XXI

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Acordei com dedos massageando  suavemente meu rosto.
— Ah! Desculpe, não queria ter te acordado!
Sem dar uma palavra, me joguei em seus braços, caindo na pequena cama.
— Você acorda tão linda. Não consegui me segurar.
— Não me importo.— Sorri, enquanto minhas mãos passeavam pelo seu peito e seus braços.
— Quer dar uma volta na cidade depois?
— Melhor não. Meu rosto está em cartazes de procurado agora, soldados podem vir atrás de mim, você sabe como é.— Respondi com tom orgulhoso.
— Se um soldado vier atrás de você, eu acabo com ele.
— Estava brincando, Sanji. Podemos ir sim, vou aproveitar e comprar algumas telas também.


A cidade era um tanto simples. Sem atrações turísticas nem nada, mesmo assim era bonitinha. Simples casinhas de madeira, florestas de bétulas ao fundo, riachos que cortavam as trilhas, mas o que se destacava, era o QG da marinha, bem ao fundo. Eu e Sanji andávamos pelas barraquinhas da vila.
— Chopper disse que precisa disso para fazer alguns remédios.— Anunciei, pegando algumas folhas de bálsamo em cima do balcão da lojinha de plantas.
— Além de remédios, podem fazer perfumes e óleos para o corpo.— Esclareceu a senhorinha, do outro lado do balcão.
— Certo, vou levar...500 gramas.— Observei a tenda enquanto a senhorinha pesava as folhas. Reparei no número 13 dourado estampado na madeira que sustentava o pano da tenta.
— Quer comer alguma coisa?— Perguntou Sanji, quando saímos da barraquinha de ervas.— Você ainda não comeu nada hoje.
— Não vi nenhum restaurante por aqui. Ah!— Gruni, um homem passara ao meu lado, esbarrando em mim, com força, fazendo-me ser empurrada em Sanji.
— Desculpe.— Disse recolhendo algo que havia deixado cair. Não consegui ver o quê era, mas vi que tinha a cor de um amarelo desgastado. O homem usava um chapéu marrom escuro, que cobria seus olhos, e um casaco comprido, que batia em seus joelhos, e sumiu em meio as outras pessoas que passavam.
— Que cara estranho.— O cozinheiro murmurou, e continuamos nossa caminhada. Notei que ele estava distante, pensando em algo enquanto andávamos em silêncio.
— Melhor voltarmos. Você cozinha algo pra mim no Sunny, não estou com fome mesmo.— Ele fez que sim com a cabeça. Estava tão distraído.
Foi então que notei seu olhar, fixado em uma mulher ao longe. Ela parecia mais alta que eu, mas tinha certeza de uma coisa; ela era bem mais bonita. Senti como se dessem uma chibatada com uma vara d'água em meu coração. Soltei sua mão e fui andando à frente.
— (S/n)-chan! Onde está indo?— Gritou, correndo atrás de mim e segurando meu pulso.
— Pode olhar para as outras mulheres Sanji, fique a vontade.— Afirmei com ar sarcástico, puxando minha mão de volta, com força.— E ainda achei que você tinha mudado.— Me virei e andei o mais firme que pude.

Estava guardando as roupas que trouxera para o hotel, queria voltar ao Sunny o mais rápido possível, queria ver minhas tintas e meus pincéis de volta, e desabar em minha cama.
Ouvi batidas soarem na porta.
— Entre.
Vi um olho azul cintilante espiar pela porta.
— Peço mil desculpas, (S/n).— Admitiu, entrando no quarto.— Nunca quis te magoar...
— Sanji, olha, estou tentando, ok? Estou tentando demonstrar o quanto gosto de você. Estou tentando fazer com que nós demos certo, mas, como vou fazer isso sem nem saber se posso confiar em você? Pensei que tinha mudado, Sanji. Pensei que já não era o mesmo mulherengo como antes. Por que fica olhando para outras quando está com sua namorada ao lado? Por favor, Sanji, você já foi enganado antes, viu como dói, por favor, não me engane.— Peguei a bolsa e fui em direção à porta.
—... Desculpe...— Sussurrou ele.
Seu tom era cheio de arrependimento. O quê partiu meu coração, ainda estava furiosa com ele, mas mesmo assim, me dói vê-lo triste.
— Tratamos disso no Sunny. Não quero mais falar sobre isso agora.— Respondi, ríspida.

Sanji PoV.

Sentei no sofá do quarto, pensando no que fazer para que ela desculpasse a merda que fiz. Já deveria ter me acostumado com o namoro. – Afinal, já faz dois meses e meio. – Meus olhos foram sozinhos naquela moça, foi totalmente culpa minha, ela tem toda a razão de ficar brava...
Olhei para os lados em busca de solução, mas acabei por achar a minha gravata caída embaixo da cama.
— Como isso veio parar aqui?— Me levantei e agachei ao lado da cama, esticando minha mão para pegá-la. Senti meu dedo esbarrar em algo, na parede, era algo definitivamente sólido; diferente de uma gravata.
Ouvi o som de uma trava, em seguida, três tábuas de madeira do chão se levantaram, revelando uma escotilha. Movi a cama para outro lado, e abri a porta secreta, que levava a uma escadaria escura. Fui descendo até me lembrar de algo que (S/n) havia me dito. Ela disse para eu não ir sozinho, ou avisar alguém que fui. Coloquei a cama onde estava e sai correndo pelo corredor.
— (S/n)-chan! (S/n)...
— O que foi?
— Encontrei uma... Escotilha secreta em nosso quarto, vamos lá...
— Espero que seja verdade. Já falei, tratamos disso no Sunny, se for alguma desculpinha besta, a resposta é não.
— É verdade, (S/n). Veja.— A trouxe para o quarto, e empurrei a cama novamente, apertei o botão invisível na parede, e mostrei a escotilha.
— O quê... É isso?— Perguntou, passando os dedos pelo metal.
Arregacei as mangas, e girei para que fosse aberta, abri, desci alguns degraus e estendi a mão para ela, que, mesmo relutante, aceitou. Fomos andando, o corredor era bem estreito, do modo que fiquei na frente, e ela vinha andando atrás de mim.
— Acabei de perceber que estou te pondo em perigo.— Quebrei o silêncio.— Mas foi você quem disse para eu não ir em lugares assim sozinho, não foi?
— Pare de fingir que nada aconteceu, Sanji.
— Não estou fingindo nada. Pode parar de pensar nisso por cinco minutos?— Quis pegar as palavras de volta assim que saíram da minha boca.— Desculpe, fui grosso.
— Parar de pensar nisso? Ah, por favor...
— Não foi isso que eu quis dizer...
— Por acaso não sou o suficiente pra você, Sanji?— Parei de andar.— Não sou o suficiente, não é? Não vejo outro motivo para você ficar olhar para uma mulher bem mais bonita que eu na rua.
— Não é isso, (S/n)-chan...-- Me virei e a abracei.— Você é mais que suficiente.
— Então por quê?— Perguntou ela, com voz de choro.
— Sou um idiota, meus olhos foram...— Notei uma silhueta desconhecida descendo as escadas, joguei (S/n) atrás de mim, já estava preparado para atacar.
— Quem são vocês? E o quê estão fazendo aqui?

Freedom Is All I Want- Imagine SanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora