O mesmo cheiro.

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Viðga sente, aos poucos, seu braço recuperado — o poder de Vanaheim auxiliava-o a se recuperar. — posiciona-se para o combate, mas Heimdallr sinaliza para interromper a batalha sem sentido.

— O que foi? — questiona o príncipe.

— Você conhece as nornas? — Heimdall embainha sua espada, chegando próximo a Viðga, e vendo nele a falta de intenção de combate.

— São as... — O príncipe busca o conhecimento nos estudos quando menor. Nos momentos derradeiros com sua mãe. — tecelãs dos deuses? — pergunta, imaginando estar errado.

Heimdallr dá uma leve risada. — do destino... São as tecelãs do destino. Elas falam pouco com os deuses, pois todos querem saber algo muito derradeiro. Como vamos morrer? — ele olha para a guerra, assim como Viðga. — Elas confidenciaram a poucos sobre o futuro, e passado. Eu, fui um destes. Você nunca foi mencionado, como se sua linha não estivesse tecida no destino. Imaginei aqui, encontrar Loki.

— por que me conta sobre isso? — confuso, olha no abismo das íris verdes do deus.

— Gostaria de saber, como é a mente de um homem que está em descontrole. — Heimdallr sorri. — De alguém que luta por uma crença, sem saber ao seu o final que ela irá dispor.

— Viðga! — um berro soa da planície do morro. O rapaz olha para baixo. Vê um enorme urso sendo montado por uma Valquíria de armadura platina.

Heimdall retira a espada da bainha, enquanto Viðga analisa cada um de seus movimentos. Quando Valquíria e urso chegam próximos, atacando o deus, ele desvia da mordida do animal.

Empurrando, com a cintura, o pescoço do mamífero, e cortando com violência um dos braços da Valquíria. Ela acaba caindo ao chão, gritando de dor, enquanto o urso se desordena e derrapando pela grama.

— Alrune! Bjorn! — Viðga olha Heimdallr, com fúria, e tira sua espada do coldre para cortar o asgardiano.

O de dentes dourados, com sua manopla, interrompe o possível corte, mas mantém-se olhando para a Valquíria.

— Ela não é Alrune. — Heimdallr responde ao rapaz.

A Valquíria, no chão, levanta rindo da afirmação do asgardiano, enquanto segura o sangramento do braço decepado. Ela aos poucos retorna a forma de um homem de cabelos ruivos e nariz fino, com uma roupa verde. Além da energia maligna que o circunda.

— Como sempre, nunca consigo enganar a ti, Heimdallr. — profere.

— Sinto seu cheiro de longe, Loki. — ambos preparam para batalhar um contra o outro.

— Garoto. — Heimdallr chama atenção de Viðga. — Vá ver a berserker. Ela parece precisar de ti.

Viðga olha em desespero para o urso, que perde sua pelugem. Retornando ao corpo amazônico da mulher a quem o príncipe tem tantos sentimentos. Ela está ferida.

Ele corre agachar ao lado dela, vendo os cortes assustadores. Bjorn respira mal, pois sua boca brada borbulhas. O pulmão está preenchido por sangue. A guerreira está vermelha, suja por seus machucados, mas ao olhar o príncipe, sorri.

— Não se esforce! — grita, espantado, com as mãos trêmulas. Uma sensação pior que arrancar a vida de um homem. — Eu... eu vou ajudá-la! Vou tirar você daqui!

— Como sempre... — Ela cospe sangue — nobre... tão chique que nem se acostumou a perder alguém em guerra.

— Não Bjorn, não fala isso... — Seus olhos inundam em lágrimas, ele a toca descrente na fraqueza exposta naquela mulher tão cheia de vigor. — Nós vamos juntos, me ajuda a te tirar daqui!

— Você... — Bjorn fraqueja, entrando num sono profundo. — Você fica lindo quando está chorando.

Ela fecha os olhos. Sua respiração fica fraca. Esvai-se. A mulher está morta. Com uma feição tão bela que nem parece ser a guerreira violenta que conhece há tempos atrás.

Viðga começa a chorar, enquanto desce a testa no braço dela. — Eu te amo, Bjorn. — sussurra, entrementes suas lágrimas. — Eu te amo...

Heimdallr vai a ele, sangue suja toda sua armadura de bronze. Viðga, o vislumbra, vendo no posterior da paisagem o adversário caído. Loki está com a cabeça decepada, tão sujo quanto o asgardiano.

— Não se preocupe rapaz. — ele estende a mão. — Acabou.

Viðga retira a espada do coldre, ferindo ele no tronco, rasgando sua carne. O deus se afasta, espantado com a reação agressiva do príncipe.

— Me deixei enganar a primeira vez... — Viðga o encara, com um semblante mais sério, e violento. — Mas Heimdallr estava certo, seu cheiro é o mesmo, Loki.

O de dentes dourados sorri maquiavélico. Ele toca na própria ferida e leva o sangue para a ponta da língua, se deliciando com o fluido como licor. Ambos se encaram, enquanto o céu fecha num nublado mais escuro que o normal. Uma fina fuligem desce das nuvens, enquanto na guerra, poucos são os de pé.

Aqueles que estão, às vezes, param para olhar o poder que inunda as planícies, do deus, e do descendente de Vanaheim.

O Cão de ValhallaOnde histórias criam vida. Descubra agora