para que ela voltasse a sorrir, mesmo não sabendo o motivo de seu choro.

Quando Any me contou sobre a morte de sua irmã mais nova eu fiquei muito triste por ela, pois sabia o que Belinha representava em sua vida.

"Agora eu só tenho você Noah, todo mundo me deixou. Por favor, me promete que nunca vai me deixar, jura para mim Noah". Ela súplica me fitando com intensidade. eu olho em volta e encontro uma flor amarela minúscula no tronco de uma árvore ao lado do banco em que estamos  sentados.

"Eu juro que nunca vou te deixar Any, vou estar contigo sempre". Eu digo entregando a flor como símbolo da minha promessa e peço que ela me prometa o mesmo. Ela o faz e me dá um beijo no rosto.

Uma semana depois Any foi para a casa da avó, e nesse meio tempo conheci a Zoe. Naquela época não havia percebido, mas agora reconheço que abandonei a Any quando ela mais precisava de mim. Toda vez que Any tentava falar comigo Zoe aparecia me chamando para fazer qualquer outra coisa e eu ia com ela deixando Any falando sozinha. Como deve ter sido difícil guardar tudo para si sem poder contar com ninguém.

Depois de um tempo Any se tornou amiga de Sabina e passou a não falar mais comigo. ela me ignorava completamente e de uma forma totalmente egoísta cheguei à conclusão de que ela havia virado as costas e me abandonado.

Sempre tentei me enganar dizendo que a odiava, mas quando estávamos no mesmo ambiente eu me pegava a observando. Ela parecia mais linda a cada dia que passava e eu ficava cada vez mais louco por ela.

esse sentimento foi alimentado até os meus 16 anos, foi quando se tornou insuportável. Procurei desesperadamente alguma forma de enterrar o que sentia. Foi aí que comecei a dormir com Zoe.

O sexo me fazia esquecer dela. No início era apenas momentaneamente mas depois de 1 ou 2 anos consegui esquecê-la, ou melhor, achei que tinha conseguido e que só havia restado a raiva e a mágoa.

Pensava assim até algumas horas atrás, até eu perder totalmente o controle e sentir todos os sentimentos escondidos voltarem à tona de uma só vez.

Ainda estou em êxtase depois de tê-la beijado. Ainda sinto o seu gosto em minha boca e seu cheiro está em mim.

Nunca senti tanto desejo e isso me assusta. Não posso permitir que isso volte, não posso voltar atrás, não sou mais a mesma pessoa, preciso enterrar tudo isso novamente.

Quando me dou conta já estou estacionando na frente da casa de Zoe e mandando uma mensagem para a mesma.

É, parece que voltei à estaca zero.

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-Nota da autora-

Oi gente!

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Fiquem bem!

Beijos.
Sara💕

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