— E precisa pedir? — a amazona lambe o lábio.
Ela corre para cima dele, com as mãos nuas. Quando Viðga tenta acertá-la com um corte voraz, tem ciência de que é mais que uma simples amazona. Ela tem a velocidade e poder de um animal enjaulado, e desvia do ataque inocente do príncipe. Estando em seu lado, soca o braço direito dele, fazendo seu corpo se arrastar pelo piso até bater numa das colunas.
— Você ainda é nobre demais Viðga! — insulta Bjorn — E agora? Desloquei seu braço, vai parar?
Ele se levanta, a pressão daquela porrada afeta até os pulmões, fazendo-o cuspir sangue e tontear nas pernas. Quando olha para sua adversária, nada profere. Ele empurra sua palma contra o braço torto, realocando-o. O estalo estridente cria uma excitação vista nos olhos de Bjorn.
O príncipe corre para cima da amazona, com a espada pronta para ferroar. Quando se aproxima, ela ergue sua perna na altura da orelha dele. Viðga olha o chute alto, e abaixa mais ainda sua nuca, tirando o balanço da sua arma e fazendo o ataque passar ao vento. Bjorn é rápida demais, e tem muitos reflexos.
"Como pode, essa desgraçada ser tão forte e tão ágil?"
Ela retira sua outra perna do chão, e encaixa uma joelhada na barriga do príncipe. O som é tão oco que ecoa no silêncio do ambiente. Viðga cai ajoelhado ao chão, seu corpo mal sabe como corresponder àquela sensação amargurada de dor. Ele quer vomitar, mas a própria dor não permite o refluxo do seu estômago. Bjorn o chuta como uma bola de feno, arremessando seu corpo contra outra coluna.
— Bjorn não é uma deusa, mesmo que tenha o poder de uma Valquíria. — Alrune diz ao príncipe. — Acha mesmo que é capaz de mudar o destino dos homens, e dos deuses, com esse poder pífio que está me apresentando?
Viðga consegue vomitar um pouco do sangue acumulado no esôfago — Então por quê... — Doía para falar. Ele está exaurido — Por que aceitou minha revolta?
— Era engraçado ver um humano com tanta vontade... — Alrune dá um sorriso de canto de boca. — Mas isso já me encheu a paciência, está na hora de mostrá-lo o quão inferior você é, neto de Niðhad.
Viðga se apoia contra a coluna sentando seu corpo. Bjorn caminha ao seu encontro, pronta para acabar com sua raça.
"Merda, a Bjorn só pensa em comer, lutar e trepar. Está pouco se importando para o que falamos".
Ela salta em direção num soco fulminante. Ele quer desviar, mas seu corpo não corresponde. A mão dela parece destruir seu peito, e seu coração perde o ritmo quando sente o impacto. Seus pulmões parecem esmagados. O olhar caído demonstra ao príncipe que aquele é o final de uma vida.
"Não é vontade... eu só queria dizer a Alrune que não é vontade..." sua visão embaça enquanto seu corpo amolece. O soco de Bjorn evita-o de cair. "Mas esse tempo todo eu lutei tanto para criar um modelo. Um ambiente sem tantas guerras, ainda sim sou inferior?"
Seu coração bate mais lento.
"É aqui que eu paro?"
Bjorn segura o corpo do príncipe, e dá tapas em seu rosto, mas ele está desacordado. — Alrune, acho que ele morreu. — profere a amazona. — O que fazemos?
— O cremamos — a Valquíria diz, com um tom de desapontamento. — E comemos o leitão.
— Eu queria trepar... — Bjorn faz um bico com a boca, entristecida. — Vai ter que ser convosco!
— Sem problemas. — Bufa.
A amazona, mais contente, fica aliviada pela resposta e começa a se desvencilhar do corpo do rapaz. Algo segura seu punho. O corpo sucumbido de Viðga parece retornar de Helheim como uma assombração. Algo muito diferente emana dele, um poder tão avassalador que amedronta a amazona. Ele sorri, enquanto seu corpo se recupera dos ferimentos.
— Acabamos de começar, Bjorn! — O brilho em seu olhar é vívido, e o poder roxeado que parece sair de seu corpo arrepia o corpo da amazona. Ele segura firme na espada e a ergue, tentando cortar a guerreira de baixo para cima.
— Pare! — Alrune grita, interrompendo de imediato o contra-ataque do príncipe. — Quer matar Bjorn?
Viðga olha para seus atos, e toma conta de si, não querendo fazer aquilo.
— Cruzes! — Bjorn se afasta. — Que sensação cruel foi essa.
— A sensação que eu tanto queria encontrar. — Alrune sorri, e quando chega próximo de Viðga toca em seu rosto.
— Quando você chegou aqui, desacreditado, emanou o mesmo poder. Esse que o faz capaz de controlar os draugs. Mas nunca desencadeou por completo. — Ela o solta, e dá alguns passos para trás. — Não percebe, Viðga? Você é um Vanir! O legítimo descendente de Freya! — Ela ri — Não acredito que existe de verdade! O legítimo herdeiro de Vanaheim!
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O Cão de Valhalla
FantasyA mando de Odin, as valquírias estão contra os homens. Os mortos-vivos. As guerras. Fome. Frio. Tais problemas são explicados pelos xamãs como o início do Ragnarok. Em meio as trevas de uma Alemanha destruída está Dylan. Um galês que desembarcou nas...