20. Anjo

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Valentina

Assim que ele encontrou sua mãe no hospital, acamada e com aparelhos ao seu redor, ele piorou, ficou devastado e pude ver algumas lágrimas saírem de seus olhos.

Eu tinha a sensação de que está não era a primeira vez que ela a via assim.

O caminho de sua casa até o hospital, ele estava inquieto, suas mãos estavam levemente trêmula no volante e estava pensativo. Tentei ajudá-lo como pude, tentava acalma-lo com falas ou com apoio. Era como se ele já tivesse uma ideia do que aconteceu, e porque aconteceu, ou sabendo de algo que pode ter provocado.

Eu queria ao máximo tentar ajudá-lo, me incomodava e doía vê-lo daquele jeito, sentia meu peito ser esmagado e pisoteado sem poder reagir; eu queria estar do seu lado para tudo, e nesse momento eu iria ficar do seu lado seja para o que for.

Ele batucava, e sempre olhava no retrovisor para tentar ultrapassar algum carro, e ver se chegava mais cedo. Ele se perdia em seus pensamento e a cada farol vermelho bufava mais, olhava para janela fora e mal se concentrava em algo. Até que é um farol, coloquei minha mão sobre a sua e isso parece ter chamado a sua atenção, como se ele lembrasse que eu estava ali.

Segurei em suas mãos e ele olhou em meus olhos, com um olhar vago e tenso; carinhosamente beijei sua mão, e disse "Tudo vai ficar bem, vamos chegar no hospital e o que ela precisar tentaremos fazer ".
Foram poucas palavras mas de algum modo pude ver que havia o ajudado, pois depois daquilo ele dirigiu com mais atenção e um pouco mais de calma.

Já no hospital, ele não parava quieto e procurava a todo momento o andar, e por sua mãe. E quando encontrou, andou rápido até sua cama, e beijou sua cabeça, com um beijo demorado. Suas lágrimas caiam em um choro silencioso, isso era tudo que eu conseguia ver. Ele estava vulnerável e com medo, e eu o entendo, se algo parecido acontecesse comigo e aos meus pais, eu estaria até pior.

Fiquei em silêncio, e pude ver que minha presença ali era algo desnecessário, ele precisava de sua intimidade e privacidade. Sai do quarto e fui sentar-me nas cadeiras em frente à porta. Fiquei um bom tempo sentada e pensando em tudo que havia acontecido.

Como um simples churrasco e um dia feliz, se tornou em algo triste e deprimente. Eu olhava atenta todas as outras pessoas no hospital, umas em macas sendo levadas aos quartos, outras andando de um lado ao outro, e algumas como eu, sentada apenas esperando.

Eu não iria embora tão cedo, não queria deixá-lo sozinho, eu quero apoiá-lo e estar do seu lado ao máximo. Estava perdida nos meus pensamentos quando um homem, mais específico um jovem, passou por mim e entrou no quarto, ele me analisou e apenas seguiu. Fiquei em dúvida mas depois acreditei ser um dos irmãos de Henry.

Pude ouvir vozes vinda do quarto, e o que me pareciam eram 3 e todas masculinas. Não era uma discussão, pois não ouvi gritarias ou berros, mas parecia ser uma conversa alta. O médico entrou no quarto, e passou um bom tempo, contando a situação da mãe dele, percebi que estava demorando o que significava que a notícia não era boa.

Eu decidi procurar uma máquina e pegar café para todos, queria ser útil e ajudar como eu podia.
Desci alguns andares e finalmente encontrei a lanchonete. Como não sabia o gosto de cada um, fiquei indecisa sobre o que pegar e o que levar; por final levei cappuccino para todos. Para auxiliar a entrega, pedi uma bandeja a uma enfermeira que sorridente me entregou.

Subi com cuidado pelo elevador, e no andar avistei todos do lado de fora do quarto. Estranhei pois achei que ficariam com sua mãe ou estariam apoiando-na.
Me aproximei, e por alguns segundos nenhum deles notou minha presença.

—Licença, eu trouxe café para vocês.- digo um pouco tímida para eles.

Assim que digo, todos pegam os cafés, e agradecem; levei a bandeja até a recepção do andar e deixei ali.
Voltei e Henry estava me olhando em pé, como se quisesse falar comigo. Próximo a ele, tentei interpretar a sua expressão, e falhei; não sabia o que se passava em sua cabeça, e isso dificulta, pois eu não sabia como ajudá-lo

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