Um duelo, polido e belo, está ocorrendo naquele salão. Sem a "magia" que toda mitologia nórdica exerce sob aqueles homens. O ápice do maior dos reinados de Cimbric, está em seu limiar. A lama e a corrupção em cada cidadão são tão entranhados e sufocados que o seu fim está a sua frente.
A cimitarra dança no ar, sem condizer com seu peso. Quando bate ao solo destrói o piso, por plena sorte — ou técnica impecável. — Dylan não permite com que os ataques do rei sejam efetivos. Muitas coisas pesam além da sua arma. A velhice. Os pecados. Tudo está sendo posto numa última balança contra a esperança daquele que tenta destruir. Dylan é distinto da violência do oponente. A espada de Eloen digladia a lâmina pesada. Os golpes que não consegue rebater, o galês desvia, com dificuldade.
O rei demônio ergue mais um golpe. Dylan grita, e cruza as lâminas. O chocar das armas, cria uma drástica mudança de vento no local, enquanto faíscas saem do metal. — Andou treinando cão? — Indaga o rei — Essa habilidade de duelo não se encontra por aí, ainda mais com vikings!
Ele força a lâmina do demônio para cima, e cede a força, deixando-a deslizar por sua espada, e afundar no chão. Com a manopla, soca forte o peito do rei, para que o afaste, mas o demônio não deixa barato. Ele arrasta na cara do galês as penas de ferro acopladas no pulso. O sangue que sai de sua bochecha não doí, mas tem uma ardência incômoda.
— Meu mestre viajou por Britânia, Creta e Ásia. — Dylan se ajeita a base de combate. — Tive com quem aprender.
Niðhad o encara. De início, com espanto no rosto. Despreparado para ouvir aquela resposta. Em seguida, um sorriso malicioso surge sobre as rugas do rosto. Ele ri entre os pigarros que solta. Relaxando sua postura ao ponto de ficar aberto.
— Não é isso meu jovem. — nega com a cabeça. — É esse aspecto que você carrega. O subtítulo de Cão lhe cai bem nesse pesar da vida. — o rei respira fundo. — Falo sobre suas habilidades porque todos os seus movimentos parecem ter objetivo. Como se prezasse por sua vida, coisa que nunca vi fazendo. Deve gostar de alguém por demais para fazer isso... — ele coça a barba — Velent... Meu neto... Seu mestre... É engraçado como algumas pessoas se atrelam a nossa vida e nos forçam a mudarmos de maneira tão drástica. É isso que você quer no fim de tudo?
"O que eu quero?" É um fato que Dylan, após Valhalla, se defrontou a seu ego mais do que o normal. Não apenas ele, mas todas as pessoas importantes em sua vida o fazem questionar sobre suas próprias atitudes.
No fim, aquela espada, com a alma de sua amiga, acaba por representar mais que uma promessa. Também é o marco de mudança em suas atitudes. O galês se pega, mais uma vez, num questionamento que não sabe responder, e pouco faz questão.
Niðhad eleva sua espada na linha lateral da costela e a gira em sua frente. Sendo interrompida pela lâmina do galês. A posição incomoda Dylan. Ele grita para esboçar força, e tirar aquela pressão que às duas lâminas fazem em seu pulso.
Quando se reposiciona desfere uma estocada no peito do demônio. A espada atravessa seu tronco, mas ao perceber que há apenas resvalado no peitoral. Percebe que não há ocasionado o mínimo de perigo contra Niðhad.
"Patético"
É a fala que ele desfere, executando uma cabeçada em Dylan. Por sequência, joga um chute na frente do peito do cão. O demônio estica sua espada ao pico do teto, e a desce voraz.
Dylan consegue segurar aquela arma utilizando de sua espada, mas ele há sentido o golpe por todo seu corpo. O peso da cimitarra faz seus ossos estalarem, e suas pernas sentirem uma pressão latente.
No limiar do restante de suas forças. Joga as espadas para o lado, fazendo-as bater no solo, e desliza sua lâmina sobre a cimitarra. Até que possa, por fim, executar um golpe limpo.
Um corte que rasga superficialmente a barriga do rei.
O homem recua alguns passos, dando a Dylan o direito de respirar perante tamanha pressão. Niðhad fica surpreso. Ele se excita com a batalha. Há quanto tempo não sente dor? Física?
Desde que foi atribuído o subtítulo de demônio. O demônio toca na ferida, e ao ver seu próprio sangue tem um ato distinto dos soldados com quem Dylan lutou ao longo da guerra.
Ele ri.
Num sonoro pausado, que aumenta o som de sua voz. Até se tornar uma gargalhada sarcástica. Niðhad dá mais medo.
— Há quanto tempo não vejo meu sangue... — profere entre seus sorrisos — Não estava pondo tanta fé em ti, rapaz. — Ele segura a cimitarra com as duas mãos. Pondo-se em posição de combate. — Veremos se é capaz de me fazer usar tudo que tenho.
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O Cão de Valhalla
FantasyA mando de Odin, as valquírias estão contra os homens. Os mortos-vivos. As guerras. Fome. Frio. Tais problemas são explicados pelos xamãs como o início do Ragnarok. Em meio as trevas de uma Alemanha destruída está Dylan. Um galês que desembarcou nas...