Não sei exatamente quanto tempo se passou, só voltei a mim quando vi as luzes dos faróis do Mini Merry.
— (S/n)...? (S/n)!— Ouvi uma voz chamar meu nome, não consegui distinguir quem era, minha vista se embasou e comecei a sentir náusea.— Está tudo bem?... (S/n)? (S/n)!! Rápido! A tragam para o Mini Merry, ela está em estado de choque!Abri meus olhos, percebi que já estava de volta no meu quarto, com roupas quentes e secas, e enrolada em cobertores. No criado mudo, havia uma bandeja com leite e pão. Ouvi a porta se abrir.
— (S/n)? Está acordada? Chopper! Ela acordou!—Nami chamou o médico.
— Aqui, tome estas pílulas e depois coma.
— O que são esses remédios?
— São vitaminas, e coma esse pão, você precisa de energia.
— Encontraram o Sanji?— As palavras pularam da minha boca. Chopper fez que não.
— Os meninos saíram para procurar ele.— Disse Nami, encostada na batente da porta.
— Já faz quanto tempo?
— Meia hora.
Suspirei e deitei de volta na cama.
— É pra tomar, ouviu? E não levante da cama, à não ser se for pra pedir algo à nós.— Ordenou Chopper, deixando os comprimidos na bandeja, e saiu do quarto, junto de Nami.
“Eu te amo. Nunca se esqueça disso.”
Afundei minha cara no travesseiro. Como pude ser tão idiota? Terminar tudo só por causa de ciúme besta? Sou realmente patética.
Percebi o quanto ele faz falta. Seria bem mais fácil, e também mais rápido, se estivesse aqui, do meu lado, nos recuperando juntos da nossa pequena aventura, e sorrindo, felizes por estarmos bem novamente. Mas esse não era o caso agora. Agora, não sabia onde ele estava, nem sequer se estava vivo, apenas de pensar nessa hipótese, meu coração parou de bater. Sanji não podia estar morto, não podia.
Olhei de volta para o criado mudo, com a bandeja, o buquê de flores... E a carta... Ele queria ficar com ela... Abri o envelope, notei que havia pingos no papel, porém, meus olhos se fixaram em um verso."Tudo tem um significado diferente agora; o seu toque, o seu abraço, o seu beijo, seu cheiro, sua risada, seus olhos, cada "eu te amo", cada carinho; quero sentir; quero ouvir; quero ver;"
Quero sentir tudo isso... Consegui sentir cada beijo que ele me dera, cada abraço... Quero sentir... Quero sentir seu calor, quero ouvir sua risada, sentir seu cheiro... Dobrei a carta e a puis no lugar onde estava, antes que ficasse muito emocionada.
Pensei em uma solução bem idiota para nutrir esse desejo, porém, que funcionária, pelo menos nesse quesito.
Levantei da cama, ainda um pouco tonta, sai do quarto das meninas, percebi que ainda chovia um pouco, corri até o andar de baixo e entrei sorrateiramente no quarto dos meninos, agradeci por não haver ninguém lá, fui até armário de Sanji e o abri, vi que já não havia nenhuma daquelas revistas, me senti culpada por não ter acreditado nele quando disse que as tinha jogado fora. Fui passando os cabides, olhando para os lados para ver se ninguém estava me espionando ou algo do tipo. Ouvi passos, arranquei uma camisa polo branca do cabide, fechei o armário, sai correndo pela porta e fui o mais rápido possível pro meu quarto.
Fechei a porta com cuidado e me sentei na cama. Tirei a blusa do meu pijama, e coloquei a camiseta de Sanji. Assim que à puis, seu cheiro entrou em meus pulmões. Dei um sorriso triste. Agora tinha pelo menos um pedacinho dele comigo. Tomei as vitaminas que Chopper deu, deitei minha cabeça no travesseiro, consegui sentir seu braço, me abraçando de conchinha. Abracei a camiseta.
— Volte logo... Por favor... Se você voltar... Eu te deixo... Me beijar em público, ou... Guardar seus segredos... Até mesmo olhar para outras, não vou reclamar, vou agradecer por ter você perto de mim... Só que pra isso... Você tem que voltar... Volte... Volte logo...Acordei com o som da minha barriga roncando. Vê virei para ver se ele estava na cama ao lado, apenas me olhando dormir. Não havia ninguém ali.
— Você não comeu o pão, não é?— Nami escovava os cabelos na penteadeira. Olhei para a bandeja ao lado, o pão, intacto, e o leite com uma ou duas goladas. Não comi nada desde o jantar da noite anterior.
— Que horas são?
— 14:30.
— Ele ainda não voltou?
