"AAAH!"
Um grito brando surge. Antes que os corpos dancem, e façam as pétalas de cerejeiras dançarem no impacto dos ventos. Socos e chutes são rebatidos com palmas e levantamento de pernas.
Dylan tenta desferir fortes socos contra Fritz, mas o sábio pode captar todos os movimentos previsíveis do Cão. Os cruzados são pegos nas palmas enrugadas. Seus chutes param naquelas canelas de ferro do velho.
— A! — reclama em sussurros enquanto manca numa das pernas.
— O que foi pirralho? Cansou-se? Olha que pela cara tem a metade da minha idade. — Fritz sorri em deboche.
— Cala a boca, velho! — Grita Dylan.
O Cão giro sua perna ao ar. Tentando acertar com a parte traseira do pé o maxilar do seu mentor. Fritz é rápido o suficiente para não cair naquele truque traiçoeiro. O idoso giro sua perna no solo, causando uma queda brusca no equilíbrio do pupilo. Dylan cai de bunda no chão.
Doravante, recobra a postura. Voltando a tentativa de consecutivos golpes na faceta de seu mestre. Todo aquele movimento poderoso dos punhos é efetivo para machucar as pétalas.
"Hum..." Fritz está contente. " O som dos socos dele estão mais limpos. — O idoso espera o momento certo, e assim que vê a falha aberta da guarda dá um soco potente nas costelas do aluno. Fazendo Dylan recuar devido à dor.
— Você é forte, mas se esquece de se defender, por isso é fácil de contra-atacar. — Fritz respira fundo, e sai do posicionamento de combate. — Se quer defender os outros têm que primeiro aprender a defender a si mesmo. Não suponha que tudo se resolver na base da violência. Estamos treinando luta para você não matar ninguém.
— Defender a mim mesmo... — Dylan luta para respirar, devido ao cansaço e ao golpe. — É que... Nunca tive que me defender.
— Não se estresse tanto com isto. — Fritz pega a espada de Dylan, jogada no canto do jardim — Tome. — Arremessa. — Saberá o quanto precisa se defender, quando tiver alguém a quem deseja proteger.
Alguém a quem proteger... Ele reflete sobre a fala.
— Desembainhe a espada. — Fritz ordena, enquanto circula a presença do pupilo. — Os humanos têm usados um dos recursos mais eficazes e cruéis para conseguir lutar contras as valquírias. São os artefatos élficos. Ele não é feito com o sangue de um único elfo. O sangue derramado numa caldeira de forja deve ser de centenas. Por algum motivo esta espada conseguiu ser forjada com uma. Imagino que seja pela carga mágica que ela possuía, são raros os elfos envoltos com magia. — Fritz segura no braço esquerdo do discípulo. Ali diversas cicatrizes de mordidas e arranhões permanecem como queloides sobre a pele. — Essa arma aqui carrega magia dentro dela.
— E como eu solto isso? — Dylan fica aflito com o questionamento, mas está animado com a ideia.
— E vá eu saber garoto? Sou elfo por acaso? Só um elfo pode te dizer isso. — Fritz suspira — Por enquanto isso ficará para nós, como uma grande incógnita.
— Então qual é a vantagem nisso? — O rapaz fica descrente e até alivia sua postura após a resposta.
— Ajeita a postura! — Após o grito de Fritz, seu aluno ajeita. — Eu a empunhei. Espadas tem o costume de se adaptar bem a mão do soldado. Algumas em específico, parecem que só ficam boas em certas mãos, essa é uma delas. Demorou em me acostumar à pegada. Por um momento de uso ela começa a emanar seu poder porque a própria lâmina não aguenta tanta carga. É por isso que ela é tão verde. É um fogo verde, e parece queimar bem aquele que toca. Doravante! — Fritz pega outra espada jogada no jardim. — Você precisa saber se portar em combate.
— Para aprender a me proteger?
— Tenha em mente, que caso você morra, não conseguirá defender aqueles que amam. Consegue entender isso? — Fritz se mostra incisivo. — A partir do momento em que morrer, levarão para o túmulo, os desejos, emoções e honra de todos os seus amigos.
Dylan olha frio a seu tutor, e afirma com a cabeça aquela fala que o pega no âmago.
Não morrer.
Fritz grita e com uma pegada de baixo para cima desfere um poderoso golpe no seu aluno. Doravante, por reflexos advindos da guerra. O Cão consegue impedir sua costela de ser decepada.
As falas do idoso podem ser carinhosas e educadoras, mas seus golpes são tão violentos. Por sorte — ou nem tanta — Dylan sabe bem como encarar aquilo. Uma abertura é avistada. Fritz força sua arma e a lâmina do adversário contra o próprio tronco.
Deixando o braço de Dylan cruzado no corpo, numa posição desconfortável. Então chuta a costela do galês tirando o ar, e o empurrando.
Dylan pisca, e outro golpe de espada vem acima de sua cabeça. O movimento de ataque é rápido demais para possuir um contragolpe certeiro. Ele apenas defende seu crânio de ser partido ao meio. A cada defensiva sua espada solta uma chama verde instigante. Já assistida antes, mas nunca compreendida.
— Senhor Fritz... — Diz com dificuldade. — Onde conseguiu tanta habilidade?
— Hora não lhe disse? — Fritz força mais a espada, deixando os músculos de seu aluno exauridos. Assim que sente o desequilíbrio do rapaz tira sua espada de cima e a ataca na lateral.
Desta vez Dylan não consegue interromper o golpe. Sua reação é saltar seu corpo ao chão, tentando ficar de pé o mais rápido possível. Assim que vira para seu mestre é tarde demais. A lâmina dele está próxima de seu pescoço, e qualquer movimento é fatal.
— Viajei muito tempo pelo oriente. — Fritz conclui. — Eles possuem uma filosofia de combate muito mais bela que a nossa. — O idoso larga a espada no jardim. — Vamos comer! Estamos treinando desde as nove da manhã. À tarde teremos leitura, vai ter que ler em público dessa vez?
— Público? — Dylan embainha a espada, e segurou na mão do idoso para que ele não escorregue descendo à terra fofa daquele morro. — Vai me botar para falar em praça pública agora, velho?
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O Cão de Valhalla
FantasíaA mando de Odin, as valquírias estão contra os homens. Os mortos-vivos. As guerras. Fome. Frio. Tais problemas são explicados pelos xamãs como o início do Ragnarok. Em meio as trevas de uma Alemanha destruída está Dylan. Um galês que desembarcou nas...