Dylan tem um olhar focado ao vazio. Seus pés sabem bem por onde andam. Próximo aos elfos, uma tensão destrutiva, e assassina, incorporar sua carne. Com intenções distintas das anteriores. Egill segura um punhal dentro de seu sobretudo, evitando mostrar para não causar alarde.
Assim que chega a frente dos elfos ele para, e olha focado a Velent.
— Viðga... — Ele olha firme ao pai de seu amigo. — Quem matou meu mestre foi Viðga.
Velent não quis expor de emoções.
— E o que você vai fazer a respeito? — Velent o questiona.
— Matá-lo. — Responde, seco.
Dylan vai em direção aos escombros da casa de seu mestre, buscando lá alguma coisa que lhe é de interesse. Velent tenta ir a seu encontro, mas seu irmão o para, permitindo a distância entre eles.
— Deixe-o em paz... tem que entender que ele está machucado. — Egill bebe mais do vinho.
O galês joga pedaços de madeira para ambos os lados, em busca dos resquícios da casa de Fritz. No meio deles, acha algo que lhe purifica um sorriso. O caderno de poesias. Velent observa bem a alteração no estado de humor do rapaz.
Alguém aparece de supetão atrás do morro de escombros. Seus olhos pequenos e curiosos, e um corpo tão frágil que parece um brinquedo bem trabalhado. A criança encara o galês com certa irritabilidade e pacifismo. Tendo medo de falar o que pensa, mas chateado com alguma coisa.
— Sai da casa do meu avô! — grita, e se esconde nos pedaços de madeira.
— Seu avô? — Dylan fica confuso. — Está falando de Fritz?
— O conhece? — o brinquedo fica mais curioso. Deixando suas madeixas pretas saltitarem para fora das placas de madeira.
— Você é... — A voz embarga na garganta molhada de saliva — Mon... Montag?
— Sou sim! — Ele responde, saindo de trás das placas, deixando suas roupas imundas amostras.
Dylan o abraça de imediato. Não o deixando tempo para reagir sobre aquelas ações. Velent vê o poder escuro sumir de seu aliado no mesmo instante. Esboça um sorriso singelo para Egill.
"Desgraçado" pensa o alcoólatra.
A criança fica assustada, mas não consegue se soltar do homem. Para de tentar quando ouve os choros de alívio de Dylan em seu ombro.
— Eu sou amigo de Leona, sua mãe. — Profere.
— Minha... Mãe... — A criança arrasta forte suas unhas no tecido do homem. — Você diz a verdade?
Dylan o solta, rindo do questionamento enquanto limpa o rosto. — Digo. Digo sim. Vou te levar até ela, prometo.
— E meu avô?
A pergunta desestabiliza Dylan, que não sabe como dizer ao menino. Ele se levanta e oferta a mão. Assim que a criança aceita, após bastante receio, ele a encaminha para a floresta, em direção ao jardim de seu falecido pai. Talvez mesmo descrente, Montag já sabe como essa conversa terminará.
— Existe bondade nele. Ainda existe. — Velent diz a Egill.
— Ele está lutando contra si para não ser mal no meio de tanta adversidade, devia confiar mais no rapaz. — Dá um gole no cantil — Mas o problema não é ele, não é? Se Viðga fez isso com certeza irá pagar pelos atos, e o que fará? Apoiará seu amigo matando seu filho? Ou apoiará os erros do filho matando quem busca justiça?
— humpf... — Velent abaixa a cabeça, vendo seu pé afundar na lama — não é algo que quero pensar agora. E também não me parece ser uma resposta da qual terei controle.
Dylan volta com o garoto ao colo. A criança esconde seu rosto no ombro do estrangeiro enquanto as lágrimas descem sobre o rosto.
— Posso fazer uma pergunta? — O galês sussurra no ouvido de Montag. — Como você está vivo?
O menino limpa seu rosto coberto de catarro. Controla o soluço da garganta para poder respondê-lo com calma.
— Como assim? — o encara, prestes a voltar para o choro.
— Sua mãe me disse que você foi para Valhalla atrás de seu pai, e que estava a um bom tempo sumido. Nenhum monstro te atacou? — Dylan chega próximo aos elfos.
— Eu não fui para Valhalla, uma Valquíria me pegou. Ela queria cuidar de mim. — a resposta de Montag deixa todos curiosos, querendo saber a fundo o sentido daquilo. — Ela que me trouxe...
Ele aponta para o limiar do horizonte. Bem atrás da casa de Fritz. Uma Valquíria está sentada sobre alguns destroços. Sua armadura azulada recorda as roupas de Alrune. O seu cabelo castanho como as folhas do outono tecem como um mar de fios até a cintura. As asas, e seu aspecto, cansado, ficam repousadas sob o solo.
Velent endireita sua postura, descrente na presença à frente. Ele dá passos desconfiados, como se o solo fosse desmoronar num sonho. A beleza da amazona não é distinta a ele, pelo contrário. A respiração travada, e a íris trêmula. Indicam que os sentimentos que possui ao ver aquela defensora de Odin já existem em seu corpo há muito tempo.
— Há quanto tempo não nos vemos, Velent — A voz melódica da Valquíria dá arritmia ao elfo.
— Beadohild... — Um sorriso tece em seu rosto — Há quanto tempo...
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O Cão de Valhalla
FantasyA mando de Odin, as valquírias estão contra os homens. Os mortos-vivos. As guerras. Fome. Frio. Tais problemas são explicados pelos xamãs como o início do Ragnarok. Em meio as trevas de uma Alemanha destruída está Dylan. Um galês que desembarcou nas...