Ela apenas fez um gesto de negação com a cabeça.
— Chopper falou que você precisa comer para se recuperar, (S/n).— Explicou Robin, sentada em uma das poltronas.
— Ainda tem algo que ele fez?
As duas se entreolharam. Nami suspirou.
— Ele estava fazendo uma torta ontem.
— Ótimo. Vou lá pegar.
—Não mesmo. Você tem que ficar de cama e bem aquecida.— Ela me cobriu.
— Mas...
— São ordens do Chopper. Vou pegar para você.
Nami saiu e logo voltou, trazendo o pedaço, o colocou no meu colo.
— E não vou cobrar um centavo.— Deu uma piscadela.— Vamos Robin.
Olhei para a fatia no meu colo. Enchi o garfo e o depositei na minha boca. Era doce, tão doce, e no final, com o leve azedo do limão. Ele tinha feito minha sobremesa predileta. As lágrimas escorriam pelas minhas bochechas.
— Sanji!
Ouvi a voz de alguém chamar, me levantei com um pulo. Corri até a porta, ainda cambaleando, a abri e vi Luffy e Usopp dentro do Mini Merry, com Sanji sendo tirado por uma maca, suas roupas, rasgadas e encharcadas, seu braço direito, todo enfaixado, do cotovelo ao punho, tinha um olhar pesado e um semblante cansado. Ele tinha cortes e arranhões espalhados pelo corpo, porém, estava vivo. Quis gritar de alívio, mas não consegui dizer nada. Apenas senti as lágrimas descendo pelo meu rosto. Vi ele sendo carregado até a sala do Chopper, desci os degraus lentamente, com medo de tropeçar em meus próprios pés, atravessei o deck e fui me aproximando do amontoado de gente em frente à sala.
— Chopper irá tratar do braço dele agora. Não devemos atrapalhá-lo.
— O que aconteceu com ele?
— Deslocou um osso do antebraço.
— Ah.
Aos poucos, todos foram saindo da porta, alguns se sentaram na mesa da cozinha, como eu. Quando ouvi a porta se abrindo, corri em direção ao Chopper.
— Sanji está bem, apenas está dormindo.
— Posso... Posso ficar lá com ele?
— Pode. Mas não tente acordá-lo, ele precisa descansar.
Agradeci e entrei na sala quase correndo. Sanji tinha uma aparência tão calma, tinha o antebraço direito engessado, um curativo embaixo do olho, suas feridas já estavam limpas e enfaixadas, senti a necessidade de acariciá-lo, até que acordasse, porém, não iria desobedecer mais uma ordem de Chopper, puxei a cadeira do médico e sentei ao lado da cama, encostei meu braço no colchão e deitei a cabeça nele. Só me restava esperar.
— Argh!
Acordei com um resmungo.
— Sanji... Tudo bem?— Levantei da cadeira, assustada.
— Tudo... Apenas fui tentar acariciar seu rosto, só que mexi o braço direito, hehe...— Ele riu, sem graça.
— Sanji...— Choraminguei.— Ainda bem...
— Ah, não chore... Quer saber com o quê sonhei? Eu sonhei que você estava rindo... Não sei do que estava rindo, e nem me lembro de mais nada, apenas de escutar a sua risada. Foi o melhor sonho que já tive.
— Não fale coisas tão românticas... Não mereço isso...
— Por que não marece?
— Porquê eu quebrei seu coração...
— (S/n).— Ele buscou à minha mão.— Pode quebrar meu coração, mil vezes se desejar, sempre foi seu para machucar do jeito que quisesse.
— Sanji...— Me lembrei de onde já vira aquelas palavras.— Você leu aquele livro?— Ele assentiu.— Os três? Quando?
— Há algumas semanas... Você se parece bastante com a protagonista. Também é um pouco temperamental, e quando vê algo errado, tenta fazer justiça com as próprias mãos, como ela.
Fiquei surpresa, ele havia realmente lido. O quê, na verdade, era previsível, o tema é a sua cara, um romance com príncipes e princesas... Voltei a realidade quando vi o olhar de Sanji se fixando ao chão.
— Sente-se, tenho bastante coisa pra explicar.
Obedeci, confusa.
— Primeiramente... A ilha que passei dois anos... Era...— Vi suas bochechas ficarem vermelhas.
— Olha, não precisa contar, fui muito chata ontem, e não posso te forçar a falar algo que não quer contar, fui muito egoísta...
— Não, foi besteira minha.— Ele riu.— Acredite, é algo muito idiota.
Suspirei. Passei meus dedos pelos seus fios de cabelo.
— Bem... Essa ilha era... Conheci IvanKov lá. Ela é a rainha do reino, acho que você já deve saber onde fiquei.
