IX

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A música ia ficando cada vez mais rápida, os pares iam trocando, os homem que estavam no círculo de fora davam um passo para o lado e iam de moça em moça. Parecia ser uma dança típica da região, o ritmo combinava com as roupas. Apenas tentei imitar os movimentos das mulheres do meu lado. Percebi que havia algo de estranho com o local. Se todos os moradores fugiram, então por que a casa estava tão cheia?

O rapaz com que eu estava dançando deu um passo ao lado, rapidamente o soltei, ele segurou as mãos de uma dançarina e continuaram a dançar enquanto meus olhos corriam a procura de Nami. Senti algo envolvendo minha cintura, olhei para frente e me deparei com Sanji.
—Oh, que surpresa ver você por aqui.— Brinquei.
— E você— a música parou, roubando a atenção de nós dois. Logo em seguida, uma música rápida e animada, diferente da outra, começou. Todos começaram a se movimentar rápido e para todos os lados, apenas os imitamos, a roda se desfez.
— Você sabe dançar?— Perguntou ele.
— Nem um pouco.
_ Não minta. Quando você estava dançando com o outro cara, estava indo tão bem.
— Só estava imitando os passos das outras garotas. E música lenta é fácil, estas não.
— Apenas não fique parada. E deixe o resto comigo.— Ele piscou. Ou pelo menos acho que piscou. Era claramente uma referência a música que contamos enquanto limpavamos as louças naquele dia.
Notei que ele estava suando, talvez nervoso com algo. Será que ele percebeu também? Pensei, mas muito arriscado perguntar com tanta gente ao nosso redor, então decidi deixar para outra hora.
— Estou terminando a pintura.— Mudei de assunto.
— Qual pintura?— Ele me olhou confuso.
— Da nossa noite em claro na Gávea.— Sorri.— Você achou mesmo que não ia fazer? Não ia desperdiçar uma ideia tão boa.
— Sério? Poderia ter me dito antes! Agora estou animado para ver.— Ele fingiu frustração.— E aí? Como ela está?
— Está do jeito que pensei que ficaria. Talvez um pouco menos perfeito, mas o bom é que está bonito.
— Não tem como não ficar.— A música acelerou, ele me girou algumas vezes e ficamos um pouco distantes. Ele estava estranhamente quieto.
— O que foi?— Ri. Seus olhos estavam cravados em mim?
— Ah, é que.. Você está tão bonita hoje, (S/n)-chan. Não estou acostumado a te ver tão arrumada.
— É? Bem, obrigada. Você também não está nada mal.— Simpatizei, ele apenas deu um pequeno sorriso. Estava tentando esconder a minha preocupação.
— Está preocupada com algo?— Perguntou ele.
— Como você sempre adivinha?— Fingi um choro. Ele riu, mas logo depois ficou sério novamente.
— O que aconteceu?
— Não acha estranho alguém convidar um bando de estranhos para uma festa importante como esta?
— Não precisa se preocupar, (S/n)-chan. Vai estragar a sua noite, se alguém tentar alguma "gracinha" nós vamos estar preparados para lutar a qualquer momento.— Ele chegou mais perto.— Trouxe suas armas?— Cochichou no pé do meu ouvido. Dava para sentir a sua voz calorosa contra minha pele.
— Sim. Mas... Também notei que... Não vira Jimbe desde que sai do vestiário, e agora também não vejo Nami...— Ele olhou para os lados.
— Venha.-- Puxou minha mão para fora da pista.— Vamos conversar lá fora.
Sanji me levou até uma das sacadas do local. Era realmente grande. As janelas e vidraças enormes ficavam apontadas para o norte da ilha (lado oposto ao porto e a cidade) parecia estrategicamente para ninguém perceber, mas, não tinha como achar isso suspeito, afinal, Bugsy dissera que era um pirata, talvez só quisesse se esconder da Marinha, ou algo do tipo.
Sanji se apoiou no parapeito enquanto olhava pra o céu.
