Paradise on Earth

21. O pedido

Henry

Dormir domingo foi algo difícil. Eu estava chateado e de luto, meu pai havia morrido nesse dia, me deixando sozinho com minha mãe e irmãos. Eu sabia que minha mãe ia tentar algo perto de dia, eu apenas tinha esperança de que dessa vez ia mudar, e que ela tentaria ser forte.

Eu chorei a noite, a falta que meu pai me faz é imensa, eu consigo lidar com tudo sozinho, mas seria muito melhor com meu melhor amigo ao meu lado.

Eu estava agitado e precisava eliminar energia, queria tirar essa dor do meu peito, estar calmo, mas não conseguia. No meio da noite decidi ir até o cemitério; passei horas ali, conversando com meu pai, contando de tudo que havia acontecido e das crises de mamãe.

Eu sentia falta das conversas que eu tinha com meu pai, ele sempre me aconselhava a fazer o melhor, procurar tratar todos com respeito e ter amor por todos sem discriminação. Queria ter o meu velhinho do meu lado e contar o sucesso que a empresa estava tendo, contar de tudo que eu estava conquistando.

Eu era o mais velho entre os irmãos, então toda a carga de responsabilidade caiu sobre mim, tive que me transformar em meu pai em menos de 1 dia. Domingo eu tinha a necessidade de ser forte e responsável como meu pai, mostrar para a minha família que contar comigo é algo que eles podem fazer.

Sai do cemitério já era umas 03 da manhã, e assim que cheguei em casa tomei um banho novamente para me livrar da sensação do cemitério. No banho, lavo meus cabelos com calma, uma calma que eu não esperava ter em mim tão cedo, eu me sentia tão desanimado, que nada era vívido naquele momento, eu apenas queria descansar e passar essa noite rápido.

Estava deitado, mas não conseguia pregar os olhos, lembrava de dias e momentos com meu pai, lembrava da minha mãe doente, dos meus irmãos, e de como era nossa família antes de tudo. Éramos felizes e risonhos, tínhamos nossas brigas e encrencas, mas assim como toda família tem, não era algo preocupante.

Meu pai e minha mãe o casal mais romântico e apaixonado que eu vi, viviam demonstrando esse amor próximo a nós. Foi com meu pai que aprendi que ser vulnerável não é ser fraco, mas sim forte.
Eu me virava muitas vezes na cama, pensava em tudo, e não me acalmava, doía lembrar de todas as vezes que já avistei minha mãe no hospital.

No meio de toda bagunça nos meus pensamentos, o seu sorriso se torna aquilo em que penso. O modo como se preocupou, cuidou e esteve ao meu lado, me trouxe calma e conforto; eu queria passar os meus dias ao seu lado, e estava decidido de que ela seria minha.

Lembro-me de seus abraços, o modo como eu conseguia mudar meus sentimentos, como eu relaxava apenas sentindo o cheiro floral de seu cabelo, ou como suas mãos ao redor do meu peito me traziam um alívio enorme. Perdido nela eu consegui dormir.

[...]

A caminho da empresa, decido que hoje seria o dia em que eu a pediria em namoro, mas eu queria fazer algo único e inusitado. Assim como todo dia, a vejo com seu amigo no ponto, com um sorriso encantador no rosto.

Eu me apaixono por essa mulher todos os dias, como se algo assim fosse possível, ela me deixa louco e viciado na sua beleza, no seu carinho e na sua bondade.

Estaciono o carro, e corro para chegar ao elevador, quero chegar ao seu andar antes que ela. Entro no elevador e graças a Deus ela não estava lá, bom tem o lado negativo, eu estava ansioso para encontrar e receber um sorriso aquecedor e receptivo de bom dia. Mas precisava realizar meu plano.

No seu andar, me apresso a entrar na sua sala, e com cautela, procuro uma caneta e papel. Escrevo uma pequena carta que dizia o seguinte.:

"Valentina, pensar em você traz uma paz imensa no meu psicológico, saber que você está em minha vida apenas me alegra mais. Posso te dizer que sinto um desconforto ao pensar que não é minha, que não posso te chamar de minha mulher, e te-lá aos meus braços. Mas como pediu, tudo no seu tempo e como preferir. Para compensar o nosso último encontro, gostaria que você viesse jantar comigo essa noite. Caso sua resposta seja sim, mande-me uma mensagem. Aguardo por sua resposta.
De Henry!"