Inclinei a cabeça pro lado, com ar de questionamento. Ele suspirou.
— Passei dois anos em uma ilha de Okamas.
Quis rir, porém, vi que desviou o olhar e seu rosto estava totalmente vermelho.
— Por que não me contou antes?
— Puro orgulho. Inclusive, quando IvanKov falou sobre as tais de "Tibany e Caroline", ela estava zoando com a minha cara.— Me olhou com sinceridade.— Tibany e Caroline são duas Okamas, e nunca tive nenhuma relação com elas.
— ... Puff...!— Não consegui segurar a risada.— Então você quer dizer que fiquei morrendo de ciúmes por causa disso?
— Exatamente. Fiquei com medo de IvanKov contar isso à todos, não irritado. Desculpa ter mentido pra você.
Ele ofereceu a mão e aceitei. Era como se tudo não passasse de uma piada, uma grande piada.
— Ei, como descobriu que já fui um príncipe?
— Sabe, tem um balde com jornais velhos ao lado da cama da Nami, uma vez passei os olhos por um jornal e vi seu nome escrito. Fiquei com receio de perguntar sobre isso porque você falou que fugiu de sua família...
— Pode me perguntar o que quiser, sempre, vou contar com maior prazer.— Levantei uma sombrancelha.— Á partir de hoje.— Riu.
— Bem... Tenho algo à te contar...— Apertei a costura da camisa.— Vi que você jogou as revistas fora, sinto muito por não ter acreditado quando você disse...
— Tudo bem. Notei que foi ao meu armário, e... Esta camiseta não é minha?
Corei. Esqueci de tirar, droga! Pensei em minha aparência toda depois daquilo, meu cabelo, uma bagunça, com a sua camisa, que ficava bem larga em mim, a calça do meu pijama, e meus pés descalços.
— É... Estava com saudades de você, então peguei a sua camiseta porquê ela tem o seu cheiro...
— Isso quer dizer que meu cheiro é bom?— Provocou.
— Isso é constrangedor...—O olhei, ele queria mesmo saber. Precisava parar de achar constrangedor demonstrar meus sentimentos.— ... É bom.
Sanji deu um sorriso amplo.
— Por que está tão bem humorado?
— Porquê você está bem. Quando nos separamos, tive medo de que nossos companheiros não conseguissem te encontrar. Estou tão feliz por você estar à salvo.
Senti o choro entalado na garganta.
— Você... Você quase me matou do coração! Foi agonizante! Pensei que você estava morto, Sanji! Por que não se jogou pra fora do navio junto comigo?! Fiquei tão preocupada!— Afundei meu rosto em seu peito, esquecendo completamente as faixas em volta de seu torço, ouvi Sanji gemer de dor.— Ah! Desculpa!
— Sem problemas.— Fez carinho na minha cabeça.— Só consegui pensar nisso naquela hora. Me perdoe por ter te deixado assustada.
— Por que demoraram tanto para te achar?
— Porquê... Quando o navio tombou, bati com o braço no segundo mastro, tive que continuar nadando com o braço dolorido, e alguns soldados ainda atrás de mim.— Como esses caras podem pensar em mata-lo em um momento daqueles? Eles não tem amor na própria vida? Pensei.— Por conta disso, demorou mais ainda para sair do radar deles, e então, procurei por você, mas a tempestade não acalmava, e estava sendo levado para a direção oposta do barco, por conta da correnteza. A mesma me levou até a costa da ilha, a praia atrás da floresta de bétulas, quando acordei, estava fraco demais, consegui ir até a sombra embaixo de uma árvore, e adormeci. Não foi tão heróico como você deve ter imaginado, porém, mesmo assim...
Olhei para seu braço engessado, imóvel no colchão. O levantei com o maior cuidado possível, e beijei seus dedos. Ouvi sua barriga roncar. Ele soltou uma risada.
— Como vou cozinhar com o braço assim?
— Posso ser seu braço direito.— Propus, alegremente.— Te ajudo a cozinhar até você melhorar!
— Haha, okay então. Tem uma torta de limão na geladeira, pode, por gentileza, trazer um pedaço pra mim? Não quero parecer um folgado...
— Eu sei. Já volto.
Antes de voltar à enfermaria, passei em um lugar e peguei uma coisa.
— Aqui está.— Puis a bandeja com dois pratos em seu colo, no dele, havia um envelope embaixo.
— Quer que eu coloque na sua boca?
-- Não é uma má ideia...— Ele viu a carta.— Posso... Ficar com ela?
— Claro. Sempre foi sua.
— Pode ler pra mim...?
— ... Posso.