— Não está tão estrelado como o da semana passada, não é?
— Tem razão...— Só estávamos esperando com que as pessoas que estavam passando fossem embora, até que fui e fechei as grandes portas de vidro para que nos dessem privacidade.— E então?
— A casa está lotada. Há garçons e dançarinas por toda parte. Mas não há ninguém na cidade, e, mesmo que eles voltassem para a vila, não teriam com o que gastar o dinheiro. Além dos vários velhos e mafiosos lá dentro. Você notou algo de estranho no tal do Bugsy?— Ele se virou para mim.
— Não sei... Ele nos deixou entrar em sua festa e nos deu roupas, não parece ser alguém ruim. Mas... Não consigo confiar nele. Suas explicações sobre a cidade me pareceram bem vagas...— Concluí desapontada.
— Realmente não consigo entender. Por que todos os habitantes se mudariam de ilha por causa de tempestades? Este clima está fresco, não há sinais de chuva ou algo do tipo, eles não poderiam simplesmente ter mudado para a outra costa da ilha?— Concluiu Sanji. Ficamos refletindo, tentando achar alguma explicação ou justificativa para aquilo, mas a resposta não veio. Sanji parecia inquieto, ficava batendo a ponta do pé direito o tempo todo, até que colocou as mãos nos bolsos da calça e se virou para mim.
— Vou pegar algo para beber, você quer?— Ele ainda parecia nervoso, apenas fiz que sim com a cabeça e ele saiu de lá apressado. Voltei meu olhar para o céu, perdida em meus pensamentos. Sinti algo em meu ombro, achei que era Sanji, mas quando me virei para ver de quem pertencia aquela mão, me deparei com o dono do bar, Bugsy.
— Olá, senhorita (S/n).
— Como... Como sabe meu nome?— Estava assustada demais para perceber minha falta de educação naquela pergunta.
— Não fique assustada. A senhorita Nami me falou sobre você. Agora, por que não vem comigo?— Ele agarrou meu pulso, minha reação na hora foi ficar imóvel, algo dentro de mim gritava para pegar minhas pulseiras e atacá-lo, outra dizia que ainda não estava na hora certa.
— Com licença, senhor Bugsy.— Sanji apareceu na porta.— Eu e (S/n)-chan estávamos conversando.— Ele veio até o meu lado e segurou meu ombro, em seguida, fez algum sinal com a cabeça (não entendi o que era) para Bugsy, que abriu um sorriso.
— Desculpe atrapalhar vocês dois. Depois que terminarem, vão ao andar de cima, quero mostrar o prédio a todos vocês, estarei esperando lá.— E se retirou.
-- O que disse a ele?-- Perguntei.
— Não importa. Ele te machucou?— Sanji voltou de seu estado sério para o normal de volta.
— Não, ele não fez nada comigo. Mas, ele disse que a Nami falou de mim para ele. Isso significa que ela esteve com ele, não é?— O tom de preocupação em minha voz era perceptível.— Você achou ela?— Sanji fez que não com a cabeça.— Devemos ir?
— Temos que descobrir o que há de errado com este lugar. Mas também, não quero te colocar em perigo.
— Sanji, não se preocupe, eu sei me defender sozinha.— Coloquei os braceletes.— Se algo der errado, vou lutar, e também, dois de nossos companheiros sumiram, não é algo com que se brinque.
— Nunca duvidei de suas capacidades, (S/n)-chan, só penso que estamos em desvantagem, não sabemos o que tem lá em cima ou quantas pessoas tem, e não podemos ir todos juntos para lá, se não, iríamos ficar todos na mira.
Refleti por alguns segundos. Não sabíamos nada sobre o suposto inimigo. Nem suas intenções, seus poderes, nem sequer seu bando nunca tínhamos ouvido falar.
— Tem alguma ideia?
— Tenho várias em mente.— O cozinheiro respondeu, com um sorriso malicioso nos lábios.

Freedom Is All I Want- Imagine SanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora