Para onde ir?

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Ajudando Dylan a caminhar. Eles saem, emergindo aquela selva silenciosa de destroços e sangue. Neblinas de poeiras estão por todo canto. O relâmpago ainda se é ouvido, e de encontro as pancadas do martelo um metal que parece resistir a elas, com vigor.

No horizonte, pode ser visto aquela pintura ensandecida na loucura. Onde ambos os homens sorriem enquanto suas barbas estão sujas com o próprio sangue. Um fluido que é possível de vislumbrar por boa parte de seus corpos. Thor parece cansado, e com a mão esquerda apoia aquela que sustenta a Mjölnir. O peso daquele martelo alonga seus músculos e rasga as fibras. O esforço que o filho de Odin nunca precisou fazer.

Enquanto a dorsal de Oskar é bem amostra, pois toda sua armadura há sido destruída com os ataques do adversário. Sua pele branca tem tatuagens não conhecidas naquelas terras alemãs.

Aquele homem é violento e diferente.

Mas ainda é um homem.

E acima dos quarenta anos, seu corpo pede para que aquela peleja exaustiva acabe. Mesmo que para isso tenha de ceder sua vida.

— Fica aqui. — Viðga tira o braço de Dylan dos ombros.

O rapaz começa a caminhar tentando ocultar sua presença nas estruturas destruídas. Ele se esgueira enquanto Deus e Homem se enfrentam para decidirem quem está certo acerca do próprio ego.

Oskar tenta espetá-lo com a ponta da arma, doravante, seu cansaço permite uma brecha para um chute forte na boca do estômago. Que faz o general voar como uma bola de feno.

Ele cai sobre alguns escombros — Um deles de madeira. Quando retoma a consciência, vê aquele pedaço de pau atravessado na costela, dificultando a respiração.

E a sua frente, Thor. Carregando naquele braço pesado a Mjölnir. Amarrado a toda força do trovão. Os raios magnetizam no chão e sobem as nuvens puxando-as para um centro em comum. Criando uma zona de chuva acima de Ravensburg.

— É um homem digno de entrar em Valhalla. Melhor do que vi em muitos anos, mas matou meu filho, e pelo que vejo em seus olhos, não pretende parar por aí. — Thor começa a girar o cabo de couro da arma — Tem uma última coisa a dizer.

— Te encontro em Helheim, deus nojento.

— Humpf... Porque desconfiei?

O deus alça o martelo energizado aos céus, fazendo-o receber uma última carga de raio. O relâmpago é tão poderoso que o clarão dos trovões cego a todos. Oskar, com dificuldade, tenta assistir à vinda de sua morte que demora a chegar.

Mas quando consegue ver com mais clareza, percebe que não é chegada a hora.

O general vê aquela espada de faço largo atravessando o peito de Thor.

O Deus vomita sangue, e fragilizado, deixa que seus joelhos e martelo caíssem ao solo. Quando olha para trás, vê aquele que há o golpeado. Um garoto de cabelo prata que ainda segura à espada.

Aos poucos o deus cai, se ajoelhando. Viðga vai à frente do seu ídolo e se agacha, ficando próximos de rosto.

— Venho aqui pedir seu perdão. Por ter feito tal ato.

— Garoto. — Thor ri. — É uma falta de respeito pedir algo assim a um adversário de guerra.

— Thor! — Viðga o abraça, ressentido. Quer chorar nos ombros do Asgardiano — Posso lhe fazer uma última pergunta?

— Sua nobreza te lerda rapaz, fale. Meu corpo está começando a perceber que não possuo mais coração.

— Beadohild. Minha mãe, ela está em Valhalla?

Thor esbugalha os olhos, e começa a rir, uma risada com dentes vermelhos. Parece sádica. — Não creio, você é o Vanir perdido.

"O Vanir perdido?"

— Talvez você se arrependa de ir até lá. — Thor conclui.

O deus desliza o rosto nos ombros do rapaz, até cair deitado ao chão. Aquele último momento, sem respostas, é o fim do dia, com chuva. Todo aquele ambiente, afundado no sangue, começa a ser limpo pela água clara das gotas que caem do céu.

Viðga se mantém sem respostas, e ainda não consegue conceber a morte de Thor. Todavia, ao olhar Dylan contemplando a chuva, pôde interpretar que aquilo não era o fim.

"Talvez você se arrependa de ir até lá."

"E haveria outro lugar ao qual pudesse ir?"

O Cão de ValhallaOnde histórias criam vida. Descubra agora