Abri a carta e fui lendo cada verso. Notei que deixei bastante coisa de fora, era muito mais, muito mais, percebi que haviam outras milhares de coisas que faltaram, coisas que amo nele, coisas que amo no nosso relacionamento, não sei de onde surgiu todos estes sentimentos, foi uma surpresa enorme e... Incrível todo esse amor, e espero, do fundo do meu coração, que ele continue assim, firme e forte, aguentando brigas e diferenças, ou brincadeiras e semelhanças, que continue vivo e simplesmente maravilhoso, do jeito que é.
Parei de ler para respirar um pouco, meus olhos já estavam cheios. Olhei Sanji, vi que ele estava quase no mesmo estado que eu.—“Sua, para sempre
(S/n).”— Me ajude, por favor, querida...— O ajudei a sentar, de frente para mim.— Esta carta é o meu tesouro, é mais valiosa do que qualquer baú com ouro e jóias... E... Eu vou te amar...! Vou te amar e cometer mais um milhão de idiotices como esta para evitar que você machuque um dedo. Quero te apoiar e ser a tela para as suas pinturas, quero te colocar pra cima nos dias que não quiser nem levantar da cama, quero ser o seu refúgio, o seu lugar para onde possa correr, quero ser seu melhor amigo, quero te dar amor, carinho, quero te fazer feliz... Por favor... Podemos ser um “nós” de novo?
Me joguei em seus braços.
— Prometo que vou ter mais paciência e... Que vou te perguntar antes de explodir, vou ser menos ciumenta e vou entender mais o seu lado... E... Aí, pare de chorar... Você é o meu amor, foi uma grande idiotice terminar só por ciúmes... Vamos... Vamos ser... Um “nós” novamente.
Sanji me puxou para um beijo, mas não um simples beijo, era o beijo que marca a virada do nosso relacionamento, não somos mais qualquer casal, somos agora bem mais que isso, somos parte um do outro. Essa não é uma história de amor à primeira vista, ou de uma donzela à espera de um príncipe perfeito, é sobre um cozinheiro e uma pintora, tripulantes de um bando pirata, vivendo aventuras e descobrindo novas ilhas nesse horizonte infinito.
— (S/n)!— Chopper abriu a porta.— Sanji?! Você acordou? Sentiu alguma coisa? Ah! E August está aqui!
Todos foram para a reunião na cozinha, ajudei Sanji à se levantar, e dar alguns passos, ele ainda precisava comer e descansar mais, mas conseguia se manter em pé.
— Vocês dois passaram por maus bocados, não é? Minhas sinceras desculpas, mas, graças à vocês, a ilha finalmente está sem os comandos do capitão Britts, e do Tenente Sniths, que fugiu depois de seu comparsa morrer na tempestade. Agora, precisamos derrotar o punhado de marinheiros que sobraram, e então derrubaremos o QG da marinha e faremos desta ilha um lugar independente do Governo Mundial, porém, posso pedir um último favor, Luffy do chapéu de palha?
— Ah, pode.
— Você pode fazer desta ilha, seu território?
Luffy arrumou seu chapéu.
— Tudo bem.— Deu de ombros.
— Você aceita assim tão fácil? Peça pelo menos alguns tesouros em troca!— Nami socou sua cabeça.
— Tragam o sake e a carne! Hoje é um dia de comemorar!Com a música tocando no último volume, e todos comendo ou dançando, a praça da cidade, lotada, homens faziam brindes, crianças corriam por todos os lados, mulheres dançavam e garçons traziam cada vez mais pratos. A trança que Sanji fez em meu cabelo voava com o vento, e nós, dançávamos agarrados, debaixo daquele céu aglomerado de estrelas, e do crepúsculo daquela linda noite.
— Pra quem não estava nem se aguentando de pé, até que você está dançando bem.
— Até se minhas pernas estivessem quebradas, dançaria com você.
Tenho certeza que daqui pra frente não será perfeito, nunca foi, não haveria como ser. Mas, sei que haverá muitos mais momentos bons, isso não é um felizes para sempre; é muito mais que isso.Oi pessoal! Só queria dizer que foi incrível escrever essa fanfic! Foi realmente muito divertido e agradeço ao votos e comentários de cada um de vocês! Muito obrigado e até a próxima fanfic!
(Essa é a música que imaginei eles dançando, que por sinal, é muito boa)
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Freedom Is All I Want- Imagine Sanji
Fiksi PenggemarEstava presa. E não percebia nada. Não ousaria enfrenta-lá. Até que aquele dia em que nós brigamos e eles me mostraram o que é viver de verdade. Posso ter certeza de uma coisa. Viver presa não é viver. A partir de hoje, serei mais livre que os pássa...