Os 15 dias que se seguiram foram cheios de pequenos momentos de ansiedade a cada nova mensagem do Gerard no grupo, mas não falamos de nada muito sentimental, apenas a parte burocrática da coisa, fizemos uma set-list pro ensaio, mas prometemos que deixaríamos as músicas surgirem conforme fossemos tocando, não queríamos a pressão de uma set-list definida por produtores ou algo desse tipo.
Cheguei no hotel em NY no meio da tarde, pelas mensagens no grupo, apenas o Ray havia chegado. Enquanto estava fazendo o check-in, eu ouvi a voz de Gerard dizendo para um dos concierges que não precisava se incomodar com a mala dele porque estava leve e ele mesmo poderia carregar. E naquele momento eu travei. Tudo virou um grande borrão e a voz dele ficou ecoando na minha cabeça como um zumbido ou uma pancada, até que a recepcionista ruiva do hotel me chamou pela terceira vez:
— Sr. Iero? Sr. Iero? Sr. Iero, está tudo bem? - Ela me encarava com um olhar preocupado.
— Oi, aaaahhhh, me desculpe, eu me distraí com a excelente decoração que vocês tem aqui... - respondi passando a mão no cabelo e olhando para um dos quadros na parede atrás dela, em uma tentativa de disfarçar o quanto estava abalado.— Obrigada, Sr. Iero. Ficamos feliz de agradar o seu gosto. O cartão para o cadastro é débito ou crédito? - Ela pareceu acreditar.
— Débito.
— Só mais um momento que estou finalizando o cadastro no sistema e já vou entregar a sua chave.
— Obriga...E eu senti o toque no meu ombro, o toque eu conhecia tão bem como se fizesse parte do meu corpo, aquela era mão do meu ex-namorado e ex-melhor amigo, atualmente apenas vocalista da banda que eu voltei a fazer parte. O toque veio acompanhado de um cumprimento e o meu nome.
— Hey, Frankie! - disse o Gerard sorrindo.
Eu ainda fiquei alguns segundos parado e pensando na audácia desse desgraçado em falar comigo como se nada tivesse acontecido, mas ao mesmo tempo estava tão aliviado porque ele não estava fingindo que eu não existo. O intervalo entre o toque no meu ombro e eu finalmente me virar para olhar para aquele rosto deve ter levado poucos segundos, mas pra mim durou uma eternidade.
— Gee! Oi! Meu deus, quanto tempo!
E ele abriu os braços pra um abraço que eu jamais recusaria! Eu poderia viver naquele abraço! Eu queria viver naquele abraço! Ele estava surpreendentemente cheiroso, o que era um pouco novo pra mim já que os nossos hábitos de higiene em turnê eram os piores possíveis. Me demorei um pouco com o rosto no seu pescoço, o seu cabelo estava comprido, ele usava uma parka verde militar, uma camiseta do slayer e uma calça jeans. Ele estava tão diferente! E tão lindo! Meu deus, como ele estava lindo! Eu queria poder congelar esse momento só para passar horas e horas olhando pra ele.
Mas ele soltou o abraço e eu sabia que deveria me soltar também.
— Sim, faz muito tempo! Eu estava com saudade! - Ele continuava sorrindo.
Nesse momento, foi a primeira vez que eu me lembrei de tudo que havia acontecido, do quanto ele me ignorou e de como isso doeu. A minha vontade era de ser debochado e responder algo como "não parece", só que o Mikey também estava chegando e nos interrompeu.
— Frankie! Que saudade, baixinho! - Ele disse dando um leve soquinho no meu braço.
— Mikey fucking Way, eu juro que eu acabo com a sua raça se me chamar assim de novo! - respondi indo em sua direção.Gargalhamos e nos abraçamos. Mikey e Ray sempre foram ótimos amigos, sempre foram os nossos suportes durantes as nossas brigas. Eu não sei se estaria vivo se não fosse por Mikey e Ray.
Após esse primeiro encontro, pegamos nossas chaves e fomos pros nossos quartos com a promessa de que nos encontraríamos pro jantar em um restaurante próximo ao hotel e que o Ray também estaria lá. Eu era um poço de ansiedade e ainda não tinha entendido muito bem como tudo aquilo iria funcionar. Mandei mensagem pro Ray perguntando se ele me acompanharia até a parte externa do hotel pra poder fumar um cigarro em paz e ele, apesar de não ser fumante, mas por ser um ótimo amigo, aceitou. Após os abraços, começamos a conversar.
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Broken Clock [FRERARD]
FanficDepois de muito doer, Frank superou o fim de sua banda mundialmente famosa (e de seu relacionamento conturbado com o vocalista). Vive uma vida tranquila com a sua família, em paz, mas tudo pode mudar quando Ray Toro decide criar um grupo de Whatsapp...