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A detetive Vanessa Decker se apresentou no hospital às onze. A enfermeira chefe de plantão explicava que uma paciente em coma desaparecera do hospital, o sequestro havia ocorrido, com certeza, durante a troca de turno. As enfermeiras do turno da tarde e noite confirmaram que a cama estava vazia quando fizeram a ronda. Pensaram que a paciente tivesse morrido e que a cama ainda não tinha sido designada para outro doente. Mas, ao fazer sua primeira ronda, a enfermeira havia percebido o ocorrido e tinha dado o alarme.

- Talvez ela tenha despertado do coma e, farta de estar neste hotel, saiu para passear.

- Você deveria falar isso para a mãe da garota. Ela chegará a qualquer momento.

- Sim, claro - disse Vanessa, olhando para seus sapatos - Você está certa de que ela não foi transferida para outro andar?

- Sim, estou. Na recepção, há algumas guias de transferência para outro hospital. Levaram-na em uma ambulância.

Vanessa anotou o nome de todas as possíveis testemunhas, do carro telefonou para Clara sua assistente e lhe pediu que chamasse todas aquelas pessoas para passarem na delegacia no dia seguinte.

Escutou todos naquele dia, e, sabia que na noite de domingo para segunda, uma falsa médica com uma bata roubada de uma médica real, havia se apresentado no hospital em companhia de uma motorista de ambulância e entregue guias falsas de transferência de paciente. As duas cúmplices haviam levado, sem qualquer dificuldade o corpo da senhorita Gizelly Bicalho, paciente em coma profundo. A declaração de um estagiário o fez corrigir suas anotações: a falsa doutora podia ser uma verdadeira médica, pois havia tirado de um enorme apuro o estagiário em questão, quando este pediu sua ajuda. Segundo a enfermeira presente naquele incidente, a precisão com a qual aplicara uma via central, levava a crer que se tratasse de uma cirurgiã ou, ao menos, alguém que trabalhasse no serviço de emergências.

- Bom, o que você tem sobre esse caso? - perguntou Clara.

- Uma história que não me convence. Uma médica que tinha ido ao hospital sequestrar uma mulher em coma. Um trabalho de profissional, uma ambulância fantasma, guias administrativas falsificadas...

- Você acha que se trata de quê?

- Talvez tráfico de órgãos..

Vanessa olhou para Clara, e pediu-lhe que tentasse obter a lista de todos os estabelecimentos privados com centro cirúrgico que estivessem passando por dificuldades econômicas. E que ligasse para a sala de coordenação de patrulhas municipais e perguntasse se por casualidade havia qualquer informação sobre uma ambulância que fizesse referência à da noite de domingo.

- São nove horas, meu bem, e eu gostaria de ir para casa. - Clara falou.

- Preciso de você, Clara, dê-me uma mão, linda.

- Você é um manipuladora, querida Vanessa, porque amanhã de manhã, você não utiliza o mesmo tom de voz.

- Por que não agora. Vá! Me ajude?

- Você sabe que não suporto essa cara? Dessa vez te ajudo. Mas, terá que me levar para jantar.

Clara iniciou as ligações. Do outro lado da linha, o policial de plantão efetuou uma busca em seu sistema, mas nenhum informe com aquelas características, havia sido apresentado. De acordo com ele nenhuma ambulância havia cometido uma infração ou havia sido objeto de controle na noite de domingo para segunda. Clara desligou, mas antes pediu-lhe que a informasse sobre qualquer novidade a respeito.

E Se Fosse Verdade - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora