Paradise on Earth

23. Mal entendido

Valentina

Minha noite passada foi horrível e turbulenta, eu pensei em todas as possibilidades e motivos para o Henry simplesmente não ter me ligado ou mandado mensagem. "Vai ver ele não me viu." ou "Ele me usou e não liga para os meus sentimentos", tive incontáveis possibilidades, e nenhuma me acalmava, apenas me deixava mais aflita.

Tin bateu algumas vezes na porta mas eu não estava com vontade de atender, então apenas ignorei. Relutante, decidi me distrair fazendo alguns trabalhos da faculdade, e aproveitar para desenhar a planta do prédio.

Eu estou tão distraída com meus pensamentos nele, que não estou focando no que realmente me trouxe aqui para a cidade, que foram meus estudos. Uma oportunidade como esse projeto irá alavancar minha carreira, sem contar que será um grande e admiração aprendizado.

Eu não acúmulo matéria, então os trabalhos foram rápidos, mas estudar demorou, fazer pequenos roteiros e resumir a matéria com as minhas palavras era complicado. No meio dos estudos Henry me veio à cabeça, e não consegui afastá-lo. Eu estava tão encantada e preenchida por saber que teria alguém do meu lado, e principalmente ter ele do meu lado, mas ele não me mandou nada, ou apenas disse algo como "Boa noite Tina".

Eu dormi perdida nos estudos, e o pior no sofá da sala, que me deixaria com uma tremenda dor nas costas. Acordo de repente, e caio do sofá pela brutalidade dos meus movimentos. Levanto com algumas folhas espalhadas pelo chão e um livro no meu cabelo que havia caído comigo.

Sigo para o banheiro, e tomo um banho morno, e extremamente relaxante, precisava espairecer a cabeça e nada melhor do que tomar um banho para resolver. Enquanto lavo meus cabelos, penso nos meus sentimentos por ele, e como tudo que temos cresceu rápido. Nosso encontro ao museu surge repentino na minha mente, e lembro da nossa caminhada animada e cheia de conversas.

Ele me faz bem, disso não posso negar, mas sou completamente insegura, e tímida, tenho muitas dúvidas em relação a mim. Não quero pensar que tudo que tivemos simplesmente não passaram de momentos, e que para ele não significou nada. Eu preciso confiar em seus sentimentos, mas minhas inseguranças são maiores, meus medos são maiores.

Termino o banho, e saio do banheiro, ainda secando o cabelo e procurando alguma roupa para ir a empresa. Visto uma saia preta colado ao corpo indo ate o joelho, com uma pequena apertura na perna direita, e uma blusa social branca com manga larguinhas, com um cinto escuro.

Penteando o cabelo ouço a campainha tocar e caminho até a porta para abrir, e meu amigo está na porta me olhando preocupado e cabisbaixo.

—Oi Val, posso entrar?- confirmo com a cabeça.
—Desculpa não ter atendido a porta ontem, precisava de um tempo sozinha.- falo indo aí meu quarto.
—Eu preciso conversar com você sobre o que viu, prometi ao Henry que falaria com você.
—Você falou com ele ?- pergunto o observando através do espelho.
—Falei, ele estava desesperado e desanimado quando me encontrou no ponto de ônibus.- ele para e continua.- Val, o que você viu ontem com o Henry e a Diva não era o que parece.
—Eu não estou entendendo.- para de pentear e me viro para olhá-lo.
—Val, vou te contar. Senta aqui.- disse batendo na cama e assim faço.- Ontem você viu que a Diva derramou o café dele em sua roupa, e ela o seguiu, e assim também fiz, porém eu fiquei escondido, não queria que ela percebesse que a seguia. Próximo ao corredor, pude ouvir toda a conversa. Ela deu em cima dele, e insinuou que os seus olhares à ela o enchia de tesão, falou horrores de putaria para o homem, e ele interviu dizendo que já era compromissado com a melhor mulher que ele podia ter conhecido, e que não olhava com desejo para ninguém a não ser ela.- termina a frase com um sorrisinho maroto.- Continuando, ele a dispensa gentilmente, coisa que eu mesmo não faria, e ela insiste chegando perto dele, ele a empurra levemente, e vira para entrar no banheiro, mas ela pega no seu braço e quando ele vira, tasca um beijo nele.