XXIV

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Estava deitada na minha cama, observando a foto do pingente do colar, August me deixou ficar com ele, e disse que seria algo que meu pai gostaria que eu ficasse. Tentava lembrar de mais coisas, quero me lembrar dele, só de saber que ele era um revolucionário e que lutou por justiça, já me faz ter muito orgulho.
— (S/n)-chan? Posso entrar?— Ouvi a voz de Sanji atrás da porta.
— Ahn... Pode.— Coloquei uns fios de cabelo pra trás da orelha, tentando arrumar o mínimo possível. Ele se sentou ao meu lado na cama e perguntou as mesmas coisas de sempre; se estou bem ou se quero algum lanche.
— Você se parece bastante com seu pai.— Começou ele, entrelaçando nossos dedos.— Tem o mesmo tom de cabelo, o mesmo nariz, os mesmos olhos... A propósito, não tinha dito que não se lembrava dele?
— Tinha... Mas, por incrível que pareça, agora me lembro claramente de seu rosto. Ele pintava também... Me lembro de seus quadros... Dos pincéis e... Das camisas sujas de tinta. Não queria pensar nessa hipótese, mas acho que minha mãe deu algum jeito de me fazer esquecer dele quando partiu para a marinha.
— Hm...— Sanji me lançou um olhar triste.— Quer um conselho? Esqueça dela, não lembre do passado, nem a chame de mãe, acredite, ela não merece. Isso funcionou pra mim, talvez funcione para você também.
Assenti e deitei a cabeça em seu ombro. Notei que o cozinheiro estava vestido com seu avental.
— Está preparando algo?— Apontei para a roupa.
— Ah, sim. Estou fazendo o jantar.
— Não são nem 16:00, por que está fazendo tão cedo?
— Era disso que queria conversar com você. Pensei que poderíamos... Jantar fora hoje, juntos. Só nós dois.
— Sanji... Os outros não vão deixar nós sairmos sozinhos. Principalmente se for para ir em um restaurante.
— É por isso que estou fazendo o jantar mais cedo. Já conversei com a Nami-san e ela falou que vai nos encobrir até lá, por uma certa quantia de dinheiro... Mas não importa! Vamos ter um encontro, querida!
É estranha a ideia de ter o primeiro encontro depois de quase dois meses e meio de namoro.
— E se alguém nos reconhecer?
— Ninguém vai. Confie em mim, vamos ficar bem.
Sanji estava tão animado, parecia que iria dar piruetas de felicidade se eu dissesse que sim.
— E então, que horas começo a me preparar?
— Antes das sete da noite.— Acrescentou dando beijos nas minhas mãos.— Vou terminar de cozinhar o jantar, te vejo à noite.

Coloquei um vestido preto que estava jogado no fundo do armário, e passava o batom quando ouvi:
— Toc toc.— Corri e abri a porta, e me deparei com um buquê de flores enorme.
— Uau... Sanji! São lindas... Não precisava...
— É claro que precisava, aliás, essa aqui se soltou...— Retirou uma orquídea branca do bolso da calça, e a pôs no meu cabelo.— Está incrível, querida.
— Assim você irá tirar o meu batom.
— Só um não faz mal.— Deu um rápido beijo em meus lábios, se afastou e continuou olhando para o meu vestido.
— Vou colocá-las na água.— Disse, recolhendo as flores nas mãos de Sanji e pegando a jarra vazia em cima da penteadeira.
— Nunca te vi usando este vestido.
— É a primeira vez que uso. Ficou bom?— Deslizei as mãos pela cintura do vestido justo.— Estou brincando. Vamos?
— Vamos.— Ele ofereceu o braço e aceitei. Passamos pelo deck e Sanji jogou as cordas no chão, descemos e continuamos andando pelas ruas da cidade.
— Hum... Hum hum... Hum...— Sanji cantarolava.
— O quê está cantando?
— Nada de mais.— O lancei um olhar questionador.— Sério. Não me lembro da letra, só do ritmo. Depois pergunto à Brook se ele a conhece. Ah, é ali, na esquina.
Sanji apontou para o pequeno restaurante com mesas na calçada e toalhas xadrezes.
— Vou querer este macarrão à molho branco.— Apontei para o prato no cardápio.
— Certo. Garçom! Traga um desses e um macarrão à bolonhesa para mim, obrigado.
O garçom trouxe nossos pedidos e começamos a comer enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias.
— Está gostoso?— Perguntou ele.
— Sim. Quer experimentar?— Ergui o garfo com comida em sua direção, seus olhos brilharam de excitação, ele respirou fundo, fechou os olhos e abriu a boca. O vi sorrir enquanto mastigava, não sei se era por causa da comida que estava muito boa, ou pelo simples fato de que tinha dado comida na boca dele.
— Hm, Sanji, por que você ficou tão irritado quando IvanKov veio?— O ouvi engoliu seco.
— Por nada... Nenhum motivo.
— Fale a verdade.
— Estou dizendo a verdade.
— Sabe que pode me contar, né? Eu percebo quando você menti, e você me esconde tantas coisas...
— Podemos discutir no Sunny?
Bufei e concordei. Voltei a comer minha comida, desta vez, em silêncio.

Freedom Is All I Want- Imagine SanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora