Paradise on Earth

28. A coragem

Henry

Final da semana...

A semana tinha passado em questão de segundos, o tempo era rápido, as horas pareciam segundos, ora era dia, ora era noite. Todos os dias eu passava ao lado de Tina, ela saía da faculdade e eu a levava para casa, no caminho conversávamos e mantínhamos um contato enorme.

Na empresa nos afastávamos, não era possível ver os seus sorrisos, ou estar com o seu corpo no meu, e muito menos sentir seus beijos de bom dia. Era difícil as vezes chegar e ver a sua animação em me ver, mas ela continha devido ao fato de ninguém poder saber de nós.

Eu estava me desgastando com essa farsa, andar ou ficar ao seu lado no elevador, ouvir seu bom dia, sentir seu cheiro doce que invade no elevador, me deixava possesso saber que aqueles eram o único contato que eu teria com ela naquele dia. E na faculdade não era diferente, eu estacionava o carro na garagem e esperava por ela, mas sempre em um lugar escuro ou pouco movimentado, para não haver alguém curioso e descobrir do nosso relacionamento.

Hoje é sexta, graças ao bom Deus, essa semana foi diferente, como se do dia em que eu dormi e acordei com ela, nenhum outro conseguiu me trazer a felicidade que aquele glorioso dia pôde. Quando naquele madrugada gelada e chuvosa, ela me chamou de meu amor, mesmo que tenha sido em um momento frágil e tenso, eu senti minhas pupilas se expandirem, minha boca ficou seca, e meu cérebro não raciocinava. Eu não havia sido chamado de amor por ninguém, e ouvir esse pequeno apelido, um tanto carinhoso saindo de sua boca, eu me perdi no amor que sinto por ela.

Eu te amo Valentina!

Eu queria dizer isso à ela, contar todo meu sentimento, declarar minhas emoções e ser o mais vulnerável possível perto dela, mas nesse momento acho que seria indelicado da minha parte querer me declarar e de algum modo esperar por um amor ou sentimento próximo dela. Eu queria que ela me amasse, mas e se não for o caso ? Eu posso apressar as coisas dizendo essas minúsculas 3 palavras, e eu sei o quanto ela preza por tempo e paciência, mas anjo, paciência, essa não é uma das minhas maiores dádivas.

Amanhã minha mãe havia programado um dia em família, não só convidado os filhos, mas também nossos amigos, e Anthony como sempre já estava mais que convidado para aparecer no dia. Mas não era nele que eu estava pensando, e sim nela, na minha enorme vontade de levá-la sábado e apresentá-la para minha mãe, a mulher que embora não tenha sido participativa na minha vida em alguns anos de vida meu, é a mulher que eu me orgulho em poder chamar de mãe.

Eu sei que para ela é difícil acreditar em como meu pai morreu, e sei que é pior ainda quando se imaginava a dor que ele deve ter sofrido, mas eu tento aconselha-lá a pensar no melhor e esperar que ele esteja em um lugar melhor, e sentindo orgulho do modo como a família que ele tanto amava e protegia conseguiu se virar sem ele.

Valentina já conhecia meus irmãos, isso era fato, no dia do hospital os dois estavam presentes e acabaram por coincidência se apresentando para ela. Eu esperava que as circunstâncias tivessem sido outras, e que o modo como eu a apresentei fosse melhor e acolhedor, para que ela não se sentisse excluída das nossa conversas, mas naquele dia ela foi, nossos assuntos eram sérios e importantes e como naquele momento ela não sabia de meu pai e da minha mãe, eu não podia conversar com ela ali e esperar uma reação boa vinda dela.

Nesse sábado seria o melhor momento para poder apresentá-la para minha mãe, mas eu estava nervoso e preocupado, pois talvez ela escolha esperar um certo tempo para conhecer a mulher que me deu a luz. Mas se bem que ela já irá me apresentar aos pais na próxima semana, eu só adiantaria a hora da minha apresentação. Esse nervosismo estava estampado em meu rosto, e naquele carro fechado e no escuro, minha ansiedade era o que mais se manifestava.