Dromling

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As criaturas de Valhalla não aparecem mais no caminho do galês. No silêncio das trilhas da floresta o medo os acua, e alerta, a qualquer ataque mirabolante. Algo há cedido passagem para que o rapaz encontre seu inimigo, e seja destruído por suas mãos. Velent, repousa no canto da carroça, ao lado de Montag, que come os pães guardados pelo grupo. O elfo azul observa que seu irmão dá uma pausa ao consumo alcoólico, enquanto admira a paisagem. — uma pausa rápida, já que Egill ama apreciá-la bebendo.

— Esse é o caminho certo?

— Foi o que Loki disse para mim — Egill arrota — não é sempre que se dá para confiar nesse trapaceiro. Mas pela raiva que estava por Odin, duvido ter mentido. Dromling é o destino.

O rapaz assente com a cabeça, confiando em seu parceiro. Volta a olhar para frente, buscando o destino no horizonte.

"Estou indo Leona, espere por mim" pensa, num semblante sério, enquanto atina o cavalo a ir mais rápido a gritos.

Valhalla é um ambiente morto e desolado que ocupa parte da Alemanha oriental.

Ao menos é isso que viram.

Quando põem os pés em Dromling, o conceito é difuso. A beleza das gramas vívidas e árvores robustas contradizem a trilha pútrida e lamacenta qual caminham. Os vikings mortos, servos de Odin, dispõem de lindas vestes de armaduras prateadas e armas de ouro. Tão finas que são um ultraje sujá-las em combate.

Eles treinam uns contra os outros e riem com os seus colegas. Além de se banharem no lago, como guerreiros e amazonas, contentes com a chegada do Ragnarok.

Em especial, esse momento é o marco do olhar confuso de Dylan. Valhalla mostra a ele monstros amedrontadores. Mas ali, todos são saudáveis, vivos, com seus músculos conservados e risadas calorosas.

— Vieram ver Odin? — Um rapaz sai do galho de uma árvore, saltando a frente dos invasores. Aguarda o carroceiro, Dylan, se pronunciar, mas fica esperando por bastante tempo. — São os convidados da lorde Freya, não são?

— Somos! — Velent toma à dianteira, percebendo que seu amigo não está com boas intenções. — Não sabíamos que éramos convidados, mas ela deve ter falado de nós a Odin.

— O pai de todos avisou que haveriam homens que o desafiariam. — O rapaz encara o abismo dos olhos de Dylan — E pelo que vejo não há dúvidas sobre serem vocês. — ele dá alguns passos para o lado, saindo da frente da carroça e se curvar de maneira cortês cedendo-lhes o caminho ao palácio.

Fora do castelo, soldados de Odin curtem seus últimos momentos antes da guerra. Todo o cenário incorpora a beleza que o pai de toda a oferta. No castelo, pedaços de ouro e colunas de cristal fazem o arranjo do palacete distinto de tudo que conhece. Na entrada, uma ponte desproporcional conecta as gramas de Dromling ao palácio.

"Minha Leona... " o pensamento acompanha o galês no trajeto ao portão.

Os viajantes ouvem o soar de uma trombeta atrás de vossos corpos. Quando param para olhar, veem um general montado num cavalo. Os demais vikings se preparam, em fileiras, para marchar. Aos poucos formam um pelotão de milhares de homens, que berram e batem as armas nos escudos e armaduras. Os gritos parecem cantigas agressivas para entrar a guerra. Começam a trotar, rumo ao limiar da floresta de Dromling, indo ao encontro do inimigo.

— Aquele é Heimdall? — Velent questiona.

— Pelo capacete de chifres, é bem provável. — Egill responde — isso só pode significar uma coisa. Estão indo de encontro a outro exército.

Dezenas de valquírias voam, ultrapassando suas cabeças, protegendo os céus dos servos de Odin. Poucas olham para os convidados, mas as que fazem não ligam. Como corpos fadados ao destino.

— Odin é tão confiante assim ao ponto de estar sem proteção? — Velent pronuncia, quase como um erro. Assim que indaga, um raio rasga o céu limpo e cai dentro do castelo, causando um enorme estrondo pavoroso.

— Acredito que ninguém seria capaz de protegê-lo. — Egill bufa — Que merda de vida, se eu vou morrer, é melhor morrer bêbado. — Vira um cantil de vinho, prontificando-se de pegar outro ao canto.

Dylan faz com que o alazão continue a trilha, para que possam chegar dentro do castelo.

Quando ultrapassa o portão, todos descem da carroça. O galês retira todas as peças que fazem a montaria ligada a madeira. Deixando o cavalo livre daquele trabalho árduo.

— cuidou de mim por tanto tempo amigo, agora és um alazão livre. Perdoe-me por arrancar sua liberdade. — O rapaz sussurra, acariciando a cabeça do cavalo e recostando o seu rosto nela.

Ele dá um beijo no equino, antes de virá-lo e dar um tapa em sua bunda para que o faça correr disparado.

— Ei, como a gente vai voltar? — Montag fica perplexo com a atitude do protetor.

Dylan sorri ao garoto, fazendo um carinho em sua cabeça. — Sua mãe é uma Valquíria, ela pode voar pelos céus e te levar a qualquer lugar! Não se preocupe, não precisaremos mais do cavalo.

O garoto acua seus braços, mas aos poucos abre um sorriso em confiança as falas do cavaleiro. Dylan segue a frente dos aliados, tão ansioso que seus passos os distanciam sem perceber. Ele sobe os degraus com velocidade. Sem tropeçar naquele tapete carmesim, ou dar atenção a beleza da paisagem fora das colunas folheadas a ouro. O corredor se expande numa sala.

Um grito infantil, assustado. Quando Dylan se vira, seus aliados não o seguem mais. Espantado, esbugalha os olhos, em busca de conseguir vê-los escondidos em algum lugar. — Velent!? — brada alto — Egill! — seus gritos ecoam, mas não chegam a surtir efeito. Seus amigos não aparecem.

— É inútil chamar por eles. — Uma voz feminina ressoa, e é conhecida aos ouvidos de Dylan.

O Cão de ValhallaOnde histórias criam vida. Descubra agora