O Tempo É Agora

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A recepcionista os seguiu com o olhar. Bianca pediu que Rafaella se sentasse. Tratava ela como uma criança de cincos anos, que fosse desaparecer de suas vistas a qualquer momento. Logo se aproximou do balcão e abordou a jovem.

- É uma urgência! — disse, elevando a voz e modulando-a exageradamente para que ficasse bem claro.

- De que tipo? - perguntou ela, com a mesma entonação, ainda que com certa impertinência na voz, porquanto o tom que Bianca havia empregado, revelava claramente sua impaciência e seu nervosismo.

- Do tipo que está sentada ali, naquela cadeira!

- Estou perguntando de que natureza é a urgência.

- Traumatismo de crânio.

- Como aconteceu?

- O amor é cego e não para de dar pancadas na cabeça, e, claro, no final acaba por destroçá-la..

A recepcionista, informou que sem consulta e sem prescrição, nada podia fazer por elas. E que sentia muito..

Bianca, com voz autoritária perguntou se era a clínica do dr. Tiago. A recepcionista assentiu com a cabeça. Ela explicou-lhe no mesmo tom, que 60 colaboradores de seu escritório de arquitetura faziam os check-ups anuais naquela clinica, e que também traziam seus filhos ao mundo, vacinavam-nos, curavam resfriados, gripes, e outras porcarias. Sem fazer qualquer pausa, seguiu explicando-lhe que todos esses amáveis pacientes e, dependiam da instituição médica, assim como a mulher que estava sentada com ar de desamparo, na cadeira em frente.

- Então, senhorita, ou o dr. Tiago atende minha sócia agora mesmo, ou asseguro-lhe que nenhum deles voltará a pisar o capacho de sua suntuosa clínica, sequer para um curativo.

Uma hora mais tarde, Rafaella, acompanhada de Bianca, começava a ser submetido a um check-up completo. Depois de um eletrocardiograma realizado no estado de atividade (fizeram-no pedalar uma bicicleta estática, com montes de elétrodos presos no peito), tiraram-lhe sangue. Um médico, a seguir, fez alguns testes neurológicos (pediram-lhe que levantasse uma perna — com os olhos abertos e também como os olhos fechados —, martelaram seus joelhos-e até arranharam a planta de seus pés com uma agulha). Por último, pressionados por Bianca, aceitaram fazer um scanner.

Após todos os exames, Rafaella levava sob o braço uma dezena de papéis e radiografias, cheios de informações e resultados de exames, todos absolutamente normais.

- Você acredita em mim agora? - perguntou Rafa.

- Deixe-me no escritório e vá descansar, como havíamos combinado.

- Você está fugindo da minha pergunta. Você acredita em mim, agora que sabe que não tenho um tumor na cabeça?

- Vai descansar... Tudo isto pode ser consequência do estresse.

- Bia, eu fiz tudo que você me pediu, não é estresse.

- Falaremos sobre isso mais tarde. Tenho que ir diretamente para a reunião, irei de uber. Te ligarei mais tarde.

Bianca a deixou sozinha no carro. Rafaella seguiu em direção a North-Point. No fundo, começava a gostar daquela história, da sua heroína e das situações que sem dúvida provocaria.

(...)

Encontro com Gizelly no local que ela tinha falado anteriormente. Fomos a um restaurante para turistas, estava cheio. Nos sentamos em uma das mesas atrás do vitral. Rafaella pediu um suco, quando notou que Gizelly a acariciava com o pé nu, ao mesmo tempo em que sorria vitoriosamente para ela, com um olhar malicioso. Refeito do tremor e respondendo à provocação, ela segurou seu tornozelo e subiu a mão por sua perna.

E Se Fosse Verdade - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora